Capítulo 8

Mais uma noite sem dormir. Desde a dolorosa conversa com Luca não tenho notícias dele. Olho pela janela e o dia está combinando perfeitamente com o meu espírito.

A minha mãe entra e pelo seu semblante sei que é para falar do maldito jantar. Ela traz uma caixa bonita e coloca em cima da cama.

_ Nella, espero que goste. As meninas e eu escolhemos para você.

Era um vestido muito lindo. A cor era uma das minhas preferidas.

_ É lindo. Obrigada.

_ Nella, eu não tenho mais palavras para dizer que já não tenha dito. Eu sei o quanto foi doloroso terminar com Luca. As meninas e eu só pensamos em agradar um pouco. Se não quiser usar esse vestido hoje, escolha outro.

_ Essa escolha é minha ainda não é? Será que daqui para frente poderei escolher qualquer coisa?

_ Eu espero que sim, minha filha. Não é porque está sendo forçada a esse casamento que significa se tornar uma mulher sem decisões.

_ A única decisão que eu queria me foi tirada. Mas não se preocupe. Eu serei a mercadoria perfeita. Não farei nada que o meu comprador se envergonhe e desista.

A minha mãe abriu a boca para dizer algo, mas mudou de ideia. Me deu um beijo na testa e saiu.

Eu simplesmente me arrumei mecanicamente. O vestido ficou perfeito. Deixei os cabelos soltos, e passei uma maquiagem suave, apenas para esconder as olheiras.

Ivy veio toda sorridente para avisar que estava na hora de descer.

_ Você está linda Nella.

_ Não mais que você amorinha um.

Ela me deu a mão e descemos juntas. Enquanto estava na escada, ouvi vozes e todos se calaram ao me ver.

O meu pai vem até a mim e pega a minha mão. Ainda bem que fiz algumas aulas de teatro. Estampei um sorriso no rosto mas fiz questão de apertar forte a mão do meu pai, que quase não consegue esconder a careta.

_ Senhores, essa é a minha primogênita. Antonella. Filha esses são Otávio e Nicholas.

Não tinha como não ver a elegância e masculinidade que exalava dele. Usava um terno casual e tinha o ar arrogante.

O Mais velho se aproxima e pega a minha mão e a beija, como um cavalheiro às antigas.

_ Muito prazer, Antonella. O seu pai não mentiu quando disse que você é cintilante.

_ Obrigada, senhor Otávio. O prazer é meu.

Depois foi a vez do mais jovem. Ele olha para mim e não vejo sorriso na sua boca. Vejo um lampejo de fúria, talvez, nos olhos dele. Ele aperta a minha mão com uma certa rudeza

_ Muito prazer _ ele diz secamente e me olha bem para detectar a minha reação _ Sou Nicholas.

_ O prazer é meu. Como ouviu sou Antonella.

Ele levanta uma sobrancelha, demonstrando irritação com o meu sarcasmo.

Depois de tomamos um drink, o jantar foi servido. O silêncio reina, destacando os barulhos de talheres.

O meu pai resolver quebrar o silêncio, conversando animadamente com o seu amigo. E eu olho furtivamente para o meu prometido. Ele é mais que bonito. É muito lindo. Seus cabelos loiros, curtos e um rosto másculo.

Enquanto tentava engolir a comida, pude observar a minha prometida. O meu avô tinha me dito que ela era bonita. Mas ela é muito linda. Os seus cabelos aloirados. desciam numa cascata de cachos. Os olhos azuis. Uma boca perfeita e pelo vestidoquedelineava bem o seu corpo. vi que levaria qualquerumà loucura. Menos eu, éclaro. E o mais interessante é que ela parecia estar contrariada como eu e também está contida. Pude sentir uma luta nela, que certamente estava na mesma situação que eu.

Depois do jantar, seguimos para o escritório. Era a hora de esclarecemos os termos do contrato de casamento. Eu não queria participar. Mas o meu pai exigiu. Mais um ponto negativo, querido pai.

