Lúcia já estava cansada e com fome, não aguentava mais aquelas flores por toda cabana por mais que se esforçasse, não conseguia fazer com que elas sumissem, sempre aparecia mais e mais.
– Tô cansada e com fome! - Gritou ela já com raiva, e imediatamente as flores sumiram.
– Controle suas emoções! Quanto ao almoço, já está pronto.
– Como? Você estava treinando minha mãe com o fogo?
– Exatamente! Ela me ajudou. Passou um pouquinho mas dá pra comer. - disse o mago dando uma gargalhada.
Lúcia correu até a cozinha e viu um frango torrado em cima da mesa.
– Como vou comer isso? Tá tostado.
– Não é esse aí, não! É este aqui. - disse sua mãe rindo da cara de espanto da filha, tirando do forno um frango assado no ponto.
– Vamos comer, estou com muita fome. - disse o mago
– Eu também. - disse Lúcia
Sentando todos na mesa da cozinha, Lúcia pegou uma coxa do frango e de repente um barulho lá fora. O mago se levantou e olhou pela janela, guardas da bruxa vasculharam a floresta.
– Falem baixo, os guardas da bruxa estão lá fora.
– Eles podem nos ver? Cochichou Jéssica
– Não, o feitiço de camuflagem mostra só a floresta.
– Mas e se eles quiserem verificar aqui.
– O feitiço não permite, fazendo com que achem que já passaram por aqui.
Lúcia ficou com a boca aberta sem emitir som algum.
– Vamos sair essa noite, assim a escuridão da noite nos dará vantagem. - Disse o mago. - Vamos comer em silêncio e depois descansar um pouco, antes de sairmos.
Assim os guardas vasculharam, mas não encontraram nada. Mais tarde na escuridão da noite eles deixaram a cabana.
Mesmo no escuro Lúcia ficou admirada, pois conseguia ver. O mago explicou que fadas e magos podiam ver no escuro coisas que os homens da bruxa não podiam, eles precisam de tochas de fogo para isso.
Uma trilha se abriu diante deles como se indicasse o caminho, era lindo ver as cores da noite, Lúcia e Jéssica viam com facilidade os animais que apareceram na floresta, não foi só a vegetação que Lúcia fez voltar, parece que os animais que habitavam também. Tudo parecia tão claro que Jéssica custava a acreditar no que estava vendo.
O sol começou a aparecer, então o mago parou de disse:
– Agora nós vamos ficar expostos, a floresta está acabando, Lúcia agora você terá que se controlar pra não usar seus poderes, a terra estará árida e o sol vai ficar quente na caminhada.
– Eu posso esticar a floresta.
– Não!! Vai nos denunciar.
– Ok, tudo bem, vou me controlar. - falou ela - "Acho que consigo". - pensou ela.
Voltando a caminhar não demorou a chegar no limite da floresta, o que elas viram, deixou Jéssica e Lúcia com o coração apertado. A terra estava cinza, com troncos queimados longe um do outro, mas Lúcia percebeu uma trilha de capim seco, por onde o mago as guiava. Lúcia encostou num tronco queimado, percebeu que era carvão.
– O que aconteceu aqui? Jéssica perguntou
– A bruxa pós fogo em tudo, matando animais, pássaros e fadas da floresta.
Lúcia se controlou para não reviver a floresta, e sem perceber o tronco que ela tinha tocado foi se tornando uma árvore viva. Quando terminou de se encher de vida eles já estavam longe.
Já era 12:00 o sol estava escaldante. O mago fez chapéus para elas. Ele também tirou da sacola que carregava umas barrinhas, que não parecia ser nada gostoso, mas Lúcia comeu mesmo assim, não era ruim, mas também não era gostoso, mesmo assim saciou sua fome.
– Vamos nos disfarçar agora. - disse mago e balançando a mão e num passe de mágica as roupas do mago mudaram para roupas de camponês. - Estamos chegando na divisa das floresta morta e o deserto de pedra..
– Deserto de pedra? Pergunta Lúcia
– Sim, não era deserto antes, era cidade, mas a Majestade a destruiu.
– Majestade?!! Indagou as duas ao mesmo tempo.
– É como teremos que nos referir a bruxa, na divisa tem um posto da guarda negra, teremos que atravessar o deserto de pedra para chegar ao nosso destino no final da tarde, Lúcia segura a Belinha no colo, e se perguntarem ela é sua comida, que está engordando pois está muito magrinha.
– Como? Esse povo come cachorro?
– Qualquer coisa que se mova na verdade.
