...Sofia ...
- Doutor, por favor, me diga como está minha filha? - perguntou a jovem mãe à beira de um ataque de nervos. Fazia mais de duas horas que esperava para saber sobre o estado de saúde de sua filha.
- Senhorita Zambrano, não vou mentir para você, a menina ainda está em estado delicado, conseguimos estancar o sangramento nasal, mas ainda tem muita febre. Vamos deixá-la na UTI esta noite e amanhã voltaremos a avaliar sua situação. Mas devo avisá-la que, se não pagar as contas do mês passado, não poderemos continuar atendendo a menina aqui, sinto muito mesmo - disse o médico muito constrangido antes de ir embora.
A garota caiu no chão chorando, sua filha havia estado doente quase o mês todo, então ela não tinha conseguido trabalhar e o pouco dinheiro que tinha guardado havia sido gasto em alimentos e remédios para sua filha. Ela se abraçou e continuou chorando sem saber o que fazer, não tinha família, já que a única que tinha lhe virou as costas quando ficou grávida, nem amigas, nem ninguém a quem recorrer. Neste momento, ela se sentia desesperada, não entendia por que a vida havia se empenhado em lhe causar tanto dano, se era apenas uma garota de vinte e quatro anos querendo ser feliz com sua filha.
Sofia se levantou imediatamente e caminhou até um dos banheiros e lavou seu rosto com água fria, depois se olhou no espelho e disse palavras motivacionais, ela deveria se manter forte para sua filha, não podia se mostrar fraca, sua filha precisava dela forte.
Passou a noite toda sentada na sala de espera com seu velho rosário nas mãos, uma senhora havia dado a ela quando Sofia estava passando por outro momento muito angustiante em sua vida, ela tinha ido pedir misericórdia à igreja e de repente apareceu aquela senhora e do nada se aproximou dela e lhe deu, desde aquele momento Sofia não se separou dele.
- Senhorita, por que não vai descansar um pouco ou comer alguma coisa? Eu aviso qualquer coisa - ofereceu uma enfermeira, sentia pena da pobre mãe que estava sentada há horas sem se mover da sala de espera.
Todo o pessoal do hospital conhecia o caso de Sofia e sua filha, sentiam muita pena de ambas, mais de uma vez haviam feito alguma coleta no hospital para poder ajudá-la a pagar as contas, Sofia parecia tão frágil e desamparada que podia comover qualquer um.
- Muito obrigada, mas estou bem, quando poderei ver minha filha? - perguntou a garota com a voz cansada.
- Não poderá vê-la até o meio-dia.
- Entendo, obrigada - Sofia dedicou um sorriso sincero à enfermeira, que lhe deu um leve tapinha nas costas antes de se retirar.
Sofia caminhou até a máquina de café e se serviu um, pelo menos isso era de graça, não tinha dinheiro para se dar ao luxo de pagar por um, enquanto bebia o café lembrou de sua luxuosa vida antes de engravidar e ser jogada como lixo de sua casa.
- Senhorita Zambrano - a voz da secretária administrativa do hospital a tirou de seus pensamentos.
- Sim? - perguntou pulando tão rápido que acabou derramando quase todo o café em sua blusa, pelo menos não estava quente.
- Venha comigo, por favor, o diretor quer falar com você.
A garota assentiu e seguiu em silêncio a mulher elegante que vestia roupas caríssimas e usava joias preciosas como as que um dia Sofia também teve.
Foi dirigida a um escritório bastante afastado das demais áreas, ao entrar pôde ver o diretor Matías Torres que revisava uns papéis, o homem era alto, muito alto realmente fazia jus ao seu sobrenome, teria uns cinquenta e cinco anos, uma barba cuidadosamente cortada, olhos cor de café, um Rolex que valia tanto quanto o dinheiro que a garota precisava neste momento e usava seu jaleco médico com a descrição de diretor do hospital.
- Doutor... - disse nervosa a garota, não estava gostando da maneira tão descarada de o médico observá-la.
- Sofia Zambrano, você se tornou uma mulher, uma verdadeira beleza, o desejo latente de qualquer homem - disse lambendo os lábios. A garota por instinto deu um passo para trás.
- O que você quer? Para que me chamou? Se é pela dívida, eu juro que vou pagar.
