O Sussurro das Sombras
A escuridão da madrugada envolvia a cidade como um manto espesso, abafando os sons e tornando cada sombra mais ameaçadora. O silêncio parecia respirar, denso e inquietante, carregando consigo uma promessa de perigo iminente. Isabela caminhava pelas ruas desertas, sentindo a presença de algo—ou alguém—oculto na penumbra. Seu coração batia forte, mas sua expressão permanecia inabalável.
Gabriel dirigia com as mãos firmes no volante, os olhos atentos ao retrovisor. "Tem certeza de que quer fazer isso agora?" Sua voz era baixa, mas carregada de preocupação.
Isabela assentiu. "Não há mais tempo. Se esperarmos, Rafael pode encobrir ainda mais seus rastros. Precisamos agir antes que ele perceba que estamos mais próximos do que nunca."
O carro deslizou suavemente até parar diante de um prédio antigo e abandonado. As janelas quebradas refletiam a luz trêmula dos postes, enquanto um vento gelado assobiava pelos corredores vazios. Ao longe, um gato preto cruzou a rua em um salto ágil, desaparecendo na escuridão.
Isabela desceu primeiro, sentindo o chão frio sob seus pés. Gabriel veio logo atrás, seus passos ecoando pelo corredor estreito. O cheiro de mofo e ferrugem impregnava o ar, e cada porta semiaberta parecia esconder segredos há muito esquecidos.
De repente, um rangido interrompeu o silêncio. Isabela parou abruptamente, seus olhos varrendo a escuridão. "Você ouviu isso?" sussurrou, o corpo tenso como uma mola prestes a se soltar.
Gabriel sacou o celular, iluminando a passagem estreita. "Estamos sendo seguidos."
Antes que pudessem reagir, um vulto emergiu das sombras e uma lâmina brilhou no escuro. Gabriel se moveu rápido, puxando Isabela para trás no último instante. O golpe cortou o ar com um assobio mortal, atingindo a parede de cimento atrás deles. O atacante recuou um passo, sua respiração ofegante e carregada de intenção assassina.
"Quem é você?" Isabela perguntou, a voz firme apesar da adrenalina pulsando em suas veias.
O homem riu baixinho, um som seco e ameaçador. "Vocês não deveriam estar aqui. Voltaram para o inferno e trouxeram os próprios demônios."
Os olhos de Isabela se estreitaram. "Se estamos no inferno, então você deve ser um dos servos de Rafael. Ele te mandou para nos silenciar?"
O O homem inclinou levemente a cabeça, um sorriso quase imperceptível curvando seus lábios. "Silenciar? Oh, minha querida... eu sou apenas o primeiro aviso. E acredite, os próximos serão muito piores."
Antes que Gabriel pudesse avançar, o estranho recuou para a escuridão com uma rapidez assustadora, como se a própria sombra o tivesse engolido. Um frio cortante invadiu o ambiente, deixando o ar pesado, quase irrespirável. O cheiro de ferrugem e umidade se intensificou, e por um instante, Isabela teve a estranha sensação de que algo a observava além do véu de trevas.
Gabriel tocou de leve no ombro dela, mas sua mão estava gelada. "Precisamos sair daqui. Agora. Não estamos lidando apenas com homens comuns."
Isabela respirou fundo, sentindo o peso da tensão em cada músculo de seu corpo. Seus olhos se fixaram na escuridão à frente, onde as sombras pareciam se mover por conta própria. Algo estava prestes a acontecer. Algo que mudaria tudo. E desta vez, não havia mais volta.
O verdadeiro jogo havia começado, e as regras eram desconhecidas.
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Atualizado até capítulo 46
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