Capítulo 2

   Subi os largos degraus de granito do prédio da biblioteca e passei pelos corredores até a sala do meu professor Quinlan. Ele estava olhando atentamente para a tela do computador, quando bati a porta ele se virou na cadeira.

   — Elena! Minha empreendedora de startup virtual preferida!

  Seu sotaque irlandês tagarela tinha se tornado menos Evidente depois de ter morado nos Estados Unidos por tanto tempo. Eu ainda achava adorável e me apegava a cada palavra.

  — Me diga, como é a liberdade?

  Ri um pouco, contente com seu entusiasmo genuíno ao me ver. Quinlan era um homem atraente, nos seus cinquenta e poucos anos, com cabelo grisalho e olhos azuis gentis.

  — Ainda me acostumando, para ser sincera. E você? Quando começa o período sabático?

  — Vou para Dublin em algumas semanas. Você precisa ir me visitar se tiver tempo este ano.

  — Eu adoraria, é claro — respondi.

   Como este ano seria para mim eu esperava cuidar da minha empresa em meio às dores do início, mas, na verdade, eu não fazia ideia do que esperar.

  — Por algum motivo, sinto que seria estranho ver você fora da universidade, professor.

   — Não sou mais seu professor, Elena. Me chame de Brendan, por favor. Agora sou seu amigo e seu mentor e certamente espero que a gente se veja mais do lado de fora destas paredes.

  As palavras do professor atingiram-me com força e tinha sido incrivelmente incentivador nesses últimos anos, guiando-me em minha graduação e fazendo contatos para que eu pudesse seguir em adiante com meu negócio. A líder de torcida incansável toda vez que eu precisava de um empurrão.

  — Não tenho como agradecer o suficiente. Quero que você saiba disso.

  —Ajudar pessoas como você, Elena, é o que me faz levantar pela manhã. E o que me mantém longe do bar.

  Ele me deu um sorriso torto, revelando uma única covinha.

   — E o Max?

  — Bom, infelizmente, a ânsia de Max pela bebida e pelas mulheres era bem maior que sua ambição por sucesso nos negócios, mas parece que ele se deu bem no fim das contas. Não sei se ajudei em alguma coisa no caso dele, mas quem? Nem todos são como você, querida.

   — Tenho tanto medo que as coisas com a empresa acabem não dando certo a longo prazo — admiti, torcendo para que ele tivesse alguma clarividência que me faltava.

   — Não tenho dúvidas que você vai ser bem- sucedida, de um jeito ou de outro. Se não for nisso, vai ser em alguma outra coisa. Nenhum de nós sabe para onde a vida nos levará, mas você está sacrificando seu trabalho duro para perseguir seus sonhos. Enquanto vc se mantiver fiel a seus sonhos, e preservar em primeiro plano na sua cabeça, vice estará indo na direção certa. Ao menos, é isso que digo a mim mesmo.

   — Parece correto para mim.

  Meus nervos estavam à flor da pele de ansiedade por causa da reunião de amanhã de manhã, que seria um momento de decolar ou de afundar para a empresa e para mim. Eu precisava de todo o encorajamento que pudesse conseguir.

   — De qualquer forma, eu te aviso quando eu chegar a conclusão — prometeu ele.

  Eu o admirava bastante, mas eu não sabia se devia né sentir inspirada ou desencorajada, sabendo que ele, às vezes, também se sentia tão incerto quanto eu agora.

   — Enquanto isso, vamos ver o que você tem para o nosso amigos Max amanhã.

  Ele apontou para a pasta no meu colo e abriu espaço na mesa.

   — Com certeza.

  Coloquei meu plano de negócios e minhas anotações ali e começamos a

****************

   A recepcionista da Angelcom Venture Group lançou-me um olhar questionar antes de levar-me até a sala de reuniões no fim do corredor. Dei uma checada em mim mesma, certificando-me de que não havia nada bizarramente fora do lugar. Até agora, tudo bem.

   — Fique à vontade, senhorita Hathaway. O restante do grupo deve chegar em breve.

   — Obrigada — repondi educadamente, feliz pela sala ter ficado momentaneamente vazia.

  Respirei fundo, deslizando os dedos pela beirada da mesa até chegar a uma parede de janelas com vista para o porto de Boston. A admiração misturou-se à minha ansiedade crescente. Em pouco tempo, eu estaria cara a cara com os investidores mais ricos e influentes da cidade. Eu me sentia muito distante da minha zona de conforto, aquilo não era nem um pouco engraçado. Respirei fundo e sacudi as mãos ansiosamente, querendo que meu corpo relaxasse um pouco.

   — Elena?

  Virei-me. Um homem jovem, mais ou menos da minha idade, com cabelos loiros divididos cuidadosamente na lateral, olhos azuis escuros e vestindo um terno de três peças aproximou-se de mim.

Maxwell.

......................

   Apertamos as mãos.

   — Você deve ser Maxwell.

   — Por favor, me chame de Max.

   — O professor Quinlan me falou muito de sobre você, Max.

