Capítulo 2

Gabriela sempre foi o tipo de mulher que plantava raízes. Com Ítalo, seu ex-namorado imaginara um carvalho frondoso, um abrigo para o futuro, uma família. Dois anos de dedicação, regando o relacionamento com carinho, amor e muitos planos, apenas para descobrir que a semente da traição, alimentada pela própria meia-irmã, Daniela, havia germinado. A descoberta deixou Gabriela completamente abalada, transformando o belo jardim florido de sua vida em um deserto árido e sem esperança.

Um mês passou-se após a descoberta da traição de Ítalo e Daniela.

Daniela sempre se intitulava a filha legítima do advogado Geraldo Martins, desprezando a sua irmã e a chamando sempre de bastarda, pois Gabriela, era fruto de um relacionamento passageiro do seu pai com sua mãe fora do casamento.

As amigas de Gabriela incansáveis, tentavam, em vão, semear alguma alegria em sua vida. "Supera, Gabi!", "Ele não te merecia!", "Tem muita gente melhor por aí!". Os conselhos, embora bem-intencionados, soavam como ecos em um vale vazio.

Ela não tinha forças para reagir, foi decepcionante demais encontrar Ítalo com Daniela no apartamento dele transando no mesmo dia que estavam completando dois anos de namoro.

Mas ela tinha suas amigas leais ao seu lado que todos os dias a visitavam em seu apartamento..

Gabriela morava sozinha e estava a dois meses desempregada. Ela trabalhava em uma empresa de lacticínios , mas foi demitida após a mesma declarar falência.

Ela sempre trabalhou muito para se sustentar, sua mãe havia falecido a um ano deixando o atual apartamento para Gabriela..

Hoje, com seus vinte e dois anos, "Gabi" como era carinhosamente chamada pelos amigos mais próximos, não procurava Geraldo para nada, mesmo que precisasse de alguma coisa.

Seu pai sempre foi distante, e era difícil o contato entre eles, Gabriela sabia que ele não acreditava que ela era realmente a sua filha.. Mas mesmo assim nunca quis fazer o teste de “DNA”.

Em uma bela noite de sábado, numa tentativa desesperada de reintroduzir Gabriela ao mundo dos vivos, suas amigas a arrastaram para uma boate badalada em São Paulo. A música pulsava entre passos no meio da pista de dança, as luzes coloridas piscavam sem parar, e o álcool fluía como um rio subterrâneo, prometendo alívio temporário. Gabriela se deixou levar pela correnteza, bebendo mais do que pretendia, buscando entorpecer a dor que ainda latejava em seu peito.

A embriaguez a tornou desorientada. Em meio à multidão, as suas amigas a confundiram com outra mulher, que usava um vestido idêntico, fazendo com que elas saíssem do local.

Sozinha, Gabriela afundou em uma mesa vazia, o mundo girando ao seu redor. A música alta se transformava em um zumbido distante, e as luzes vibrantes pareciam manchas borradas.

Um garçom se aproximou, oferecendo-lhe uma bebida. Sem perceber, Gabriela aceitou o copo. Ela não viu o olhar predatório de um homem do outro lado da pista, nem o gesto furtivo do garçom adicionando algo à sua bebida a pedido do desconhecido.

Deu um gole profundo na bebida, Gabriela sentiu um gosto estranho, metálico. Uma onda de náusea a atingiu. Com dificuldade, levantou-se, buscando o refúgio do banheiro.

Ela estava perto de alcançar a porta, quando sentiu mãos ásperas agarrando seu braço com força.

-- Vadia, você é uma delícia de mulher, - rosnou o homem que a observava desde sua chegada.

O terror a invadiu. Gabriela gritou, debatendo-se inutilmente contra o aperto firme. Mas, antes que ele pudesse arrastá-la para outro lugar, uma figura surgiu do nada. Com um movimento rápido e preciso, o homem desconhecido jogou o agressor no chão, desferindo uma série de socos no seu rosto, deixando-o desacordado.

