Estou na frente de uma das pessoas mais importantes da minha vida, o senhor José é como se fosse da minha família. Essa lojinha foi o meu refúgio, aqui escapei da frieza e da solidão que sentia na casa do tio Antônio.
Atendia os clientes do senhor José, limpava a loja e fazia de tudo um pouco, nas horas vagas ficava estudando atrás do balcão.
Seu José me pagava pouco, mas para mim era importante receber alguma coisa.
Hoje estou aqui para me despedir de alguém que me deu carinho, tenho-o como se fosse meu avô.
Tenho que ter coragem e fazer isso.
- Seu José, eu acabei de completar 18 anos e eu preciso tomar conta dos negócios do meu falecido pai... - Meu Deus, como é difícil fazer isso - Eu vim aqui lhe agradecer por me deixar trabalhar aqui durante esses três anos, mas agora preciso assumir uma responsabilidade maior...
Já começo a chorar e abracei bem forte o Seu José.
- Minha querida! Eu já imaginava que esse dia chegaria, você é muito jovem e tem um futuro pela frente, eu sou apenas um velho.
- Não diga isso Seu José! Eu ficaria aqui de bom grado, mas eu preciso salvar os negócios do meu pai.
- Não se preocupe, eu entendo.
Ele vai até o quartinho dele e volta com um saquinho na mão.
- Filha! Não é muita coisa, mas eu quero que fique com isso.
Vejo que é dinheiro, o seu José é um aposentado muito humilde, sei que a sua aposentadoria mal dá para pagar os seus gastos, não posso aceitar.
- Seu José, não posso e não devo aceitar!
- Ora menina! Eu quero lhe dar esse dinheiro, essa é uma das vontades desse humilde velho, vamos aceite sem discutir, você nunca discutiu comigo!
Esse seu José sabe dobrar uma pessoa. Sem opção eu pego o saquinho
- Obrigada! Mas sabe que não precisava?
- Ora, ora, menina! Querendo me dar sermão!
Nós dois rimos e nos abraçamos mais uma vez.
- Prometo que venho ver o senhor!
- Tá bom! Eu sei que logo logo vai esquecer esse velho.
- Não vou! Respondo sem titubear.
Seu José me dá um sorriso simpático e eu vou, saio dessa lojinha com o coração apertado, deixando bastante saudade do seu José, mas agora vou à luta!
Chego em casa e vou tomar um banho, isso é o que eu quis fazer desde que aquele imundo colocou as mãos em mim, e quem será aquele rapaz, pena que eu sai correndo e nem agradeci. Se ele não tivesse aparecido o que teria sido de mim?
Fui para a cozinha, sobrou umas coisas que a Matilde fez e eu só esquentei para comer um pouco.
Enquanto comia, pensei em algo. Tenho muita dúvida, mas não tenho mais em quem confiar. Liguei para o Felipe.
- Felipe?
- Tudo bem, Allana?
- Sim, me disse ontem que se eu precisasse iria me ajudar, bem... agora preciso de ajuda.
- Como posso ajudar?
- Preciso de ajudar para avaliar um imóvel e vendê-lo, como você está se formando engenheiro, pensei que seria a pessoa ideal.
- Claro que posso ajudar, mas vai vender a casa que era dos seus pais?
- Não, trata-se de uma propriedade no litoral. Tenho urgência nisso.
- Olha, hoje eu não posso, mas amanhã consigo me organizar e tiro o dia para resolvermos isso.
- Ótimo!
- A sua amiga também vai?
- A Nath? Ainda não falei com ela, mas posso ver se ela pode ir conosco.
- Seria bom, me alegra a ideia!
- Felipe, não quero ver a minha amiga sofrendo!
- Allana, não sou nenhum calhorda, sou um homem de verdade! Eu gostei sinceramente da sua amiga.
- Vou ver o que posso fazer por você. Digo dando uma risadinha.
- Então, até amanhã às 6h?
- Combinado, até amanhã!
Desligo e ligo para a Nath que aceita ir conosco.
Agora, aqui sozinha nessa casa sinto um vazio muito grande, uma tristeza, mesmo que sentisse mágoas da Dona Mercedes, do Fábio e da Fernanda, pelo menos tinha alguém para conviver. Tudo bem, depois do que eu descobri, não ia conseguir conviver com a traidora da Mercedes.
…
Estou caminhando no parque, o dia está muito bonito, um céu azul quase sem nuvens, ouço o canto dos pássaros, um cachorro latindo e me distraio observando um lago, as águas tranquilas me acalmam. Olho em volta e estou sozinha, não vejo ninguém, de repente sou agarrada por um homem muito velho, ele começa a me agredir, rasgou a minha roupa e me deixou nua.
Começo a gritar e me debater.
...
Acordo gritando e me debatendo no sofá.
Isso foi só um pesadelo, repito várias vezes.
Vou até a cozinha e preparo um chá de camomila, ligo a TV e assisto um programa de comédia. Logo vou me distraindo e pego no sono mais uma vez.
Acordo às 4h da manhã com muitas dores, já que dormi de mal jeito no sofá.
Subo para o meu quarto, só para tomar banho e separar os documentos da casa de praia.
Tomo meu café e logo ouço a buzina de um carro, era o Felipe. Fecho a casa e vamos buscar a Nath.
Durante toda a viagem, Felipe e Nath conversam animadamente, até se esqueceram que estou aqui, pareço invisível e que eles estão indo para a praia como um casal.
Não houve nenhuma intimidade entre eles, mas a conversa dos dois mostra muita sintonia.
Logo chegamos. Abro a casa e Felipe começa a medir cada cômodo, vai anotando tudo, observa todas as benfeitorias e o estado de conservação. Logo ele me fala sobre o que me interessa, números:
- Allana, está precisando de dinheiro? Eu tenho algum dinheiro guardado, posso te emprestar.
- Felipe, preciso vender essa cada com urgência, já é para pagar um empréstimo, não posso pagar um e dever outro, não faz sentido.
Felipe me olha pensativo e diz:
- A minha avaliação chega a dois milhões e oitocentos mil reais.
Fico pensando na avaliação do banco. A avaliação do Felipe é bem mais vantajosa, afinal são mais um milhão e trezentos mil reais a mais. Agora tenho outro problema, a venda. Felipe me tira dos meus pensamentos.
- Allana!?
- Ah! É... Isso é maravilhoso, mas preciso vender o quanto antes essa propriedade.
- E por que não vamos até uma imobiliária? Questiona Nath.
- Isso é o ideal. Diz Felipe.
- Então, vamos, mas não conheço nada aqui.
- Que tem boca vai à Roma! Diz Nath e o Felipe ri.
Fomos até uma imobiliária localizada no centro da cidade. Por sorte já tinha ido um interessado pelo imóvel do meu pai perguntar se estaríamos aceitando proposta, mas ninguém sabiam da minha existência, então ficaram com o telefone desse senhor, que foi contatado e fechou negócio por telefone, ele está tão interessado que comprou por três milhões.
A minha felicidade é grande, faltam apenas dois milhões para quitar a dívida.
Vou reerguer o Hotel Perez e ainda vou comprar novamente a casa de praia do meu pai.
Vou lutar como uma Menezes Perez!
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Atualizado até capítulo 35
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