Tudo que começou

Igor era um homem com um olhar distante, como se carregasse o peso de um segredo que ele nunca queria revelar. Quando Yuna e Theodor finalmente conseguiram encontrá-lo, ele estava em um pequeno apartamento no centro da cidade. Seu rosto era marcado pelo tempo, com rugas profundas que denunciavam o quanto ele havia passado. Ele estava sentado em uma cadeira velha, sua postura rígida, mas seus olhos, aqueles olhos, estavam sempre em alerta.

Quando Yuna entrou na sala, ele olhou-a rapidamente, como se já soubesse que ela viria.

Yuna: -Você...

Yuna começou, mas não sabia por onde começar.

Yuna: -Você é o homem que escapou da "criança de branco"?

Igor olhou para ela, um sorriso amargo se formou nos seus lábios, como se fosse uma reação involuntária à menção daquela figura. Ele levantou-se devagar, seus ossos estalando, e caminhou até a janela, olhando para a rua.

Igor: Sim

Ele disse, sua voz rouca.

Igor: -Eu sou.

Theodor deu um passo à frente, mais desconfortável do que Yuna jamais o havia visto.

Theodor: -Como você conseguiu escapar? O que é essa coisa?

Theodor perguntou, sua voz baixa, mas firme.

Igor olhou para os dois, como se ponderasse se deveria contar a verdade ou não. Ele respirou fundo antes de responder.

Igor: -Não é uma "coisa", é uma maldição. Uma entidade, um espírito. Se ela lhe escolhe, não há escapatória. Pode até fugir, mas ela vai-te seguir até o fim dos seus dias. Eu… fui um dos poucos a conseguir sair com vida, mas o preço que paguei foi alto.

Yuna e Theodor se entreolharam. Aquelas palavras não traziam consolo algum. O medo de Yuna crescia a cada segundo, mas ela não podia mostrar fraqueza. Não agora.

Yuna: -O que você quer dizer com "preço alto"?

Yuna perguntou, sua voz trêmula, mas firme.

Igor finalmente se virou para encarar Yuna com seriedade. Seus olhos estavam pesados, e ele parecia exausto, como se tivesse vivido um pesadelo por toda a vida.

Igor: -A criança de branco não é apenas uma figura fantasmagórica. Ela carrega uma fome insaciável, e uma vez que te escolhe, ela consome sua alma, pouco a pouco, até que não reste nada. Eu... eu vi as pessoas que ela escolheu, uma a uma, e o que elas se tornaram. Eu fiz tudo o que pude para sobreviver, mas cada vez que ela voltava, algo em mim morria. Fiquei marcado por isso.

Yuna engoliu em seco. O medo agora estava palpável, mas ela sabia que não poderia desistir. Não agora.

Yuna: -Então, o que a gente faz agora?

Ela perguntou, os olhos fixos em Igor.

Ele suspirou e se sentou novamente, a tristeza visível em seu rosto.

Igor: -Não há muito o que fazer. A única forma de afastá-la… é fazendo um sacrifício. Um grande sacrifício.

Theodor franziu a testa.

Theodor: -Sacrifício? O que você quer dizer com isso?

Igor olhou para os dois, seus olhos sombrios e resolutos.

Igor: -O único jeito de acabar com isso é dar-lhe alguém que ame. Alguém importante. E quando você a alimenta com isso, ela apaga-se. Mas acredite, ninguém sai ileso desse apagar sacrifício. Quem fizer isso, perde tudo. E, se você não fizer, ela vai continuar atrás de você. Até não restar nada.

E, naquele momento, ela tomou uma decisão. Não iria permitir que a escuridão que ela sentia a consumisse. Não importava o quanto fosse difícil ou o quanto a dor fosse profunda, Yuna iria encontrar uma maneira de quebrar a maldição. Ela não permitiria que a criança de branco vencesse.

O futuro era incerto, mas uma coisa estava clara: Yuna estava disposta a ir até as últimas consequências para salvar a si mesma e aqueles que amava. E, com isso, ela saiu da casa de Igor, com Theodor ao seu lado, pronta para enfrentar o que quer que estivesse à sua frente.

A luta estava só começando

Ela chega em casa e observaserva a sua irmã dormindo no sofá

Yuna: -Eu não posso da minha irmã para ela

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