Jéssica e Lúcia sentiram um frio na espinha. Estava se aproximando da divisa e Jéssica avistou uma construção como um portão gigantesco. Alguns guardas estavam de prontidão. Eles passam devagar para não levantar suspeitas. Mas mesmo assim um dos guardas indagou:
– O que você leva aí? Menina?
– Devagar, calma, responda que é comida.
– Tô esperando, menina! Disse o guarda mais alto.
– É só comida. - Lúcia responde tremendo.
O guarda olha Belinha no colo de Lúcia e dá um sorriso maldoso.
– Passa pra cá. - ordena o guarda para Lúcia
Lúcia segunda Belinha mais forte e sua reação alerta o guarda que aponta sua espada para eles.
– Não há necessidade de ficar com o cachorro, tá muito magrinho, não tem gordura alguma. - Argumenta o mago para o guarda
– Comida é comida, gordo ou não passa esse cachorro pra cá. - Ordenou o guarda.
– NÃO!!! - grita Lúcia - Você não vai comer a minha Belinha.
Lúcia sai correndo, mas é cercada por vários guardas, que a seguram e tentam pegar Belinha que pula do colo e começa a latir, mas os guardas não conseguem pegá-la.
Neste momento Jéssica vê os guardas segurando sua filha, o sangue fervilhando entra em chamas e queima o primeiro guarda que queria comer a Belinha.
– Uma fada do fogo, pegue-a!
O mago se revela e com uma rajada de vento derruba os guardas. Jéssica lança alguns feixes de fogo nos guardas que seguram Lúcia que a soltam. Lúcia corre e chama por Belinha, que corre com ela, o mago e Jéssica também correm. Depois de correrem uns 200 metros aparece muitos guardas, que cerca o trio.
Lúcia fecha os punhos e bate um dos pés no chão, provocando uma explosão de luz cegando os guardas e deixando-os no chão. Eles correm até não serem alcançados. Deixando para trás um tapete de grama verde e flores, fazendo um caminho de grama por onde ela passa.
Parando de correr por cansaço, o trio sentou nas pedras.
– Acho que estamos longe. - Diz o mago ofegante.
– Mãe, o que foi aquilo? Você ficou envolta por um fogo azul?!!
– Escondendo seu poder né minha bisneta, nunca houve uma fada do fogo azul antes e das fadas de fogo, o azul é o mais poderoso.
– Eu não sabia que era possível. - disse Jéssica cansada de correr. - E você, minha filha, que explosão foi aquela.
– Só reagindo na defesa. - Lúcia respirava rápido devido a correria. Belinha pula no seu colo e Lúcia se acalma.
– Sabe, eu percebi uma coisa. - diz o mago - você se acalma com Belinha no colo, acho que você deve carregá-la, assim você não vai fazer um tapete verde. - disse apontando para a trilha de grama verde deixada por Lúcia.
As duas ficaram com a boca aberta, pois só perceberam porque o mago falou.
– Temos que ir já descansamos bastante, vai demorar um pouco mais pra chegar no nosso destino, acho que desviamos um 4 km. - pondo a mão no queixo - tive uma ideia.
***
Os guardas acordaram e começaram a seguir o tapete de grama verde.
– Eles foram por aqui.
No final da trilha perceberam um círculo verde de grama e flores nas pedras, havia também três caminhos de grama, o que eles vieram, um bem curtinho a nordeste, outro mais longo a sudeste.
– Acho que eles foram por aqui, sargento - falou um dos guardas.
– Acho que não. - Respondeu o sargento - Eles foram por aqui pelo caminho mais curto, esse caminho aí é só pra despistar.
Então os guardas seguiram para nordeste.
– E se eles voltaram pelo caminho…
– Não seja tolo, o caminho de volta só dá em dois lugares, o posto da guarda ou o vulcão Curpe. Acho que eles não iriam pra nenhum desses lugares. - Falou o sargento.
No posto da guarda, o comandante, chefe da guarda da bruxa, chega até o local. Se dirigindo a sentinela:
– Onde está a garota?
– Ela fugiu, comandante.
– Como vocês deixaram ela escapar? - bravejou ele. - onde está o chefe do posto?
– Está alí. - Apontando para um monte de carvão que antes era o chefe.
– Então a princesa não está sozinha. Temos uma fada do fogo com ela.
– E um mago elemental também. – Disse a sentinela abaixando a cabeça e se afastou um pouquinho temendo a reação do comandante.
– Por raios que os partam em mil pedaços, sua majestade não vai gostar disso. - disse o comandante com muita raiva. - por onde eles foram?
– O sargento seguiu pela trilha de grama deixada pela garota, acho …
– Menos mal. - interrompeu ele - vamos atrás deles então - E montando em seu cavalo junto com sua tropa seguiu pelo menos caminho.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 42
Comments