O Dr. Olavo, mais conhecido como meu pai, me convenceu a dar expediente diariamente no período matutino no escritório da Construtora, tem sido muito bom estar com o meu pai, aqui aprendendo tudo como gerenciar a empresa. À tarde vou para o meu escritório.
Está sendo mais fácil do que imaginei.
Fiz uma proposta para Sabrina, estou pagando a faculdade de direito para ela, que está estudando à noite e durante o dia fica como minha estagiária.
No início, quem ficou muito bravo comigo foi o Marcelo, porque agora ele não pode arrumar desculpas para flertar com a pobre moça. Só que Marcelo leciona na mesma faculdade que Sabrina estuda e como está dando aulas para ela em duas matérias, já até me agradeceu. Me disse que anda dando carona para a moça.
Não estou gostando muito disso, mas Sabrina é maior de idade e tem que fazer as escolhas certas na vida.
....
Aqui estou no escritório do papai, dividimos a mesma sala. Só que eu já peguei o velho cochichando algumas vezes.
Não posso falar, ele fica furioso. Um dia eu o acomodei no sofá, quando acordou eu quase levei uma surra.
Realmente, sei que a aposentadoria do famoso Dr. Olavo Queiroz está próxima. Jamais irei sugerir isso, a vida do meu pai está nessa empresa, ele ama tudo isso mais que a vida.
Percebi que o seu humor melhorou com a minha presença.
Criei uma nova rotina, levanto mais cedo para fazer os meus exercícios, chego aqui no horário que o papai gosta - primeiro de todos - resolvo as pendências, acompanho as obras e reviso os orçamentos, almoço com o papai e vou para o meu escritório, tenho ficado lá até tarde, mas tudo bem. Não tem ninguém me esperando em casa mesmo.
Um dia, papai entra na sala com uma pasta na mão, muito feliz, começa dizendo:
- Acho que agora teremos a oportunidade que aguardo há anos. Veja!
Ele me entrega uma pasta. Trata-se do Hotel Perez. Começo a examinar o conteúdo e digo:
- Eles estão praticamente falidos, o que temos com isso?
- Como o que temos com isso moleque! Você conhece o Hotel?
- Aquele mausoléu?
- Garoto, bateu a cabeça com força! Acorde, aquele edifício vale milhões e podemos fazer um bom trabalho e ganhar muito dinheiro com isso.
- Afff, não vejo como! Primeiro, as dívidas? Vão sumir num passe de mágica? Segundo, o que faremos com um prédio daquele tamanho, com quartos com lajes de quase 200 metros quadrados, quando estamos na era dos estúdios e apartamentos de 40 metros quadrados? Só enxergo prejuízos.
- Garoto, você não está aprendendo nada aqui? Aquele hotel, se colocarmos para funcionar novamente ficaremos multibilionários. Pagaremos as dívidas, negiciaremos a preços baixos e vamos transformar aquele hotel na principal atração da cidade, como nos tempos do Sr. Manfred Perez.
- Com tanta modernidade, que vai querer serviços dos tempos das cavernas?
Dessa vez papai não disse nada, só me olhou feio, essa foi a dica para eu parar de falar besteiras.
- Bem, o que vamos fazer agora?
- Acabei de saber que a neta do Sr. Manfred recebeu a herança ontem, procure por ela e vamos negociar a compra do hotel.
- Ah! Isso é moleza!
Papai jogou o teclado do computador em mim.
- Em que mundo você vive? Conheceu os Perez? Eles vão lutar até a morte por aquele hotel, assim como essa empresa é a minha vida, aquele hotel é o bem mais valioso deles, e, em breve será nosso.
Agora ninguém precisa me olhar feio e nem me agredir, sei que é hora de me calar. Estou inconformado, para que precisamos daquele prédio velho e ridículo localizado no centro da cidade. Se estivesse sob o meu comando decidir o futuro daquele edifício seria demolição, sempre achei aquele prédio horrível.
Mas vou fazer a vontade do papai, espero que ele esteja certo e que isso não seja perda de dinheiro e de tempo.
