*A dançarina misteriosa*
Quarta-feira, 18h30
Depois de um longo dia de aula, Emily, Sofia e Victor chegaram em casa exaustos. A nova escola era bem diferente da que estavam acostumados, e a barreira da língua, mesmo que mínima, ainda era um desafio. Pedro, o pai deles, os esperava na sala com um sorriso que parecia forçado.
— E aí, como foi o primeiro dia na escola nova? — perguntou ele, enquanto desligava a televisão.
Victor jogou a mochila no chão e se jogou no sofá.
— Foi... diferente. Os professores são bem exigentes, mas até que não é tão ruim.
Pedro olhou para Emily, que estava sentada na poltrona.
— E você, filha? O que achou?
Emily demorou a responder. Queria ser sincera, mas sabia que qualquer crítica seria recebida com justificativas ou sermões.
— Foi tudo bem. As pessoas são simpáticas, mas é estranho começar do zero.
— E você, Sofia? — Pedro insistiu, olhando para a mais nova.
— Fiz algumas amigas — respondeu Sofia, enquanto mexia no celular. — Elas são legais.
Pedro assentiu, parecendo satisfeito.
— Fico feliz que estejam se adaptando. Sei que não é fácil, mas é uma oportunidade para vocês crescerem, conhecerem novas culturas...
— Pai, com todo respeito, a gente nem queria estar aqui — interrompeu Emily.
O silêncio tomou conta da sala. Pedro suspirou e tentou manter a calma.
— Eu sei, Emily, mas... estou tentando corrigir meus erros. Quero estar presente na vida de vocês.
Victor levantou do sofá, claramente incomodado.
— Talvez você devesse ter pensado nisso antes, né? — disse ele, saindo da sala.
Pedro ficou em silêncio, com um olhar de culpa. Emily sentiu vontade de sair também, mas decidiu permanecer ali.
Quinta-feira, 12h40 – Escola
No intervalo, Emily estava sentada sozinha no refeitório, mexendo no caderno, quando Lucas apareceu com uma bandeja de comida.
— Ei, posso sentar aqui? — perguntou ele, já se acomodando sem esperar a resposta.
— Claro — disse Emily, surpresa.
— E aí, está gostando da escola? — ele perguntou, mordendo um sanduíche.
— É tudo muito novo... Mas acho que vou me acostumar.
— Você vai. E qualquer coisa, é só me chamar. Posso ser seu guia oficial — disse ele com um sorriso.
Emily riu, pela primeira vez desde que chegou ao México-Itália.
— Vou lembrar disso.
Enquanto conversavam, Yasmin e Daniele, que estavam sentadas em uma mesa próxima, observavam Emily com curiosidade.
— Quem é ele? — cochichou Yasmin.
— Deve ser o "guia turístico" dela — respondeu Daniele, rindo.
Sábado, 16h – Casa de Pedro
Emily estava no quarto, tentando se concentrar em uma leitura, quando ouviu batidas na porta.
— Entre — disse, sem tirar os olhos do livro.
Erika, a madrasta, entrou com um sorriso hesitante e uma bandeja nas mãos.
— Trouxe chá para você. Sei que pode ser difícil se adaptar em um lugar novo...
Emily levantou os olhos, surpresa.
— Obrigada, mas não precisava se incomodar.
— Não é incômodo nenhum. Sei que nossa relação começou de uma forma complicada, mas... quero que você saiba que pode contar comigo.
Emily não sabia o que dizer. Sentia-se desconfortável com a tentativa de proximidade, mas também percebeu sinceridade na voz de Erika.
— Eu... agradeço — disse, pegando a xícara.
— Se precisar de algo, é só me chamar — completou Erika, antes de sair do quarto.
Depois que ela saiu, Emily ficou olhando para a porta, tentando entender se a gentileza era genuína ou apenas um gesto forçado para agradar seu pai.
(Continua...)
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Atualizado até capítulo 47
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