Capítulo 4

Acordo com o corpo dolorido por ter cochilado na cadeira. A garrafa vazia e a dor de cabeça me lembraram a conversa com o meu avô.

Eu desejei que fosse um sonho, ou um pesadelo. Mas era a realidade. E eu tenho que dar a resposta para o meu avô hoje.

Como dar essa resposta se ainda não sei o que fazer. Sally sempre foi a companheira perfeita. Me fazia rir de sua impulsividade. Era linda e sabia exatamente falar a palavra certa para me animar num dia difícil.

Como iria chegar para ela e terminar o relacionamento sem destroçar o coração dela? Será que ser CEO era mais importante que o amor?

Eu posso me contentar em ser um diretor administrativo. No entanto eu sei que Olavo não tem experiência e nem ambição de ser o CEO. E eu terei que estar sempre por trás dele. Eu iria ser a sombra dele. E não é suficiente para mim.

Posso aceitar a oferta do principal rival do meu avô. Mas eu sei que isso o magoaria muito e apesar de estar sendo manipulado por ele, não posso traí-lo de forma tão vil.

Levantei angustiado e fui tomar o meu banho. Desci e ele me esperava para o café.

_ Bom dia. Vejo que teve uma noite ruim.

_ Bom dia vovô. Poderia ser diferente depois da nossa conversa?

_ Espero que tenha tomado a sua decisão.

_ Sim. Eu aceito os seus termos, desde que aceite os meus.

_ Que são?

_ Eu exijo que haja um contrato onde tenham regras. Não será um casamento verdadeiro. Ela terá que assinar um termo de confidencialidade. Assim como eu não pretendo consumar o casamento, ela poderá ter a sua privacidade, desde que haja discrição.

_ Você está pensando em um casamento de fachada, onde manterá um caso extraconjugal?

_ Sim. Eu não vou tirar Sally da minha vida como se ela fosse um objeto que não tem mais uso.

_ E você acha que Sally aceitará ser a amante?

_ Isso é comigo.

_ Então como ficará a questão do herdeiro?

_ Não ficará. Não exija mais de mim do que posso dar. Olavo também é seu neto. Exija isso dele.

_ É razoável. Muito bem. Vou conversar com Jhonathan e marcar uma reunião onde todos discutiremos os aspectos. Eu sei que está zangado comigo Nicholas. Mas é para o seu bem. O amor nos torna fracos. É preciso um equilíbrio. Tenho certeza que o tempo fará com que você goste de sua futura esposa.

_ Eu sei que isso não irá acontecer. Só se ama uma vez na vida. Mas eu não fugirei das minhas responsabilidades com a empresa.

_ Obrigado meu neto. Estou tranquilo agora. Preciso ir. Tente não me odiar.

_ Posso saber o nome da mulher que você escolheu?

_ Antonella. É jovem e muito inteligente.

_ Isso não é relevante para mim. Não se preocupe vovô. Ainda o amo.

_ Fico feliz em saber. Até mais.

Ele se levanta e me dá um beijo na cabeça.

Depois que ele se vai, Maria entra na sala, com cara de espanto.

_ É verdade o que eu ouvi?

_ Se ouviu que a minha noiva se chama Antonella, é verdade.

_ Nick, não acredito que se submeterá aos desmandos do seu avô. Vai se casar com uma mulher que não conhece. E Sally?

_ Maria, eu não posso ser dono do meu destino. Não ainda. Para ser CEO, terei que me casar com essa mulher. Mas não preciso ficar casado para sempre. Por isso exigi um contrato. E pode ter certeza que pensarei numa cláusula que fará com que essa mulher quebre e assim obterei o divórcio.

_ Nick, eu sinto tanto meu menino. O seu avô se aproveita do amor que você tem por ele. Está sendo cruel.

_ O meu avô me fez ser quem eu sou Maria. Ele é o melhor pai que eu poderia ter.

_ Mas é manipulador. Não tem motivo nenhum para ele não gostar de Sally. Ele tem o direito de exigir que você seja casado para ser o CEO. Mas fazer você desistir do amor da sua vida é egoísmo. Ele nunca se curvou à ninguém. E agora está fazendo você se curvar às vontades, não, caprichos dele.

_ Você está certa Maria. Mas não adianta querer ir contra ele. Mas não pense que sou uma marionete fácil de manejar.

_ E não seja mesmo. Olavo curte a vida e você só trabalha.

Eu ri e dei um beijo na cabeça dela. Maria era como uma mãe. E eu era o filho preferido dela. Tinha uma implicância com Olavo.

_ Eu não vou à empresa hoje pela manhã. Não dormi e estou com muita dor de cabeça. Será que você pode avisar Maggie?

_Claro que sim. Vá se deitar. Vou fazer um chá para você se acalmar.

Subi e me joguei na cama. Tinha que pensar cono iria abordar o assunto com Sally. E se ela não aceitasse ser a minha amante?

Mas eu sei que ela aceitará. Será compreensiva como sempre foi. Ela entende a importância de ser CEO. E como disse para Maria, iria pensar numa cláusula para forçar o divórcio.

Maria entra com uma xícara de chá. Hortelã com mel. O meu preferido. Ela fechou as cortinas e nem a vi sair. O meu sono foi povoado por pesadelos, onde Sally chorava e depois me deixava e ia abraçar Olavo que olhava para mim com um sorriso de vitória. Eles se beijavam e logo estavam numa cama entregues ao prazer. Olhavam rindo para mim que implorava para que parassem de me torturar. Implorava Sally para me perdoar e voltar para mim. Ela ria e outra imagem vem. Ela grávida se casando com Olavo.

Acordei com a cama molhada de suor. Tomei um banho e resolvi ir para a empresa.

Trabalhei como um louco e no fim do dia, passei na casa de Sally. Mas ela não estava. Aí lembrei que ela tinha me avisado que iria sair com a prima que estava fazendo aniversário.

Fui para casa e subi para o meu quarto sem jantar. Tomei um remédio para dormir e nem vi Maria entrando com os olhos tristes. Arrumou as minhas cobertas e saiu.

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