Começo a analisar a pasta, não será tão difícil adquirir o hotel.
Algo me chamou a atenção no meio dos documentos, um dossiê com a história da família Perez, desde a chegada deles no Brasil, a inauguração do hotel, fotos do prédio original e fotos do prédio novo, os donos dos hotéis e finalmente chego no nome que conheço Dr. Antônio Perez. Ele é um dos melhores advogados da velha guarda, tem muita experiência, já perdi um caso para ele. Como pode essa raposa velha ter deixado o hotel falir? A decadência do hotel se dá graças à sua gestão. Isso não consta do dossiê, o que ele fez ou o que ele não fez para que o hotel estivesse nessa situação? Tem mais informações, ele não é herdeiro de Manfred Perez, é apenas um sobrinho. Só esteve sob o comando do hotel porque era tutor da atual herdeira, Allana Perez. Leio todas as páginas e não tenho nenhuma informação a respeito da herdeira.
Começo a pensar em como posso localizar a senhorita Perez.
Chamo o senhor Vilar, é o secretário de assuntos gerais da construtora, imediatamente ele entra na sala:
- Me chamou senhor?
- Sim, preciso de informações complementares sobre a senhorita Allana Perez.
- Senhor, tudo o que consegui está nessa pasta.
- Não é possível, essa garota tem que ter passado pelo sistema de saúde do nosso país, por escolas, deve ter documentos, passaporte, tem que ter alguma coisa que nos leve a ela.
- Senhor, podemos fazer uma tentativa.
- Tentativa?
- Sim, o filho do Dr. Antônio Perez trabalha aqui.
- E por que não falou com ele?
- Seu pai me pediu sigilo, somente eu, o senhor e o seu pai sabemos da situação do hotel.
- Entendi, e onde eu posso localizar ele?
- Ele trabalha aqui como estagiário de engenharia civil, seu nome é Felipe Perez.
- Quero saber cada passo desse rapaz.
- Sim, senhor. Algo mais?
- Não, Vilar já pode ir.
Isso me preocupa, conheço Antônio Perez, não ia colocar a sua cria aqui à toa. Preciso ficar de olho nesse rapaz.
.....
Depois do almoço decido não ir para o meu escritório. Liguei para Sabrina e ela me disse que não tinha nenhuma reunião e eu não tenho casos novos para analisar, pela primeira vez me dei folga e dei folga para a Sabrina também com a promessa de nos vermos amanhã.
Estou caminhando pelas ruas. Passei em frente ao Hotel Perez, está parecendo até propriedade abandonada.
Próximo do hotel tem um parque. Eu e Fernando vínhamos muito aqui quando éramos crianças.
Eu entrei no parque, continua lindo como na minha recordação. Avisto o prédio do hotel.
De fato, de longe tem uma bela estrutura arquitetônica. A sua aparência anos 70 tem o seu charme. Agora estou até parecendo o meu pai.
Essa caminhada está me fazendo bem. Parece que encontrei paz nesse parque. Saio dessa dessa calmaria ao ouvir gritos.
Corro na direção deles só para ver uma jovem sendo agarrada por um velho.
Ele já tinha rasgado a camisa da jovem moça e estava tentando levá-la para um lugar mais afastado.
Por impulso eu afasto o homem de estatura média e fora de forma para longe da moça e dou-lhe um chute no peito.
O homem cai no chão, tenta se levantar sem êxito.
A jovem sai correndo deixando a sua bolsa para trás, pego a bolsa e corro atrás dela.
Ela tem uma estatura mediana e eu com um 1,85m consigo alcançá-la sem esforço. Pego em seu braço e ela começa a gritar novamente:
- Hey, calma! Aqui está a sua bolsa.
A bela morena me olha nos olhos e vejo que estão vermelhos, além disso ela tem uma marca no rosto que indica que aquele verme bateu nela.
Enquanto me distraio com a sua beleza, ela pega a bolsa e sai correndo.
Dessa vez decido não ir atrás.
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Atualizado até capítulo 35
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