Atordoada, Gabriela observou a cena, a visão embaçada pelo álcool e pelo medo. As luzes da “boate” iluminaram o rosto do seu protetor. Feições duras, mas bonitas, emolduradas por cabelos escuros. Olhos profundos, penetrantes, que pareciam enxergar através dela, mas Gabriela não conseguia enxergar direito pelo efeito da droga no seu sangue.

Quem era aquele homem? Um estranho, envolto em um mistério tão denso quanto a fumaça que começava a preencher a boate. A segurança do local finalmente apareceu, arrastando o agressor para fora. O homem que havia protegido Gabriela se virou para ela, com uma preocupação visível no seu olhar.

-- Você está bem? -- perguntou, sua voz era rouca e reconfortante ao mesmo tempo.

Gabriela assentiu, ainda trêmula.

-- Obrigada, -- sussurrou ela, com a voz embargada pela emoção. Não conseguia articular mais nada. Aquele homem, um completo desconhecido, foi seu benfeitor.

-- Quer que eu a ajude a ligar para alguém? -- a voz séria e preocupada, ecoou no ambiente com sensibilidade deixando Gabriela completamente perdida em pensamentos.

-- Não sei o que está acontecendo, mas meu corpo está queimando por dentro.

Gabriela parou de falar ao sentir-se desconfortável. Na realidade, a droga já estava agindo em seu sangue e seu efeito era imediato.

O homem olhou para o semblante pálido de Gabriela, logo imaginou que ela foi drogada.

-- Você bebeu alguma bebida trazida por alguém desconhecido? - O homem pergunta preocupado.

Gabriela sem conseguir lembrar, apenas sussurrou baixinho: -- Não consigo lembrar, estou me sentindo tonta.

-- Preciso levar você para debaixo do chuveiro agora mesmo.

Ele segurou firme a mão de Gabriela e entrou no banheiro aonde tinha também um chuveiro para banhos.

Gabriela foi colocada com roupa debaixo do chuveiro enquanto tentava ao mesmo tempo agarrar o homem e de repente desmaiou.

Quando acordou no outro dia, estava em um quarto de hotel desconhecido, Gabriela ficou confusa por um momento. A memória dos eventos da noite anterior voltaram rapidamente à sua mente - o homem desconhecido a resgatando na boate, levando-a para debaixo do chuveiro para se livrar do efeito da droga... Mas onde ele estava agora? Gabriela se assustou quando notou que estava com outra roupa, completamente diferente do que usou na noite anterior..

-- Será que? -- Ela ficou preocupada com o que realmente tinha acontecido.

Ela olhou ao redor do quarto vazio e encontrou um bilhete deixado sobre a mesa:

-- Espero que esteja se sentindo melhor hoje. Não pude ficar e esperar você acordar. Mas desejo melhoras. Não conheço bem as mulheres, mas com certeza deve estar lendo esse bilhete assustada, pensando que ontem tivemos uma intensa noite de amor, não é mesmo? Na verdade, tivemos sim, mas não dá forma que você pensou. Então não se preocupe, não aconteceu nada entre nós.. Você vomitou e estava completamente eufórica em cima da cama, mas com certeza não deve se lembrar desse fato. O quarto já está pago, e o seu café da manhã também. E só para lembra-la senhorita, seu vestido já está na lavanderia do hotel, ligue para eles e solicite a entrega no quarto. Disponha-se de tudo. Adeus, atenciosamente BW.

Gabriela se sentiu aliviada ao ler o bilhete deixado pelo misterioso BW. A confusão e a incerteza ainda rondavam sua mente, simplesmente não conseguia lembrar do rosto de seu benfeitor.

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Comments

Sandra Valéria Silva

Sandra Valéria Silva

Que bom que ele apareceu para resgatar a Fabi. adorando

2025-04-08

2

Rosana Rocha do Nascimento Rocha

Rosana Rocha do Nascimento Rocha

História linda e bem escrita.

2025-04-07

1

LMCF

LMCF

Um gentleman... Ela não lembra dele mas ele com certeza se lembrara dela

2025-02-26

2

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