Chegamos de volta na nossa cidade já era noite. Além das minhas economias tenho três milhões na conta e decido agradecer convidando Felipe e a Nath para comer pizza na minha casa.
Em casa, fui tomar banho deixando os dois sozinhos na sala. Era a minha vez de dar uma força para o Felipe.
...
Estou aqui, na sala da minha melhor e única amiga ao lado do seu primo, Felipe. Ele é muito bonito e na verdade eu gosto dele. Ele tem uns olhos verdes maravilhosos, me perco muitas vezes nesse olhar, imagino a cara de boba que faço admirando ele e esse cabelo loiro natural dele é um charme a mais. Ele nada diz, sentando-se ao meu lado.
Ele tem um olhar penetrante, sinto a minha pele queimar. Felipe passa as mãos nas minhas bochechas e quando me dou conta, estamos nos beijando. Encosta os lábios nos meus e a sua língua está deslizando na minha, estou em chamas, sinto um arrepio no corpo, mas eu não quero parar. Esse é o meu primeiro beijo, ninguém nunca se interessou por mim. O que estou vivendo é mágico, não vou esquecer nunca.
Felipe desce as mãos até a minha cintura e eu coloco as mãos no seu pescoço, meus dedos começam a entrelaçar os cabelos curtos dele.
Estou quase perdendo o fôlego, quando Felipe começa a afastar os lábios dele dos meus. Ele me dá alguns selinhos e se afasta um pouco, ainda com as mãos na minha cintura:
- Nath! Me desculpa.
Como assim desculpa? Será que ele se arrependeu? Começo a me sentir triste. Como numa montanha russa, ora estou feliz e numa fração de segundos me sinto triste, infeliz.
- Felipe...
- Eu não deveria ter te beijado, mas é algo que já estava querendo desde que te vi.
- Eu também... Digo sem conseguir olhar para o Felipe.
- Sabe, gostaria de passar mais tempo com você, podemos nos ver amanhã?
- Sim! Digo com convicção. Preciso contar isso para a Allana, obrigada meu Deus! O Felipe é um gato.
Logo voltamos a nos sentar de forma comportada, conversamos enquanto aguardávamos as pizzas e o retorno de Allana.
A campainha toca e pegamos as pizzas, Allana desce na sequência.
...
Ontem foi um dia muito agradável. Felipe me ajudou muito, tenho certeza que ele não está de conluio com a Dona Mercedes. Pelo menos nele posso confiar. Estou aqui preparando o meu café da manhã, recolho a mesa e deixo tudo limpo. Chamo o carro por aplicativo e logo estou no hotel.
Durante o trajeto só penso que infelizmente vou ter que adiar o meu sonho de ser advogada.
Chegando no hotel vou direto para o escritório, lá encontro o senhor Arnaldo. Ele me olha com cara de preocupação e diz:
- Bom dia, senhorita Perez!
- Bom dia, seu Arnaldo! Como foram as coisas aqui durante a minha ausência? Pergunto logo me sentando.
- Nada bem... Não tivemos nenhum hóspede e ainda chegaram essas notificações.
Olho para as notificações e são cobranças de faturas vencidas há mais de três meses, eram os fornecedores cobrando. Somei todos os valores e tudo chegou a cifra de um milhão e oitocentos mil reais. Aí tem! Como pode um hotel que não tem hóspedes ter gastos com tantos produtos, certeza que é mais um desvio do senhor Duarte. Só que tenho ciência que preciso ir até uma delegacia de polícia denunciá-lo, só que os fornecedores não vão esperar a solução das investigações, eles querem receber. Agora eu também começo a me preocupar, não deve ser só isso, será que o hotel tem mais dívidas?
- Seu Arnaldo, não se preocupe! Vamos resolver isso, tenho algo em mente. Precisamos reabrir o restaurante do hotel com máxima urgência, precisamos de uma fonte de renda rápida e segura, além disso tenho certeza que a reabertura atrairá mais hóspedes e também reuniões com executivos que visitam a nossa cidade. Quanto funcionários temos?
- Então... Quando a senhorita demitiu o senhor Duarte só restaram cinco funcionários contando comigo.
- Pois eu quero o nome dos outros quatro, serão os primeiros a serem recompensados pela lealdade. Agora dê a ordem para fechar temporariamente o hotel e reúna todos no espaço que era do restaurante.
E assim fez o senhor Arnaldo. Todos já estavam no restaurante, fui comunicada e logo desci para encontrá-los.
Não sei exatamente de onde estou tirando tanta calma para resolver tudo. O sonho de pagar a dívida parcial no banco agora parece bem distante.
