Episode 2Insuportável

(Na escola)

Olho para a janela pequena no canto da sala. Ao mesmo  tempo que o céu está azul e nublado, ainda está com um baixo nível de oxigênio, aqui dentro posso até respirar melhor, por fato a escola estar bem oxigenada. Me abraço com meus pensamentos longes, refletindo como eu acabei aqui.

[Alguém]- Pedro?... Pedro?... Pedro!

[Pedro]- OI?!!!

Percebo que quem está me chamando era a professora, acabou fazendo meu rosto passar do estressado para um de coitado.

[Pedro]- Desculpa...

A sala toda está rindo baixo e murmurando.

Ela revira os olhos e volta a atenção em mim.

[Professora]- Então Pedro qual é a resposta?

Diz ela com um olhar queimando direcionado ao meu rosto.

[Pedro]- Qual questão?

Ela dá uma risada confirmando que eu nem sabia o que estava sendo dito.

[Professora]- 5...

[Pedro]- Ok... a resposta é 3 elevado a nona.

Um silêncio permanece e a professora revira os olhos como se eu tivesse chutado.

[Professora]- Humm... então me diz como você chegou neste resultado. ( Apontando o giz para mim)

[Pedro]- Ta bom.

Me levanto e caminho até o quadro negro, enquanto ela se afasta dando-me espaço. Pego o giz e começo a escrever

[...]

Ao terminar, olho para a professora e vejo ela com seu rosto paralisado, enquanto a sala mantém o silêncio total.

[Pedro]- Aqui ( Dando o giz)

[Professora]- O-ok...

( Sinal da escola )

Caminho até minha carteira, recolho meus materiais e sigo para fora da sala. Fui o primeiro a sair enquanto todos não se levantaram até entenderem oque aconteceu.

[Quebra de tempo]

Minha casa não é tão longe da escola então sempre vou caminhando. Sempre opto ir pelo caminho mais longo, para assim não cruzar com Júnior e seus "amigos".

Tento ir o mais rápido possível para assim não ficar doente. Mesmo utilizando máscara a poluição no ar é muito espessa, contudo acabo diminuindo o andamento, quando me lembro de quem tenho que encontrar ao chegar em casa.

Avisto de longe o Júnior sozinho, não penso duas vezes e viro a esquina para ele não perceber. Mesmo assim...

[Júnior]- eiii Pedro!

Travo na hora, "não quero apanhar hoje" penso eu.

[Pedro]- oi... Júnior...

Ele acena e segue seu caminho sem vir falar comigo. Não entendia o que deu nele. Ele nem veio falar comigo.

Acho bom assim chego mais rápido em casa.

Volto a utilizar o caminho mais rápido pois Júnior já tinha ido embora.

No meio do caminho escuto um grito.

[Alguém]- AGORA!

Olho para a origem do som e vejo vários ovos vindo em minha direção. Tento proteger meu rosto mas acabo ficando todo melado.

[Júnior]- Pensou que não tinha castigo hoje?

hahahaha!

[Junior]- pensou errado

Aparece ele atrás de uma casa sorrindo para mim.

O cheiro era insuportável e minhas roupas estavam todas pingando.

Eles dão-me as costas tocando umas às mãos dos outros.

Sigo meu caminho de volta para casa.

[Quebra de tempo]

Abro a porta e me deparo com minha tia deitada com uma garrafa de álcool na mão. Tento não fazer barulho para não acordá-la. Pena que o cheiro do ovo é forte.

[Tia]- Ei que cheiro é esse?...

[Pedro]- Não é nada tia.

Ela se levanta e me olha com um olhar de sono.

[Tia]- Ashi! Anda logo meu nariz não aguenta. Deveria ter vergonha de chegar assim em casa.

[Pedro]- Sim tia...

[Tia]- Anda logo estou com fome.

Me viro e sigo para meu quarto para limpar-me, antes disso dou uma olhada para a cozinha e percebo que está uma zona.

[Quebra de tempo]

Termino de lavar a louça e de limpar a cozinha, me sinto cansado mas aliviado.

Estou preparando a janta, tentei fazer algo com oque tinha na geladeira mas não foi muito diversificado. O cheiro que saía da panela ocupava cada espaço da casa.

[Tia]- Humm pelo menos você sabe fazer algo que preste.

Olho e vejo ela apoiada na porta com seus braços cruzados. Passo entender aquilo com melhor um elogio do que um insulto.

[Pedro]- Obrigado (sorriso forçado)

Ela dá de Costa e volta para a sala.

Minha tia está classificada como sangue marrom, ela trabalha em uma empresa como faxineira. Toda minha família vem como descendente de sangue marrom, então seria raro se meu sangue não fosse classificado com os da minha família.

Termino a janta e sirvo minha tia, em seguida levo meu prato para comer no quarto.

Enquanto como, reviso o conteúdo do dia. Não me surpreendo muito com o porque eles só ensinam coisas relevantes ao teste de sangue e explicações de cada classificação.

