A Princesa da Máfia E o Herdeiro do Alemão

quebra de tempo

Dois meses se passaram desde a invasão que colocou Gabriel entre a vida e a morte. O Morro do Alemão ainda se recuperava da dor e da incerteza. A presença do BOP ainda pairava sobre o local, e a rotina estava longe de ser normal. Mas, para Alissa, o mundo parecia ter parado naquele momento, quando Gabriel foi levado para o hospital, entre a vida e a morte.

Ela se via em uma espiral de tristeza, incapaz de se livrar da dor que sentia. As meninas tentavam de tudo para animá-la, mas nada funcionava. Falar de festas, tentar tirá-la para sair, tudo parecia inútil. Ela não queria mais sair de casa. Mal ia ao almoço na casa de Dona Gabriela, e mesmo assim, apenas para não ser mais um peso para a família.

Melissa, por outro lado, estava com a cabeça em outro lugar. Ela e Mateus estavam fazendo o que podiam para lidar com a gravidez. A situação não era fácil, mas o amor entre eles parecia crescer a cada dia. Embora as dificuldades estivessem sempre presentes, especialmente com a ameaça do BOP e o risco constante de perderem tudo, Melissa se manteve forte. Ela tentava ser a rocha para Mateus e para si mesma, mas a preocupação com Gabriel ainda pesava em seu coração.

Nesse período, o BOP subiu o morro do Alemão à procura do SUB, sabendo que o dono estava em coma. Durante a invasão, um tiro atingiu Felipe, que quase perdeu a vida. O impacto da bala não foi fatal, mas o golpe foi sério. Ele passou duas semanas no hospital, e as três semanas seguintes foram um tormento para todos. Quando Felipe voltou para casa, ainda frágil, ele e Cecília estavam diferentes. O medo de perdê-lo havia tirado qualquer reserva que ela tinha em relação aos sentimentos que guardava. Ela finalmente assumiu, em meio a lágrimas e desespero, que amava Felipe. Ela não sabia como teria sido sua vida sem ele, e a ideia de perder o homem que tinha se tornado tudo para ela a fez desmoronar.

Felipe, embora abalado pela experiência, sentiu uma força renovada ao ver a dedicação de Cecília. Ela esteve ao seu lado o tempo todo, e seu apoio o fez entender que precisava lutar por aquilo que amava. Ele não queria mais esperar. Não queria mais ser apenas o amigo, o companheiro que nunca se arriscava. Ele queria ela, e estava disposto a fazer de tudo para que ela soubesse o quanto significava para ele.

Em uma noite, quando a lua cheia iluminava o morro, Felipe pediu Cecília em namoro. Ele sabia que ela havia sentido a mesma coisa, mas precisava oficializar aquilo. Cecília, com os olhos marejados, aceitou. Ela nunca se sentiu tão feliz e tão segura ao mesmo tempo. O amor que tinha por ele finalmente podia ser vivido sem medo de não ser correspondido.

Alissa observava tudo de longe, ainda imersa em sua dor. Embora tentasse se alegrar pela felicidade dos outros, seu coração ainda estava dividido. Ela sabia que amava Gabriel, mas o peso da situação a mantinha afastada. Ela não sabia como seria possível superar o medo de perder tudo, de perder ele. Todos os dias, ela se perguntava se realmente tinha direito de amar alguém depois de tão pouco tempo juntos. Mas, na verdade, o que ela sentia por ele ia além de simples palavras ou gestos. Era algo que transcendeu o físico, o tempo, a razão.

A casa estava mais silenciosa do que nunca, com todos tentando lidar com seus próprios medos e angústias. Cada um estava lutando suas batalhas internas, enquanto o Morro do Alemão ainda respirava com dificuldades, tentando se erguer de tudo o que havia acontecido. Gabriel ainda estava em coma, e não havia nenhuma garantia de que ele acordaria. Mas para Alissa, ele ainda estava ali, em algum lugar, esperando por ela.

"Como ele está?" Cecília perguntou suavemente, olhando para Alissa enquanto elas tomavam café na varanda, naquele momento de silêncio profundo.

Allissa levantou os olhos para ela, tentando forçar um sorriso. "Ele vai ficar bem." Mas, por dentro, ela não tinha tanta certeza. Não sabia mais o que esperar. Tudo o que ela sabia era que amava Gabriel com cada fibra de seu ser, e isso parecia o suficiente para ela, mesmo que o mundo ao redor estivesse desmoronando.