- Calma, você é muito jovem para se estressar tanto, sente-se, por favor.
De má vontade a garota obedece.
- Veja bem, a coisa é assim, sua filha não poderá mais seguir seu tratamento aqui, daremos uma alta de emergência e - o médico não pôde seguir com seu discurso, pois a garota o interrompeu desesperada.
- Não, não podem fazer isso, não podem tirar a ajuda médica da minha filha, ela está mal, não podem deixá-la à deriva, isso que querem fazer é abandono de pessoa, eu prometo que assim que conseguir dinheiro pagarei até o último centavo que devo, mas por favor não tirem a atenção médica da minha filha - pediu a garota chorando.
- Sinto muito, bela Sofia, mas as coisas são assim, mas não é só pelo dinheiro que você deve que me vejo obrigado a negar a atenção médica à sua filha.
- E por que mais o faz? Por maldade? Pelo simples motivo de que somos pobres? A vida da minha filha vale menos que a desses meninos que são filhos de políticos, advogados ou engenheiros? Jamais acreditei que você fosse desses que classificam as pessoas pelo que têm, tanto têm, tanto valem.
- Não é isso, Sofia, a verdadeira razão é que seu pai me ofereceu uma soma milionária para literalmente deixar a menina morrer - diz com franqueza o diretor e eu tive que me segurar na mesa para não cair, sabia que meu pai era um ser muito cruel, mas não tão maldito dessa maneira.
- Então você está aceitando um suborno, eu deveria te denunciar, poderia te fazer perder seu trabalho ou até um julgamento onde eu sairia ganhando.
- Sofia, querida, eu te achava mais inteligente, todas as suas ideias serão truncadas por seu pai, ele pagará para que ninguém confie em você, a única coisa que te resta é pegar sua filha e levá-la a um lugar tranquilo para morrer, você não tem opção - diz tão friamente que eu gostaria de quebrar algo na cabeça dele.
- Não importa o que diga, vou te processar, farei com que todo mundo saiba que você é um médico maldito que deixa seus pacientes morrerem por dinheiro, não vou parar até que te tirem a licença médica e você vá para a cadeia - gritou a jovem cheia de impotência.
- Preciosa, faça o que fizer, nunca ganhará de seu pai, não esqueça que ele e eu somos íntimos amigos e me apoiará em tudo, então não se iluda porque não conseguirá nada, só ficará como uma jovem louca que só quer tirar dinheiro de mim.
- Você e meu pai vão me pagar, eu juro - disse antes de virar para a porta.
- Tenho uma proposta que pode ajudar a curar sua filha - disse e em meu desespero pela saúde de minha filha me fez frear de golpe e virar para vê-lo.
- Estou ouvindo - digo e ele sorri maliciosamente, acho que não deveria ter ficado.
- Veja, vou ser sincero, você me parece uma garota muito linda e extremamente sensual, a qual eu adoraria ter embaixo de mim gritando de prazer, seja minha amante e pagarei todas as despesas médicas de sua filha e te ajudarei com seu pai, estou te dando a melhor solução para sua vida, só tem que ser minha puta.
A raiva que senti naquele momento não posso explicar, como um homem que me viu crescer, já que ele e meu pai são íntimos amigos, me oferece algo assim? Era nojento, jamais me comportaria como uma prostituta, tenho dignidade e valores, já encontrarei outra maneira de salvar minha pequena.
Sem dizer nada, caminhei coquetemente até onde ele estava sentado, ao ver minha intenção sorriu satisfeito e se pôs de pé acomodando seu nojento pacote dentro de sua calça, quis vomitar, mas continuei em meu plano, cheguei até ele e com um sorriso rodeei seu pescoço com meus braços, o muito degenerado quis me beijar, mas nesse momento com todas as forças que tinha levantei meu joelho direito e lhe dei o golpe de sua vida em sua virilha, o nojento médico caiu no chão de joelhos e eu sorri satisfeita.
- Você é um homem nojento, jamais me deitaria com você.
- Pois então vá se despedindo de sua linda filhinha - disse entre arquejos de dor.
Saí furiosa daquele escritório, me sentia totalmente destruída animicamente, não entendia por que a vida se empenhava em me causar tanto dano se eu jamais matei nem uma mosca...
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Atualizado até capítulo 55
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