Entres os principais sangue surgiram alguns únicos que seriam os mais raros como sangue branco referente a saúde e pessoas que salvam vidas, só 5% da população poderia nascer com esse tipo de classificação. Não tenho muita preferência pela posição que quero ter nesta hierarquia, só quero viver "bem".

Termino a revisão e de comer, me levo a cama e pego meu celular. Dou uma olhada nas notícias diárias e no site da escola (página de fofocas), me surpreendo quando vejo uma notícia com meu nome, abro a nova página e nela estava uma foto minha e dizia sobre o acontecimento de hoje.

Desligo o celular e jogo ele de lado, levo minhas mãos à cabeça e fico em silêncio por um tempo. Acabo soltando algumas lágrimas, limpo elas rapidamente.

[Pedro]- Não irei me rebaixar. ( Com nariz escorrendo).

Caio no sono.

(Sonho on)

[Mãe]- Eu sempre te amarei.

[Mãe]- Sempre estarei ao seu lado. Pra sempre.

Dizia ela fazendo cafuné comigo no colo

[Pedro]- ok mamãe.

O espaço fica preto e escuro, acabo ouvindo um estrondo seco de uma arma. Volto à minha mãe e a vejo sangrando no chão. Corro até ela.

[Pedro]- Mãe... mãe.... MÃE! NÃO!( Derramando em lágrimas)

[Mãe]- Sempre estarei... com você...

[Pedro] - não me deixe... mãe... MÃE!

(Sonho off)

[Pedro]- MÃE!

Olho em volta e percebo que era só um pesadelo, levo uma das minhas mãos à cabeça logo pego meu celular e vejo que já está quase na hora de ir para a escola.

Sento na cama e calço o chinelo, vou em direção ao banheiro com minha toalha e escova de dente. Antes de passar pela sala percebo que minha tia estava falando no celular.

[Tia]- Então conseguiu comprar né?

...

[Tia]- Como a assim vai demorar. Seja o mais rápido possível tenho que sumir logo daqui.

...

[Tia]- ok... depois do teste dele provavelmente ele terá que continuar morando aqui, então tenho que sumir antes disso.

Dou meia volta e sigo para meu quarto, sento na cama e começo a refletir.

"Se você quiser sumir, some, eu não preciso de você", penso eu.

Fico lá por alguns minutos, em seguida vou para o banheiro, me encontro com ela no meio do caminho e dou um sorriso. Ela passa direto sem se importar, faço o mesmo.

[Quebra de tempo]

Estou no intervalo sentado em um banco ouvindo música no fone de ouvido. Percebo que todas as pessoas que passam por mim apontam e em seguida riam baixo. Tento não me importar.

Inesperadamente uma senhora senta ao meu lado.

[Senhora]- Aii...  ( sentando no banco)

[Pedro]- Hum?

[Senhora]- Porque está sozinho meu jovem?

[Pedro]- A senhora está falando comigo?

[Senhora]- Quem mais seria?... Como se chama?

[Pedro]- Pedro...

[Senhora]- Oh Pedro... Me chamo Eva.

[Pedro]- Assim...

Desvio o olhar da senhora e olho diretamente para a frente, fico em silêncio esperando ela continuar o assunto.

[Senhora-Eva]- Humm... você não é muito de conversa né?

Dou-lhe um sorriso inocente para confirmar sua pergunta.

[Eva]- Meu jovem não precisa ter vergonha de mim só por eu ser velha.

[Pedro]- Não. Não é isso, só não tenho nada para conversar.

[Eva]- Assim. Pelo seu estado não parece bem.

Me pergunto o que ela quer?

[Eva]- Você parece ser uma pessoa muito boa. Se não quiser conversar agora, ok!

Ela se levanta com um sorriso em seu rosto.

[Eva]- Te vejo por aí meu jovem. Tchau.

[Pedro]- Tchau...

Ela se abaixa e pega um balde com alguns produtos de limpeza assim confirmando sua profissão na escola.

Percebo que ela tem dificuldade em carregar, então me levanto para oferecer ajuda, mas escuto o sinal da aula. Sem hesitação vou até ela.

[Pedro]- Senhora Eva deixe-me ajudar.

[Eva]- Obrigada jovem mas não precisa, ah e ainda mais você irá se atrasar, anda pode deixar que me viro.

[Pedro]- Não tem problema é que...

[Eva]- Meu jovem pode ir, deixa comigo. Se você não me escutar te levo a direção.(sorrindo)

[Pedro]- O-ok...

Ela dá as costas para mim, fazendo eu ficar sozinho, acabo correndo em direção a sala.

[Quebra de tempo]

Estou quase chegando no portão da escola para ir embora, só que... avisto Júnior com um homem adulto.

Abaixo a cabeça e tento passar por eles sem me perceber, mas de longe escuto o homem dando um sermão em Júnior.

[Homem]- Você não tem jeito mesmo né Júnior. Pensa que dinheiro nasce em árvore?