_ Muito bem _ começa o senhor Otávio- Antonella eu já tenho conhecimento de que você aceitou se casar com o meu neto. E ele também aceitou_ nesse momento ele e eu nos olhamos e ambos notamos um sentimento comum nos olhos um do outro, fúria _ bem, claro que para vocês pode parecer estranho esse casamento estar começando como um negócio. Na minha época era comum. E por experiência própria, posso dizer que mesmo não tendo escolhido a minha noiva, em uma semana estava totalmente apaixonado por ela. E fomos felizes até que Deus a levou.

_ Belo discurso vovô. Mas podemos ir ao cerne da questão. Todos sabemos porque estamos aqui. Então não precisa florear. Senhor Santini, os meus advogados prepararam um contrato provisório. São as minhas exigências. Não abro mão de nenhuma. A senhorita Antonella terá uma semana para ler e incluir as que julgar necessárias. Depois disso, assinaremos o contrato final.

_ Nicholas. está sendo rude. Não foi essa a educação que eu te dei. Jhonathan, perdoe a impaciência dele. Antonella, leia com atenção o contrato e se sinta à vontade pata incluir as cláusulas que quiser e também se houver alguma cláusula que o meu neto incluiu que a desagrade, pode riscar.

_ Vovô, eu disse que o contrato seria responsabilidade minha.

_ Você certamente concorda que a senhorita também deve contribuir.

_ E eu disse isso. Só não vou aceitar que mude nenhuma cláusula da minha parte. Não precisa se preocupar, não faltei com o respeito à senhorita.

_ Está tudo bem, senhor Otávio. Eu vou fazer o que disseram.

_ Já que seremos família. pode me chamar de vovô.

_ Desculpe. mas eu tenho um avô. Agradeço a gentileza- o meu pai me fuzilou com os olhos mas senti uma pequena vitória e tenho certeza que vislumbrei a sombra de um sorriso nos lábios de Nicholas _ se me dão licença, estou com uma terrível enxaqueca. Como já disse antes, foi um prazer conhecê-los.

_ Estimo as melhoras, Antonella. Boa noite_ disse o senhor Otávio me surpreendendo com um beijo na cabeça- espero que possamos ser amigos.

_ Obrigada senhor Otávio. Não vejo porque não.

_ Boa noite senhorita. Durma bem

_ Boa noite senhor Nicholas.

Saí daquele ambiente sufocante e fui para o meu quarto. Depois de trancar a porta, tirei o vestido e me joguei na cama aos prantos. Depois de meia hora, limpei as lágrimas, respirei fundo e fui tomar um banho, retirar a maquiagem.

Prometi a mim mesma que seria a última vez que chorava. Iria enfrentar esse casamento e faria da vida de Nicholas Ferrari um inferno tão grande que ele terminaria o casamento. E eu iria embora para o Japão.

Depois que Antonella saiu, o clima ficou pesado. Eu observei o semblante contrariado do senhor Santini. O meu avô estava normal. Ela é corajosa. Está nitidamente sendo forçada e age com dignidade, mas provocante. Não abaixa a cabeça para o seu pai que impõe a ela esse destino. Não posso negar que senti uma admiração por ela. E também fiquei envergonhado por não enfrentar o meu avô como ela faz com pai, mesmo sabendo que não tem como fugir disso.

Não vi mais motivos para ficar ali e me despedi, mesmo com o meu avô reclamando que queria jogar uma partida de xadrez.

_ Se o senhor quer ficar, eu chamarei um uber e o motorista fica lhe esperando. Mas estou cansado.

_ Está bem, vamos embora. Jhonathan, fica para a próxima vez. Obrigado pelo jantar. E parabéns pela linda família que tem.

_ Eu que agradeço, Otávio. Obrigado por tudo.

_ Não se preocupe. Amanhã mesmo, estará livre de todas as suas dívidas.

_ Pensei que esperaria o casamento.

_ Não é preciso. Você é uma pessoa honrada e a sua filha também. Eles precisam se conhecer um pouco antes de se casarem.

_ Está certo. Vou acompanhá-los até a saída.

Deixei o meu avô em casa e fui para o bar. Olavo estava lá e foi memorável a nossa bebedeira.

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