7 CAPÍTULO

Entre Sombras e Segredos

A noite se derramava sobre a cidade como um manto de veludo negro, engolindo os ruídos aos poucos, deixando apenas o som dos passos apressados ecoando entre os prédios altos. A brisa fria cortava o silêncio, trazendo consigo o cheiro de terra molhada, asfalto quente e um sutil perfume de jasmim que vinha de um jardim esquecido na esquina. O brilho trêmulo dos postes iluminava a calçada irregular, refletindo-se nas poças d'água como pequenos espelhos distorcidos.

Isabela caminhava rápido, suas botas tocando o chão com firmeza. O vento bagunçava seus cabelos, mas ela não se importava. Seus olhos estavam cravados no horizonte, e seu coração pulsava em expectativa. Desde sua volta, tudo parecia parte de um tabuleiro de xadrez onde cada peça precisava ser movida com precisão. E naquela noite, um novo movimento estava prestes a ser feito.

No fim da rua, Gabriel Torres esperava encostado em seu carro. A luz do poste acima projetava uma sombra longa, e seu semblante era indecifrável. Quando Isabela se aproximou, ele cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.

"Você está atrasada."

Ela parou diante dele, erguendo o queixo em desafio. "As melhores jogadas exigem paciência."

Ele soltou um riso baixo, abrindo a porta do carro para que ela entrasse. Assim que estavam dentro, Gabriel girou a chave na ignição e a cidade começou a se mover ao redor deles. O carro deslizava pelas ruas vazias, cortando a névoa tênue que se formava ao longo da estrada.

"Tem certeza de que quer ir até o fim com isso?" ele perguntou, desviando o olhar rapidamente para Isabela antes de voltar a encarar a estrada.

Ela respirou fundo, sentindo o peso de sua resposta antes mesmo de pronunciá-la. "Eu morri uma vez, Gabriel. Mas essa é a primeira vez que realmente estou viva."

Ele não respondeu de imediato. Em vez disso, apertou o volante com mais força. "Rafael não é um homem que aceita perder. Se ele descobrir que você sabe mais do que deveria..."

"Ele vai descobrir. E é exatamente isso que eu quero." Isabela virou-se para ele, seus olhos queimando em determinação. "Chegou a hora de inverter o jogo."

Enquanto isso, do outro lado da cidade, Rafael Montenegro estava sentado em seu escritório luxuoso. A luz baixa do abajur criava sombras nas paredes, e o silêncio era perturbado apenas pelo tilintar do gelo girando em seu copo de uísque. Beatriz estava ao seu lado, impaciente.

"Ela está mexendo com coisas que não entende. Você precisa agir antes que seja tarde demais."

Rafael girou o copo entre os dedos, um sorriso cínico desenhando-se em seus lábios. "Ela pensa que tem o controle, mas continua jogando exatamente onde eu quero."

Beatriz franziu a testa. "E se ela souber mais do que imaginamos? E se..."

Ele ergueu a mão, silenciando-a. "Deixe-a se sentir poderosa. O orgulho sempre foi sua fraqueza. No final, ela vai cair. E dessa vez, não haverá volta."

O silêncio entre eles era denso como fumaça. Lá fora, trovões ecoavam à distância, anunciando uma tempestade que se aproximava. Mas, dentro daquele jogo perigoso, a verdadeira tempestade estava apenas começando.

E quando os relâmpagos caíssem, quem estaria de pé para ver o dia nascer?

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