👠 Maitê 👠
Enquanto eu estava me arrumando na minha penteadeira, minha mãe gritou da escada que precisava que eu descesse, ela era a tão eufórica que eu simplesmente desci, e quando cheguei ao final da escada, vi minhas amigas da escola sentadas no sofá, elas estavam olhando várias jóias e o meu vestido de casamento, eu então me aproximei e me sentei no meio da Eva.
Eugênia — Viu só filha? Chegaram tudo, só faltam os sapatos.
Maitê — É, que bom que chegou.
Eugênia — Filha, estou tão feliz em vê-la animada para seu casamento, quando eu tinha sua idade fiquei assim também.
Maitê — Sim, estou muito animada mamãe (sorri)
Minha mãe saiu da sala me deixando sozinha com as minhas amigas, e então todas me mostraram as jóias que eu ia usar, o vestido, era tudo muito lindo, eu até cheguei a sentir uma alegria momentânea, e sorri empolgada, mas logo passou.
Então Eva vendo meu olhar, me disse que estava pensando em ir até uma vidente, a mais famosa daqui de São Miguel, e então decidi ir com ela.
Eva— Vai contar a sua mãe?
Maitê — Não, a minha mãe não acredita nessas coisas. Quando você vai?
Eva— Amanhã mesmo, quero saber se vou ficar com Alfredo, estamos tão apaixonados.
Evinha suspirou ao dizer, e eu a olhei com pena, Alfredo é um homem casado, e eu sei que eles não vão ficar juntos, ele só quer se aproveitar dela.
O dia finalmente chegou, e após a escola eu e Eva fomos até a vidente, ao chegarmos nos sentamos e esperamos ela nos chamar, eu fui a primeira, eu tava ansiosa para saber do meu futuro.
Ela mandou eu me sentar, e eu fiz, ela parecia maluca, começou a falar pra mim sobre outros clientes como se fosse algo comum sair por aí falando de outras pessoas.
Vidente— Diga seu nome inteiro e tire uma carta.
Maitê — Maitê Sanches de Mello.(tirei a carta)
Vidente— Em qual área está interessada?
Maitê — Quero saber se vou ser feliz no meu casamento com o Roberval.
Vidente— Antes, estou a ver aqui que um homem morreu por você, ele está com muita raiva de você.
Maitê — Sim, o Juca, ele se matou porque eu não queria me casar com ele! Mas eu não sinto remorso, ele usou isso para se suicidar, eu não tenho culpa!(digo de cabeça erguida e com firmeza)
Vidente— Ele não quer te ver feliz, ele está com muita raiva.
Maitê — Olha eu vim aqui para saber do meu futuro, do passado eu já sei!
Vidente— Certo, você não vai se casar com esse rapaz, não é ele que está no seu destino!
Maitê — Como assim? Claro que vou me casar, já está tudo marcado, até o vestido já chegou.
Ela me olhou com um sorriso e mandou eu partir outra pilha de cartas, ela então virou cinco cartas e pude perceber o espanto em seus olhos, o que me deixou com um certo medo.
Maitê — O que foi? O que viu?
Vidente — Está tudo aqui, você não vai se casar com esse rapaz, o seu futuro não é com ele.
Maitê — Mas que absurdo é esse? é claro que vamos nos casar!
Vidente — Escute bem o que vou te dizer, o homem do seu destino ainda não cruzou seu caminho, e ele será notado por você em um dia de chuva forte, e ele também notará você nesse mesmo dia!
Maitê — Como assim? A senhora está dizendo que não serei feliz com Roberval? Não faz sentido algum.
Vidente— Você será muito feliz, terá a felicidade que sempre sonhou, mas antes, terá que descer desse seu pedestal de princesa e sofrer muito antes de encontrar esse homem do seu destino.
E então eu fiquei em silêncio, tentando entender como isso poderia fazer sentido na minha vida, ela então continuou.
Vidente— Eu vou te dizer algo específico que vai fazer você entender, no dia dessa tempestade você perderá seu sapato, e será o seu sapato preferido, e o homem do seu destino que vai encontrar esse sapato e te devolver!
Maitê — Meu sapato? A senhora deve estar vendo tudo errado, eu vou sim me casar com Roberval e ser muito feliz! Quanto lhe devo?
Vidente— Me pague na segunda consulta, você voltará muitas vezes ainda.
Eu a olhei com reprovação, e saí de sua sala, Evinha entrou e eu fiquei esperando ela sair, e enquanto isso fiquei pensando nas baboseiras que a vidente havia dito, ela deve ser uma charlatã isso sim, nada faz sentido!
E ter me lembrado do Juca me fez tanto mal, eu obviamente nunca me esquecerei do suicídio dele, mas eu já não pensava mais nisso. O Juca era um rapaz maravilhoso, ele era bom e honesto, namoramos por apenas dois meses, e eu percebi que não gostava dele quando ele me propôs casamento, eu disse não e ele se matou na minha frente, ele atirou na própria cabeça e eu jamais me esquecerei da cena, rezo por ele todos os dias, mas eu não me arrependo de ter dito não a ele.
(...) Evinha saiu da sala da vidente nervosa e revoltada, fomos até minha casa e entramos no meu quarto, e lá ela me disse o motivo do nervosismo.
Eva— Aquela mulher é uma maluca, ela disse que não vou me casar com o Alfredo, ela claramente não bate bem!
Maitê — Concordo, ela me disse que não vou me casar com o Roberval!
Eva— O que? Nossa que charlatã, devíamos denunciar ela!
Maitê — Não, também não é pra tanto! Mas de uma coisa eu sei, vou mandar fotos do meu casamento pra ela, ela vai quebrar a cara!
Eva— Ótima ideia, farei o mesmo quando me casar com Alfredo, mulher doida!
Eva e eu descemos para tomar chá com a minha mãe e sua vó Dona Loló, ficamos conversando sobre o casamento, e eu já estava farta de só saberem falar comigo sobre esse assunto.
Depois que as duas foram embora, eu me peguei triste bebendo o chá, e minha mãe já havia notado o meu "entusiasmo" para casar, e então ela veio me rondar.
Eugênia — No que tanto pensa filha? anda tão avoada.
Maitê — Nada mãe, só preocupada com as provas da escola.
Eugênia — E o casamento? está animada com o seu casamento?
Maitê — Sim, claro, tenho certeza de que serei muito feliz com Roberval, ele é um doce de pessoa (digo e sorrio)
Eugênia — Que bom que pensa assim filha.
Minha mãe sorriu pra mim aliviada, eu por outro lado, fiquei pensativa sobre a vida.
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Atualizado até capítulo 22
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