   — Não acredite em nenhuma palavra.

  Ele riu, deixando a amostra dentes perfeitamente brancos contrastando com um bronzeado que me fez pensar em quanto tempo de fato ele passava na Nova Inglaterra

   — Só coisas boas, juro — menti.

   — Isso é legal da parte dele. Eu devo uma a ele. Este deve ser seu primeiro pitch ?

   — Indubitavelmente.

   — Você vai se sair bem. É só se lembrar que a maioria de nós já esteve no seu lugar antes.

   Sorri e concordei com a cabeça, sabendo que as chances de Max Pope, herdeiro do magnata do transporte Michael seu pai, por meros dois milhões de dólares, eram de poucas a nenhuma. Mesmo assim, ele era o motivo pelo qual eu estava ali aquela manhã, e eu era grata por isso. Quinlan sabia exatamente quando cobrar um favor.

   — Sirva- se, os doces são deliciosos.

  Ele apontou para o farto buffet de café da manhã na parede. O nó no meu estômago discordou dele. eu precisava me acalmar. Não consegui nem digerir café está manhã.

   — Obrigada, mas estou bem.

  À medida que os investidores iam aparecendo, Max apresentava-me, e eu fiz o meu melhor para conversar fiado, chingando em silêncio a Alli, minha melhor amiga, sócia ausente e marqueteira de plantão. Ela era capaz de ter diálogos interessantes até com uma lata de sopa, enquanto eu só tinha cabeça para os fatos e os números que estava preparada para apresentar, o que não era ideal para bater um papo com pessoas que eu nunca tinha visto antes.

  Quando as pessoas começaram a acomodar-se à mesa, posicionei-me do lado oposto, organizando e dando uma olhada na minha papelada pela vigésima vez. Chequei o relógio na parede à minha frente. Eu tinha menos de vinte minutos para convencer aquele pequeno grupo de estranhos de que valia a pena investir em mim.

   O ruído de vozes silenciou, mas quando olhei para Max para que ele me desse a deixa para começar, ele apontou para a cadeira central vazia a minha frente.

   — Estamos esperando por Landon.

  Landon?

  A porta se abriu. Puta merda. Esqueci como respirar. Meu homem misterioso entrou — Um metro e oitenta de glória masculina —, não se parecendo em nada com seus colegas de terno. A camisa de gola V preta destacava seus ombros e peito esculturais e o jeans gasto caia no corpo dele como uma luva. Minha pele arrepiou com o pensamento de ter aqueles braços em volta de mim de novo, acidentalmente ou não.

   Munido de um café gelado tamanho jumbo, ele se largou na cadeira à minha frente, parecendo iguinorar o fato de estar atrasado ou sua própria falta de formalidade, e lançou-me um sorriso de conhecimento. Ele era uma pessoa completamente diferente do profissional garboso em que eu, por muita sorte tinha trombado aquela noite.

  Ele sofria de um caso maravilhoso de cabelo rebelde, seus fios castanho- escuros, espetados em todas as direções, implorando por meus dedos. Mordi o lábio inferior em uma tentativa de esconder minha apreciação natural pelo corpo daquele homem.

   — Este é Blake Landon — disse Max — Blake, Elena Hathaway. Ela está aqui para apresentar sua rede social de moda, Clozpin.

   Ele ficou imóvel por um momento.

  — Nome inteligente. Você a trouxe aqui?

  — Sim, temos um amigo em comum em Harvard.

   Blake acenou compreensivamente com a cabeça, prendendo-me em seu olhar penetrante que me fez corar instantaneamente. Ele lambeu os lábios. Aquele simples ato teve o mesmo efeito em mim que na primeira vez em que nos vimos.

   Respirei fundo e cruzei as pernas, plenamente ciente das sensações que ele inspirava no meio delas. Recomponha-se, Elena. A bola de nervosismo que estava habitando meu estômago há poucos segundos tinha explodido em uma energia sexual arrebatadora, que estava me fazendo pulsar da ponta dos meus dedos às regiões mais inferiores.

   Expirei lentamente e alisei as lapelas do meu blazer preto, repreendendo a mim mesma em silêncio por estar excitada em um momento tão incrivelmente inoportuno. Comecei a gaguejar minha apresentação. Expliquei a premissa do site e segui para um breve esboço do nosso ano de marketing básico e do crescimento exponencial resultante, tentando desesperadamente me manter focada . Cada vez que Blake e eu fazíamos contato visual, meu cérebro começava a entrar em curto-circuito.

  Então, ele me interrompeu

   — Quem desenvolveu o site?

   — Meu sócio, Sid Kumar.

   — E onde ele está?

   — Infelizmente, meus sócios não puderem comparecer aqui hoje, apesar de quererem muito.

   — Então, você é a única na sua equipe dedicada ao projeto nesse momento?

   Ele ergueu uma sobrancelha e recostou-se casualmente a cadeira, dando-me uma visão melhor de seu tronco.

Forcei-me a não admirar.

