É estranho porque sonhei como me afogava aos poucos em um mar imenso. Nem sequer fiz algo para sair dali, apenas deixei que meu peso me afogasse até o mais profundo.
Capaz que dessa maneira ninguém me encontre e, por fim, estar em paz. Que lástima que era um sonho e não a realidade. Porque os raios de sol me despertaram. Não tinha forças para levantar-me. Não as tinha para nada.
Mas não gostaria de faltar às aulas e atrasar-me. Porque sei muito bem que ninguém me emprestará o caderno para pôr-me ao dia. Levantei-me com toda a preguiça e depressão do mundo.
Outro dia enfrentando minha crua realidade e minha má sorte que me persegue como o sol e a lua. Não me deixa nem de dia nem de noite.
Tomei banho e vesti uma roupa leve. Calças soltas e uma manga comprida de gola alta. Nas manhãs fazia muito frio e não correrei o risco de congelar-me. Quero morrer, mas não assim.
Desci as escadas até chegar à sala de jantar. Peguei um pão e um suco de laranja, só comerei isso pelo caminho. --- Mas vejam quem se dignou a descer ---
Outra voz molesta que atormenta meus sensíveis ouvidos anti cobras. --- A raposa ou, mais dito, o corno Emil. ! Ha!, o deixaram por outra raposa. Quem diria --- Karen, minha irmã por parte de pai que só respira para arruinar e afundar mais meu mundo.
--- ¡Karen! Não fale assim de seu irmão --- Ordenou meu pai a Karen, que revirou os olhos sem importar-se. ---Papai, só digo o que é e o que se vê. --- Se defendeu cruzando os braços.
--- Dante Amor. Não brigue por algo que não tem sentido --- Falou a cadela Nicol beijando os lábios de meu pai como uma raposa verdadeira.
--- Nem tente "Papai" --- O fiz entre aspas com meus dedos --- Já vou para não incomodá-los com algo sem sentido ---
Olhei com ódio para as três pessoas, peguei a mochila que sempre deixo no sofá e saí batendo a porta atrás de mim.
Desta vez não gastaria minha saliva para defender-me de algo que não ganharia e que sei que nunca poderei ganhar. O porquê é simples, meu pai está do lado deles, ainda que tente às vezes estar do meu, e isso eu odeio.
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Ao chegar à Universidade, fui direto aos armários, não queria falar com ninguém, nem com o anjo de Paul. Ainda que sei que quando o encontre vai perguntar-me milhares de coisas e não creio estar pronto para responder inteligentemente. Nem inteligente sou.
Peguei meus livros e pus-me a caminhar até a sala onde teria minhas primeiras aulas. Hoje, na primeira hora, me toca Literatura, o que mais odeio de todos os cursos.
Não é por nada, mas nem sequer sei a história de meu país. Sim, sou mais mula que a própria mula. E aceito, não fingirei algo que não sou.
Ao chegar à sala de aula sentei-me novamente na parte de trás. Se nos outros cursos me tiram e apenas posso pensar uns 10%, muito menos em Literatura, e quero passar despercebido da professora, que é uma bruxa.
A aula transcorreu normal, mas para mim era um tormento, sem dar-me conta adormeci no meio das aulas. Era tão tranquilo e pacífico até que escutei barulho e gritos de emoção das alunas.
Franzi a testa e tapei os ouvidos, mas foi inútil, era demasiado escandaloso. Abri os olhos e na porta havia gente amontoada como se tratasse de alguém famoso ou algo.
Depois um homem abriu caminho entre as pessoas e caminhou direto a mim. Sua roupa era como um uniforme formal e trazia um microfone pequeno em sua camisa. Mas o que mais destacava era que trazia um grande buquê de rosas.
Essas rosas que custam uma casa inteira. Mas por que caminhava em minha direção? Voltei-me para olhar se alguém estava atrás de mim. Que idiota da minha parte, estou sentado na última fila. Óbvio que não havia ninguém atrás de mim.
Então?... Era para mim? Eu?
--- O senhor é o senhor Emil Meyer? --- Perguntou-me aquele homem. Ao qual assenti.
--- Perfeito. Este buquê é por parte de meu senhor. Por favor, aceite isto. --- Entregou-me o buquê de flores e, sem poder perguntar algo, foi-se de minha vista.
Eu fiquei boquiaberto. Isto era para mim? Por acaso era uma brincadeira? Não creio, porque se o fosse não gastariam algo tão caro em mim.
Mas minha grande pergunta é... Quem me enviou?
Continua...
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Atualizado até capítulo 76
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