Capítulo 4 - Escolhi Sacrificar Nosso Amor

Pierre respirou fundo e respondeu com uma voz calma:

Pierre Achille: Tia Rita, espero que você lembre por que estou aguardando um pouco antes de voltar para o banquete. Meu rosto ainda está claramente inchado e não pode ser disfarçado com maquiagem. Se eu voltar agora e alguém notar, podem especular que houve um problema entre nós, ou pior, que algo ocorreu com a família Achille. Como hoje é o banquete de noivado da Caterinna, acredito que você preferiria evitar qualquer rumor indesejado.

Pierre Achille: Em vez de aparecer com um rosto brilhante e inchado com uma marca de mão no banquete e criar fofocas sobre a família Achille, pensei que era melhor ir embora primeiro. Tia Rita, o que você acha?

Rita Joly Achille: Uau, bom trabalho, Pierre! Eu não tinha ideia de que você agora era tão inteligente.

Rita retrucou duramente e desligou.

A atitude dela não teve efeito em Pierre. Pierre desligou o telefone e fingiu que nada aconteceu.

...──⋆⋅☆⋅⋆ ──...

O táxi então parou em frente a casa de Pierre. Ele morava no campus desde a universidade e, depois de se formar e conseguir um emprego, alugou uma casa de dois quartos com sua colega de dormitório da universidade. Ele nunca mais voltou para a casa da família Achille para ficar desde então.

Somente quando a família Achille precisava manter as aparências com pessoas de fora é que eles o contatavam para voltar.

Hoje era sábado. No momento em que Pierre entrou, ele viu Elena Duvak, que estava com uma faixa no cabelo, saindo do banheiro enquanto escovava os dentes. Ela obviamente tinha acordado de um longo e preguiçoso cochilo.

Elena Duvak: Por que você chegou em casa tão cedo? O banquete já deveria ter começado. Porra, o que aconteceu com seu rosto? Por que você levou um tapa?

Os olhos de Elena ainda estavam atordoados e ela gritou depois de dar uma boa olhada em Pierre. Ela cuspiu um pouco de espuma de pasta de dente no momento do ataque. Pierre limpou a espuma do rosto e respondeu casualmente:

Pierre Achille: Rita achou que eu estava emocionalmente instável e parecendo infeliz ela ficou 'preocupada' que eu pudesse causar algum tumulto no banquete de noivado, ela me deu um tapa para me ensinar uma lição. Não posso aparecer assim e dar motivos para as pessoas falarem, então decidi voltar para casa mais cedo.

Elena se virou de volta para o banheiro para cuspir a pasta de dente e gargarejou duas vezes. Ela saiu rapidamente, esquecendo de colocar a escova de dente de volta e brandindo-a em suas mãos.

Elena Duvak: Eu te falei que você não deveria ter saído com um canalha como o Dante. Ele deve pensar que você está tão apaixonado por ele, tanto que você está lá especificamente para criar problemas.

Pierre Achille: Você adivinhou...

Elena Duvak: Já chega dessa família Achille. Só porque eles te acolheram por alguns anos não significa que eles podem te tratar de forma tão desumana!

Elena também sabia que a razão pela qual Pierre compareceu ao banquete foi que a Senhora Benedita havia pessoalmente solicitado que ele estivesse presente.

Pierre pode não ouvir ninguém, mas ele sempre cederá com a Senhora Benedita.

Pierre Achille: Eles me adotaram, afinal. Vou pensar em uma maneira de retribuí-los no futuro. Vou apenas evitá-los por enquanto.

Pierre deu um sorriso, mas sua bochecha estava doendo. Não era tão doloroso antes, mas piorou com o passar do tempo. Um 'ai' baixo foi ouvido, e Elena quis ir buscar um remédio.

Pierre Achille: Está tudo bem, tenho remédios aqui.

Elena Duvak: Você comprou no caminho de volta?

Pierre assentiu com ar culpado e disse que queria ir para o quarto tirar uma soneca. Assim que fechou a porta do quarto, Pierre perdeu toda a energia e seus ombros caíram.

Ele andou até a penteadeira e sentou-se em frente a ela. Então, ele espremeu a pomada medicamentosa na ponta do dedo e a aplicou no rosto. A sensação inicial de queimação desapareceu e esfriou quando ele aplicou a pomada que cheirava levemente a menta. Pierre massageou a pomada até que ela fosse totalmente absorvida pela pele antes de deitar-se na cama, apático.

Nesse ponto, ele estava tomado pela raiva e pelo desdém por Dante, e não tinha certeza se realmente havia superado o relacionamento.

Eles se conheceram no primeiro ano de universidade e namoraram por quatro anos, até Pierre se formar. Após a graduação, Dante conseguiu um emprego e, por falta de experiência, precisou se dedicar mais, o que fez com que passassem menos tempo juntos.

Pierre sempre ligava para ele e nunca duvidava quando ele dizia estar ocupado demais. Mesmo assim, ao telefone ou pessoalmente, ele continuava gentil, dizendo o quanto era feliz por tê-lo ao seu lado.

"O que fiz para merecer um namorado tão atencioso como você? Ao contrário de outros, você não se irrita quando estou ocupado. Sua compreensão é rara, e muitos fariam de tudo para ter alguém como você. Amor, prometo ser bom para você."

Mais tarde, ele apareceu com Caterinna na frente dele. Caterinna orgulhosamente o apresentou como seu namorado e anunciou o noivado deles para a família. Pierre ficou incrédulo por um momento. Ele pensou que era um grande mal-entendido. No entanto, Dante falou:

Dante Ulisses: Pierre, no nosso mundo, amor não basta. Há ambições e um futuro a proteger. Desistir de tudo por amor é fraqueza, e eu não sou fraco. Se você fosse o herdeiro legítimo dos Achille, talvez fosse diferente. Eu te amo, mas não posso me casar com você. O que tivemos foi puro, mas o laço com Caterinna é complexo e cheio de interesses. Alfas são moldados para fazer sacrifícios para um bem maior, e eu escolhi sacrificar nosso amor. Sinto muito.

O amor mais puro não teve comparação diante do materialismo.

Pierre zombou quando disse isso. Ele já havia se despedido de seu relacionamento de quatro anos. Talvez nem fosse amor. Como poderia ser amor quando poderia ser facilmente sacrificado pelo materialismo...

De alguma forma, Pierre sonhava com sua vida no orfanato antes de completar sete anos, ele sonhava com o garoto que conheceu quando tinha seis anos no quintal do orfanato. O garoto estava rastejando para dentro do quintal vindo de fora.

Ele usava um suéter xadrez azul com decote em V por cima de uma camisa branca e uma calça de uniforme que parecia uma calça de terno. Ele ficava bem nas roupas, mas também estava muito desleixado.

Quando ele escalou o muro, ele estava uma bagunça. Ele encarou Pierre com seus olhos negros, Pierre estava completamente hipnotizado porque nunca tinha visto olhos tão lindos antes.

"Não quero ir para casa agora que tudo mudou", ele disse. "Você não deve contar a ninguém que estou aqui."

"Eu vou passar um tempo com você todos os dias. O que você gostaria de comer amanhā?"

Ele disse: "Eu cuidarei de você de agora em diante."

Pierre esqueceu a maioria das palavras dele, mas lembrava vagamente da voz engraçada na puberdade e do constrangimento que tentou esconder. O que não esqueceu foi o olhar orgulhoso e a gentileza nos olhos dele.

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