O silêncio entre Yuna e Maia era pesado enquanto caminhavam pelas ruas escuras. O frio da noite parecia mais cortante do que o normal, e cada sombra parecia esconder um perigo desconhecido.
Maia: -Yuna… você está bem? — Maia quebrou o silêncio, sua voz cautelosa.
Yuna parou de andar por um momento, fechando os olhos e respirando fundo.
Yuna: -Sinceramente? Não.
Ela passou a mão pelos cabelos, frustrada.
Yuna: -Eu estou cansada, Maia. Cansada de ter que lidar com isso sozinha, cansada de não poder confiar em ninguém. E agora… agora a senhora está no meio disso.
Mia parou ao lado da irmã e segurou seu braço.
Maia: -Ei, você não tem que carregar tudo sozinha. Eu estou aqui. E mesmo que eu não entenda completamente o que está acontecendo, eu sei que você precisa de alguém.
Yuna riu sem humor, olhando para a irmã com um olhar cansado.
O restaurante estava quase vazio, iluminado apenas pelas luzes fracas e pelo reflexo da cidade nas janelas. O homem à sua frente girava lentamente um copo de uísque entre os dedos, como se tivesse todo o tempo do mundo.
Theodor: -A senhora parece tensa, Yuna.
A voz dele era suave, mas carregava um peso invisível.
Theodor: -Aconteceu algo que eu deveria saber?
Yuna cruzou os braços, sem paciência para joguinhos.
Yuna: -Não finja que não sabe, Theodor.
Ela estreitou os olhos.
Yuna: -Sempre sabe de tudo.
Theodor sorriu, um sorriso pequeno e calculado. Ele apoiou o cotovelo na mesa, inclinando-se um pouco mais perto.
Theodor: -E se eu souber? O que você quer que eu faça com essa informação?
Yuna respirou fundo. Ela odiava a forma como ele a analisava, como se pudesse enxergar cada dúvida, cada fraqueza.
Yuna: -Quero que você pare de brincar comigo.
A sua voz saiu firme.
Yuna: -Se você tem algo para me dizer, diga logo. Se não, eu vou embora.
Theodor riu baixo e balançou a cabeça.
Theodor: -Sempre tão impaciente. Mas eu gosto disso em você.
Theodor deu de ombros, pegando o copo de novo, mas dessa vez só observando o líquido âmbar.
Theo: -Agora eu vejo o que você vai fazer. E, dependendo da sua escolha, talvez eu tenha que interferir.
O sangue de Yuna esfriou.
Yuna: -Isso é uma ameaça?
Theodor ergueu o olhar lentamente e sorriu de novo.
Theodor: -Não, Yuna.
Ele tomou um gole do uísque.
Theo: -É um aviso. Você sabe que eu gosto de você
O relógio da cozinha marcava quase meia-noite. O silêncio da casa era interrompido apenas pelo som do chá sendo despejado na xícara. Yuna sentou-se à mesa, os dedos girando a alça da xícara, enquanto sua mãe, Adriana, a observava do outro lado.
Adriana cruzou os braços, os olhos atentos a cada movimento da filha. O silêncio entre elas se prolongou por alguns segundos, até que Yuna suspirou e levantou o olhar
Yuna: -Mãe, eu tô cansada.
Adriana inclinou-se um pouco para frente.
Adriana: -Então me diz o que está acontecendo.
Yuna hesitou. Parte dela queria descarregar tudo ali, naquela mesa, contar sobre as noites sem dormir, sobre os perigos que rondavam cada passo seu. Mas outra parte sabia que sua mãe não podia carregar esse fardo.
Yuna: -Não é nada que eu não possa lidar.
Ela disse, tentando soar convincente.
Adriana estreitou os olhos.
Adriana: -Desde pequena, quando diz isso, é porque já está no limite.
Adriana: -E você me subestima demais.
Adriana retrucou, cruzando as mãos sobre a mesa.
Adriana: -Acha que não percebo quando minha filha volta para casa com o olhar vazio? Acha que não notei que, seja lá o que está te consumindo, está te deixando cada vez mais distante?
Yuna apertou a xícara entre os dedos, sentindo o calor do chá, mas não bebendo.
Yuna: -Mãe... eu só preciso que confie em mim.
Theodor: -Você demorou mais do que deveria.
Yuna cruzou os braços, analisando-o com um olhar afiado.
Yuna: 'Não achei que você fosse do tipo impaciente.
Theodor riu baixo, inclinando a cabeça levemente para o lado.
Theodor: -Depende do que estou esperando.
Os dois encararam-se por um momento. Era um jogo, como sempre. Palavras eram armas, expressões eram escudos.
Yuna: -Está tudo pronto?
Yuna perguntou, quebrando o silêncio.
Theodor: -Está.
Theodor deu um passo à frente, os olhos brilhando com algo entre desafio e diversão.
Theodor: -Mas você tem certeza que quer seguir com isso?
Yuna não hesitou.
Yuna: -Eu nunca estive tão certa de algo na minha vida.
Theodor sorriu mais largo, como se estivesse esperando exatamente essa resposta.
Theodor: -Então vamos começar.
Sem mais palavras, ele virou-se e começou a caminhar. Yuna o seguiu, desaparecendo na escuridão da noite.
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Atualizado até capítulo 42
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