Júnior abaixa a cabeça para o homem.

[Homem]- Levanta a cabeça moleque! Olha nos meus olhos!

[Júnior]- Ok... pai...

Estou lado a lado deles. Passo sem levantar a cabeça mas...

[Homem~ pai de Júnior]- ei você!

Paro e me viro lentamente. Olho para ele e aponta para mim.

[Pedro]- Eu?

[Pai de Júnior]- Sim, quero pedir desculpa pelo meu filho.

[Pedro]- hu?

[Pai de Júnior]- Ele se comportou mal contigo e envergonhou nossa família.

Olho para Júnior e dá para ver nos olhos dele que nem está arrependido.

[Pedro]- Não precisa se desculpar...

"O que adianta o pai pedir desculpas em nome do filho" penso eu.

[Pai de Júnior]- de jeito nenhum quero te convidar para um jantar em minha casa com nossa família.

[Pedro]- Não-não. Não é para tanto.

[Pai de Júnior]- Venha e traga sua família assim poderemos nos conhecer melhor. Me sentirei feliz se aceitar.

"Ele quer que eu leve minha tia", penso eu.

[Pedro]- Desculpe-me senhor, mas creio que não dará por enquanto, mas posso ver para algum dia.

[Pai de Júnior]- Ok então. Promete que vai pensar?

[Pedro]- Sim prometo. Agora tenho que ir. Tchau.

[Pai de Júnior]- Ok e me desculpe de novo.

Dou-lhe um sorriso e me viro deixando-os sozinhos, ainda dá para ouvir o pai de Júnior com seus sermões.

[Quebra de tempo]

Faz dois dias que fiz aniversário, não tive uma comemoração pelo fato de minha tia nem ligar para isso, então não ligo muito.

Desde do dia que o pai do Júnior falou comigo, seu filho nem sequer me olha nos olhos, fico feliz por não ser mais importunado. Acabou que por insistência do pai dele acabei aceitando o convite de ir jantar com eles.

Estou me arrumando pra sair, nem avisei para minha tinha para onde vou, só disse que iria sair, ela nem deu bola só queria que eu deixasse a casa limpa e a janta pronta.

Ao terminar vou e coloco meu sapato. Não me arrumei muito porque eu não estava muito feliz com isso.

Saio de casa e vou para a casa de Júnior. A casa de Júnior fica a algumas quadras da minha no bairro vizinho.

Dá para se notar as diferenças de casas de um bairro para outro, o bairro deles tem casas maiores e um quintal maior a iluminação é bem melhor aqui.

Chego na casa de Júnior e toco a campainha.

Sou atendido por uma mulher alta e de cabelo claro.

[Mulher]- Olá boa noite você deve ser o Pedro. Prazer Sou a mãe do Júnior.

Ela só acena para mim sem me cumprimentar com sua mão. Junto minhas mãos na frente e abaixo levemente a cabeça para demonstrar respeito.

[Mulher- mãe de Júnior]- Entra vamos, estávamos esperando por você.  A e aliás não veio com ninguém?

[Pedro]- Não “eles” não puderam vir.

Entro e tiro o calçado, deixo no canto da porta.

[Mãe de Júnior]- Não precisava tirar o calçado.

[Pedro]- Sem problemas.

Acompanho ela até a sala de jantar e vejo Júnior, seu pai e uma menina menor.

[Pai de Júnior]- Oh você já chegou. Sente-se.

Me sento à mesa ao lado de Júnior e da menina que provavelmente era sua irmã.

[Pai de Júnior]- Não vai cumprimentar Júnior.

[Júnior]- Oi...

[Pai de Júnior]- desculpe Pedro por ele ser mal educado.

Dou um sorriso forçado para quebrar o clima tenso.

Enquanto jantamos eles perguntavam algumas coisas para me acalmar, até certo ponto que eu já estava um pouco mais confortável com a conversa.

[...]

Terminamos de jantar e sou acompanhado até a porta pela família.

[Pedro]- obrigado pela refeição.

[Mãe de Júnior]- De nada vem mais vezes. Gostamos de conversar com você.

Ao mesmo tempo, Júnior dá um sorriso de sarcasmo.

O pai dele percebe e dá um tapa em sua nuca, dou um pequeno sorriso de canto.

[Pedro]- Ok, tenho que ir agora. Tenha uma boa noite.

Me viro e caminho para casa. A noite está fresca mas sem muito ar.

No meio do caminho a iluminação já não está boa. Começo a ouvir passos atrás de mim e começo a acelerar o andamento.

De repente sinto uma dor de cabeça e fico tonto, caio no chão e desmaio, a última coisa que vejo foi os pés de alguém...

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Comments

cara tóxico

2021-11-06

0

Duda_Zl

Duda_Zl

nossa Vey este júnior é bem mal educado 🤦

2021-04-27

2

Deise💙Fujoshi sem salvação💙

Deise💙Fujoshi sem salvação💙

A cada capítulo mais entusiasmada eu fico.

2020-12-10

4

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