Entro no salão e vejo os olhares ansiosos dos funcionários. Devem estar pensando que vou demiti-los. Começo dizendo:
- Bom dia! Já devem saber que sou Allana Menezes Perez, a dona do hotel. É de conhecimento de todos que a situação do hotel não é das melhores e eu não nego. Eu quero muito reerguer o hotel e transformá-lo no hotel mais fino e requisitado dessa cidade, posso contar com vocês?
Um deles se levanta e diz:
- Senhorita, estamos sem receber o salário desse mês e temos as nossas obrigações.
Franzo o cenho, ainda mais essa, esse Duarte vai ter o que merece. Mas preciso agir antes que esses quatro também decidam pedir demissão:
- Como se chama?
- José Leite.
- José, mais tarde você e seus colegas podem passar no escritório, vou providenciar o pagamento do salário de todos.
Vejo os quatro me olhando com entusiasmo. Prossego:
- Qual a sua função aqui?
Seu Arnaldo intervém:
- São todos da equipe de housekeeping.
Estamos muito mal, não temos um segurança e nem serviço de hostess. Quantos problemas.
- José, o que sabe fazer?
- Sei cozinhar também.
- E os demais?
Eles respondem que só sabem fazer limpeza. Eu digo:
- Preciso reabrir o restaurante, preciso de pessoal na cozinha e de garçons, acham que podem dar conta disso. Prometo que serão recompensados futuramente.
Todos concordam em me ajudar. O seu Arnaldo busca um cardápio antigo do restaurante, revisamos os pratos, alguns decido retirar do cardápio nesse momento, não tenho tanto dinheiro para gastar com produtos perecíveis, então peixes nesse momento nem pensar. Mantenho o prato que é feito com lagosta e os demais. Todos dão opinião e eu aceito todas. Me admira muito José Leite, ele me diz que trabalhava na cozinha e que quando o restaurante fechou ele ia ser demitido, mas foi realocado para os serviços de limpeza. Deixo todos limpando o salão e vou com o senhor Arnaldo comprar os produtos para a cozinha. Gastamos muito, mas estou apostando que essa reabertura será a salvação do hotel.
Chegamos, tudo está limpo, toalhas lavadas, cortinas em bom estado de conservação, algumas cadeiras estavam em péssimo estado de conservação, foram guardadas no almoxarifado. Diminui o número de mesas disponíveis, jamais ia dar motivo para debocharem do hotel.
Me lembro que a mãe da Nath é cozinheira e decidi chamá-la, ela aceitou prontamente e a Nath decidiu vir dar uma ajuda também, logo chegam acompanhadas de Felipe, que diz:
- Prima, por que não me disse nada antes?
- Foi tudo muito rápido, nem tive tempo de pensar, foi uma reação instantânea.
- Bem, posso divulgar a reabertura do restaurante?
- Ainda não, vou reabrir amanhã.
- Mas seria ótimo divulgar antes.
É verdade, não pensei nisso, só que temo que o Duarte me apronte mais surpresas. Não quero contar para o Felipe quem é a mãe dele e o seu envolvimento com o Duarte.
- Felipe, imagino que o hotel deva ter uma lista de clientes VIP, quero mandar um convite especial só para eles, algo bem reservado.
- Ótima ideia, vou providenciar e depois reabre para o público.
- Isso!
Assim José e a Dona Rosa (mãe da Nath) começam a traçar planos para executar o cardápio, eles me dão certeza que conseguem a reabertura para amanhã.
Os demais começam o treinamento, numeram as mesas para facilitar no momento de anotar os pedidos e servir na mesa certa.
Estão todos dando o máximo de si com entusiasmo. Eu vejo que o senhor José me olha com confiança. Isso me alegra.
Depois de tudo organizado, fomos para o escritório para que eu fizesse o pagamento de todos, acertei os proventos e depois ordenei a reabertura do hotel, como esperado, somente aparecem clientes acompanhados de garotas vulgares, como dei ordem para não hospedar, tive problema, um cliente começou a se alterar e logo fui chamada:
- Esse incompetente não quer me dar um quarto! Exijo falar com o gerente.
- Aqui estou! Digo com firmeza.
- Garota, pare de brincar! Exijo o gerente, eu quero um quarto.
- Já disse que eu sou a gerente e o incompetente aqui - digo apontando para o recepcionista - está cumprindo ordens. O senhor não pode se hospedar aqui acompanhado dessa senhorita.
- Ah! Que palhaçada, por isso estão falidos! Eu quero um quarto.
- Ok, eu mesma farei a reserva. Documentos?
Eles me entregam.
- Fica dez mil reais uma noite.
- O quê?
- Isso mesmo.
O homem sai batendo o pé irritado.
O próximo a entrar é um Oficial de Justiça, me entrega uma citação, o Duarte processou o hotel e está pedindo uma fábula de indenização.
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Atualizado até capítulo 35
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