Sombras na Névoa

A noite estava sufocante, carregada de umidade e mistério. As luzes piscavam na rua deserta, enquanto a névoa rastejava pelo asfalto. Ela está ali. Observando tudo. Esperando

Daniel: -Tem certeza de que esse é o lugar?

Perguntou o Danie, ajeitando o capuz e olhando ao redor

Helena: -Sim

Leon suspirou, chutando uma pedra para longe

O vento soprou forte, apagando as luzes ao redor

Yuna que até então observava a cena de longe

Os olhos dela se estreitaram ao encarar Noah o homem de olhos de vidro

Yuna: -O senhor sempre fala em sombras

Disse Yuna, cruzando os braços

Yuna: -Mas sombras não agem sozinhas. Quem está por trás disso?

Helena olhou para Yuna, confusa

Helena: -A senhorita conhece essas pessoas?

Yuna: -Não suficiente

Yuna respondeu, sentiu um peso na ar. Algo estava prestes a acontecer

Os postes piscaram uma última vez antes de apagarem completamente. A rua foi engolida pela escuridão. O silêncio que veio logo depois era pior que qualquer som

Helena seguro o braço da Yuna

Helena: -Que barulho foi esse?

A voz dela saiu em um sussurro

Noah ainda está ali, parado, imóvel, como se aquilo fosse exatamente o que esperava

Noah: -Eles chegaram

Daniel apertou mais a faca na sua mão

Daniel: -Quem exatamente?

As mãos agarraram Noah e o puxaram para dentro do nada

O seu corpo foi engolido pelas sombras, sem um único som de resistência. Ele simplesmente desapareceu

Helena, Daniel e Leon estavam ofegantes, parado a alguns metros de distancia

Helena: -Meu Deus!.. O que foi isso?

Daniel ainda segurava a faca

Daniel: -Isso não é normal

A cidade foi tomada pela escuridão.

E quando a luz voltou, Noah já não era Noah.

Seus olhos brilhavam num tom vermelho intenso, e sua pele parecia ter perdido qualquer vestígio de calor humano. Ele não respirava mais.

Ele não era mais uma pessoa.

Daniel e Helena ficaram paralisados, observando a criatura que Noah havia se tornado. O medo os impedia de correr, de gritar, de sequer piscar.

Mas Yuna não sentia medo.

Ela deu um passo à frente, os olhos presos nos de Noah.

Yuna: -Como você se sente?

Noah inclinou a cabeça, analisando a própria mão, flexionando os dedos como se estivesse experimentando um novo corpo.

Noah: -Livre.

O som da sua voz era profundo, reverberante. Ele não estava apenas falando. Ele estava sendo ouvido por algo além daquele mundo.

Helena, ainda em choque, tentou se mover lentamente para trás, puxando Daniel com ela.

Helena: -Isso… isso não é possível…

Noah sorriu para ela, como um predador que observa uma presa indefesa.

Noah: -Ah, mas é.

E num piscar de olhos, ele desapareceu.

Daniel arregalou os olhos, procurando ao redor.

Daniel: -Onde ele foi?!

Helena virou-se, sentindo um arrepio percorrer a suaua espinha. O medo a fez perceber antes mesmo de ver: Noah estava atrás deles.

Yuna caminhava pelo centro da cidade, agora um lugar sombrio e deserto. A névoa densa encobria as ruas, e as luzes piscavam sem parar, como se o próprio mundo estivesse morrendo aos poucos.

Ela parou diante do espelho quebrado de uma loja abandonada e falou:

Yuna: -Noah, eu sei que você pode me ouvir.

O vidro tremeu. Pequenas rachaduras se espalharam pela superfície, e então… seu reflexo mudou.

Noah apareceu no espelho, mas não como a criatura sombria. Era ele. Seu rosto estava pálido, os olhos vermelhos, mas sua expressão era confusa, quase assustada.

Noah: -Yuna…?

A sua voz saiu fraca, hesitante.

Yuna se aproximou, sentindo seu coração bater mais rápido.

Yuna: -Você precisa lutar contra isso. Volte para mim.

Noah piscou, seu olhar perdido, como se estivesse lutando contra algo dentro de si.

Noah: -Não… eu… eu não posso.

O espelho tremeu com mais força, e a sombra negra que havia tomado Noah tentou puxá-lo para trás.

Yuna não hesitou.

Ela encostou a mão no vidro e olhou nos olhos dele.

Yuna: -O senhor sempre disse gostar de desafios, certo? Então vença esse.

Noah inclinou a cabeça, observando-a.

Noah: -Alguém que foi escolhido.