18 CAPÍTULO

– Ecos do Passado e Gritos do Futuro

A chuva ainda caía sobre o terreno demolido, mas agora parecia menos intensa, como se a própria tempestade estivesse em compasso de espera. O grupo — Isabela, Gabriel, Camila, Letícia, Rafael e Beatriz — se encontrava disperso em meio às ruínas, tentando recompor o fôlego e os nervos depois dos últimos acontecimentos. As velas continuavam acesas no círculo de proteção, tremeluzindo a cada rajada de vento, e o cheiro de ervas queimadas impregnava o ar úmido.

A Calmaria Após o Caos

Isabela apoiou as mãos nos joelhos, respirando com dificuldade. Sua mente fervilhava com lembranças do passado, da morte que sofrera e do milagre de estar ali novamente, encarando forças que ultrapassavam a lógica humana. O abraço rápido de Gabriel, momentos antes, ainda lhe trazia uma sensação de calor, contrastando com o frio que penetrava seus ossos. Ela levantou o rosto e o encontrou, a poucos passos de distância. Ele mantinha os olhos fixos nela, preocupado, mas também aliviado por estarem vivos.

Camila, por sua vez, tentava ajudar Letícia a organizar os objetos rituais. Seus dedos trêmulos recolhiam os cristais espalhados pelo chão lamacento. A pesquisadora ainda segurava o amuleto, que agora exibia um brilho suave, quase imperceptível, como se tivesse drenado muita energia para repelir a criatura. Ambas trocavam olhares tensos, cientes de que aquela vitória era apenas parcial — as forças que enfrentavam poderiam voltar a qualquer momento.

A Tensão Entre Rafael e Beatriz

Mais afastados, Rafael e Beatriz pareciam presos em um diálogo silencioso, um misto de medo e ressentimento. Ele mantinha o maxilar tenso, a expressão endurecida por um ódio que parecia crescer a cada segundo. Beatriz, com os cabelos grudados no rosto molhado, tentava dizer algo, mas hesitava ao encarar a fúria contida nos olhos de Rafael. Ela entendia que, de certa forma, tudo aquilo era fruto das ambições e escolhas erradas que haviam feito juntos.

— Isso não pode continuar assim, Rafael, — Beatriz sussurrou, finalmente reunindo coragem para falar. — Essa… essa coisa quase nos matou. E se ela voltar mais forte?

Ele rangeu os dentes, desviando o olhar para o círculo onde Isabela e os outros se reuniam. — Eles não vão me derrubar tão facilmente. Se é preciso lidar com monstros para proteger o que é meu, eu lidarei.

— E se você não estiver mais no controle? — Beatriz retrucou, baixinho. — Talvez nunca tenha estado, na verdade.

A expressão de Rafael se contraiu, como se ela tivesse tocado em uma ferida aberta. Aquela incerteza — a possibilidade de não ser mais o senhor do próprio destino — o corroía por dentro, mas ele não admitiria isso em voz alta. Não ali, não diante de todos.

As Sombras do Lugar

A cada relâmpago que cortava o céu, os escombros do antigo colégio projetavam formas assustadoras no solo, lembrando esculturas macabras. O vento soprava através das paredes derrubadas, produzindo uivos que soavam como lamentos de almas perdidas. Camila, de tempos em tempos, lançava um olhar apreensivo para aquelas aberturas escuras, temendo ver novamente algum vulto ou criatura surgindo para atacá-los.

Letícia, notando o medo da amiga, colocou uma das mãos em seu ombro. — Fique calma. Por ora, afastamos aquela presença. Mas precisamos decidir logo nosso próximo passo.

Camila assentiu, engolindo em seco. — Você acha que… conseguimos enfraquecer o pacto de Rafael?

A pesquisadora franziu a testa, os olhos voltados para o amuleto quase apagado. — É possível que sim, mas sem um ritual completo, não temos garantias de que o selo seja definitivo. Precisamos de um lugar mais seguro para realizar o que falta, e de tempo para recarregar as energias que gastamos aqui.

Confronto e Decisões

Gabriel se aproximou de Isabela, tocando de leve em seu braço. — Como você está?

Ela respirou fundo, sentindo a adrenalina ainda pulsar em suas veias. — Estou viva. Isso já é muito mais do que tive na outra vida.

Ele sorriu de canto, admirando a coragem que ela demonstrava. — Se não fosse por você, todos nós já teríamos sucumbido.

Antes que pudessem continuar a conversa, Rafael se aproximou, com Beatriz a reboque. — Isso ainda não acabou, — ele disse, cruzando os braços. — Você me chamou aqui para acabar comigo, mas esqueceu que não estou sozinho. E pelo que vi, vocês também não são tão fortes quanto pensam.

Isabela ergueu o queixo, tentando não se deixar intimidar. — Não chamei você para te destruir, Rafael, e sim para acabar com essa loucura. Você mexeu com forças que não entende. Agora, todos nós estamos em perigo.

— Perigo esse que você também causou, Isabela! — ele rebateu, os olhos faiscando. — Se não tivesse voltado do inferno, nada disso estaria acontecendo.

Ela sentiu um aperto no peito, recordando-se de como realmente havia morrido por culpa de Rafael. Mas, ao mesmo tempo, não podia ignorar que sua reencarnação trouxera eventos ainda mais estranhos. — Não fui eu quem fez um pacto. Só voltei para corrigir meus erros e lutar pela minha vida.

O Fio de Romance em Meio ao Horror

A tensão entre Isabela e Rafael estava prestes a explodir, mas Gabriel se colocou entre eles, seu olhar firme transmitindo um aviso silencioso para que não chegassem às vias de fato. Nesse instante, um relâmpago iluminou o rosto de Isabela, destacando a determinação que ela trazia nos olhos. Gabriel sentiu o coração acelerar, reconhecendo naquela força algo que o atraía de maneira quase incontrolável.

— Vamos todos sair daqui, — Letícia sugeriu, colocando-se ao lado de Camila. — Precisamos de um lugar menos exposto para decidirmos como finalizar esse ritual. Se ficarmos aqui, corremos o risco de mais criaturas aparecerem.

Rafael lançou um último olhar de desprezo para Isabela, mas concordou com um aceno de cabeça. Beatriz, mesmo assustada, não largava seu braço, temendo que ele perdesse o controle ou fosse dominado por algo pior.

Camila recolheu as velas e os cristais, e Letícia guardou o amuleto com cuidado. Gabriel, aproveitando a trégua momentânea, estendeu a mão para Isabela, que a segurou sem hesitar. Em meio ao cenário desolador, com trovões retumbando e a chuva persistente, aquele simples gesto carregava a promessa de um apoio mútuo que se tornava cada vez mais forte — e, quem sabe, de um sentimento nascente que sobreviveria até ao inferno.

E assim, com as sombras do passado ainda rondando e a ameaça do desconhecido pairando sobre todos, o grupo deixava o terreno demolido rumo a um destino incerto. Mas, em meio à escuridão, pequenos laços se formavam, provando que a esperança pode florescer até nos cenários mais sombrios — e que, às vezes, a salvação pode vir de onde menos se espera.

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