   — Não, eu...— Tive dificuldades em formular uma resposta honesta. — Acabamos de nos formar, então, nosso nível de envolvimento nos próximos meses vai depender enormemente da estabilidade financeira do projeto.

   — Em outras palavras, a dedicação deles depende de financiamento.

   — De certa forma.

   — E a sua?

   — Não — respondi secamente, imediatamente defensiva com a acusação.

  Eu tinha dedicado minha vida àquele projeto por meses, pensando em mais nada.

   — Continue. — Ele fez um gesto para que eu prosseguisse. Respirei fundo e dei uma olhada em minhas anotações para retomar o fio da meada.

   — Nessa conjuntura, estamos buscando uma injeção de capital para que o marketing aumente o crescimento e o rendimento.

   — Qual sua taxa de conversão?

   — De visitantes a usuários registrados, cerca de vinte por cento...

   — Certo, mas é os usuários pagos? — interrompeu ele.

   — Cerca de cinco por cento dos nossos usuários fazem o upgrade para contas premium.

   — Como você pretende melhorar isso?

  Batuquei impacientemente com os dedos na mesa,tentando manter na linha meus pensamentos dispersos. Cada pergunta que ele fazia suava como um desafio ou um insulto, efetivamente esmagando qualquer discurso animador que eu tinha feito a mim mesma antes desta reunião. Oscilando à beira do Pânico, olhei para Max em busca de um sinal de esperança. Ele parecia levemente surpreso pelo que eu achava ser típico do sr. Landon. Os outros dividiam olhares vazios entre seus cadernos de anotações e eu, demonstrando nenhum sinal de interesse por nada.

  Por uma fração de segundo, eu tinha achado que o encontrão da noite passada significaria que ele pegaria leve comigo, mas parecia que não. O homem misterioso estava se mostrando um tanto babaca.

   — Temos no focado em construir e manter o plano básico de membros, que, como eu mencionei, está crescendo viralmente. Com uma base sólida de consumidores potenciais, esperamos atrair mais varejistas e marcas do segmento e aumentar o número de membros pagos.

   Pausei, preparando-me para mais uma interrupção, mas o celular de Blake iluminou-se silenciosamente, misericordiosamente distraindo-o . Aliviada por finalmente estar fora do microscópio dele, finalizei com a análise dos concorrentes e projeções financeiras de meu tempo acabar.

  Um silêncio constrangedor aterrissou na sala.Blake tomou um gole de café, fechou a tela do celular e eu colocou de volta na mesa.

   — Você está namorando alguém?

  Meu coração palpitou em meu peito e meu rosto ficou quente, como se tivesse me dado uma bronca na sala de aula inesperadamente. Se eu estava namorando alguém? Fiquei olhando para ele em choque, sem saber ao certo se entendia completamente a implicação daquela pergunta.

   — Como?

   — Relacionamentos podem ser distrativos. Se você em que conseguir os fundos de que você precisa deste grupo, este pode ser um fator que vai afetar o seu potencial em crescimento. Eu não tudo errado. Como ser a única mulher da sala não fosse pressão suficiente, ele estava colocando um holofote na minha situação amorosa. Babaca misógino. Cerrei os dentes, desta vez para impedir-me de perder a calma, mas não ia achar graça daquele comportamento inapropriado dele.

   —Posso lhe garantir, sr. Landon, que estou cem por cento comprometida com este projeto — falei, minha voz grave e firme. Meus olhos encontraram os dele e fiz o meu melhor para comunicar o quanto eu não estava impressionada com aquela atitude dele. — Você tem alguma outra pergunta relacionada à minha vida pessoal que irá influenciar sua decisão hoje?

   — Não, acho que não. Max?

   — Hum, não, acho que já sabemos bastante. Cavalheiros, estão prontos para tomar una decisão? — Max sorriu e gesticulou para os outros.

   Os outros três homens de terno concordaram com a cabeça e, um após o outro, eles elogiaram meu esforço e, na sequência, expressaram sua decisão de expressar o projeto adiante .

  Blake olhou-me nos olhos, pausando por um momento, antes de dar seu veredito com tanta casualidade quanto ele tinha me devastado aquela manhã .

   — Eu passo.

  Sirenes de pânico começaram a gritar e lágrimas ameaçaram cair rapidamente seguidas por minha voz interior, ela estava elaborando um discurso de adeus para o sr. Landon queria dizer a ele para onde ir e como chegar lá. Olhei para Max, esperando pelo golpe final.

   — Bom, Elena, acho que você criou uma comunidade realmente excelente com isso e com certeza gostaria de ouvir mais a respeito. Vamos marcar um horário nas próximas duas semanas para uma nova reunião e podemos conversar mais sobre a logística. Depois disso, vamos decidir se queremos oferecer um acordo a vocês. O que acha?

  Doce alívio. Queria pular por cima da mesa e abraçar Max.

   — Seria maravilhoso . Aguardarei ansiosa.

................

   — Ótimo. Acho que terminamos aqui então.

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