Ligação com Clara

Leonardo

Depois de sair da casa da Maria Eduarda, minha cabeça estava a mil. A conversa tinha sido direta, mas cheia de camadas. Ela deixou claro que não abriria mão da Luna, mesmo com tudo que estava acontecendo. E aquele homem, Lucas, continuava me intrigando. Ela disse que ele era o médico dela e que estava ajudando com a Luna, mas... Será que era só isso?

Assim que entrei no hotel, joguei as chaves sobre a mesinha e me joguei na poltrona. Precisava contar para Clara como tudo tinha acontecido. Peguei o celular e disquei. Ela atendeu no segundo toque.

Clara: Até que enfim, Leonardo! Pensei que você tinha esquecido de me ligar.

Leonardo: Calma, Clara. Eu precisava de um tempo pra processar tudo.

Clara: E aí? Como foi? Você conseguiu falar com ela?

Leonardo: Consegui. Mas... Não foi nada fácil.

Clara: O que ela disse?

Leonardo: Ela disse que não vai abrir mão da Luna.

Clara: Como assim? Mesmo doente, ela acha que pode cuidar de uma criança sozinha?

Leonardo: Clara, ela não está exatamente sozinha.

Clara: Como assim?

Respirei fundo antes de responder.

Leonardo: Quando cheguei lá, tinha um homem na casa. Ela me disse que ele é o médico dela e que está ajudando com a Luna.

Clara: Médico? Ele tava lá por quê?

Leonardo: Não sei. Ela disse que ele está acompanhando o caso dela e, pelo que parece, ele tá bem envolvido.

Clara: Bem envolvido? O que isso quer dizer, Leonardo?

Leonardo: Quer dizer que ele estava lá segurando a Luna no colo como se fosse a coisa mais natural do mundo.

O silêncio do outro lado foi carregado. Eu sabia que Clara estava juntando as peças.

Clara: E você acha que eles estão... juntos?

Leonardo: Não sei. Pode ser que não, mas... Se estiverem, isso pode ser um problema.

Clara: Problema por quê?

Leonardo: Porque, Clara, ele é médico. Deve ganhar bem, tem uma carreira sólida, e isso pode contar pontos pra ela.

Clara: Isso não faz sentido, Leonardo. A gente tá falando de uma pessoa doente, que mal tem forças pra cuidar de si mesma. Não importa se o médico dela tá envolvido ou não.

Leonardo: Importa, sim, Clara. O juiz pode olhar pra situação e pensar: “Ela tem um suporte, alguém com estabilidade, que pode ajudar a criar a criança.” Isso complica a nossa situação.

Clara: Isso é ridículo. O que importa aqui é que ela não tem condições físicas pra cuidar da Luna, ponto.

Leonardo: Eu sei, mas a justiça nem sempre é tão simples.

Clara: Então você tá dizendo que esse tal de Lucas pode ser um empecilho?

Leonardo: É uma possibilidade, Clara. E a gente não pode ignorar isso.

Clara: E o que você pretende fazer?

Leonardo: Primeiro, eu vou tentar descobrir mais sobre ele. Entender qual é exatamente o papel dele na vida dela.

Clara: Isso não devia nem ser relevante. O importante aqui é que ela está doente e a Luna precisa de um lar estável.

Leonardo: Eu sei, mas a gente precisa estar preparado pra qualquer argumento que ela use.

Clara: E você acha que ela vai usar isso contra você?

Leonardo: Eu não sei, mas eu também não quero ser pego de surpresa.

O tom de Clara ficou mais frio.

Clara: Você ainda sente alguma coisa por ela, Leonardo?

A pergunta me pegou de surpresa.

Leonardo: O quê? Não, claro que não! Isso não tem nada a ver com sentimentos, Clara.

Clara: Então para de hesitar. A gente sabe que o melhor pra Luna é estar com a gente.

Leonardo: Eu sei disso, mas eu tô lidando com uma situação complicada aqui. Ela não é qualquer pessoa, Clara. É a mãe da minha filha.

Clara: E foi a mesma mulher que te escondeu essa filha durante meses e que não pensou duas vezes antes de seguir com a vida dela como se você não existisse.

Leonardo: Eu sei. Mas isso não muda o fato de que, pro juiz, ela ainda pode parecer uma mãe dedicada e eu mandei ela fazer um aborto.

Clara: Então a gente vai ter que jogar pesado. Se ela quer lutar, a gente vai lutar também.

Suspirei, sentindo o peso da conversa. Clara estava certa, mas isso não tornava as coisas mais fáceis.

Leonardo: Tudo bem. Eu só... Preciso de mais tempo pra entender o que tá acontecendo.

Clara: Entender o quê, Leonardo? Ela deixou claro que não vai abrir mão da Luna. E agora tem esse tal de Lucas na jogada. Se você não agir logo, isso vai sair do controle.

Leonardo: Eu vou agir, Clara. Só preciso pensar direito nos próximos passos.

Clara: Pensa rápido, porque a gente não tem muito tempo.

A ligação terminou, mas minha mente continuava a mil. Eu precisava descobrir mais sobre o Lucas. Ele podia ser apenas um médico preocupado com a paciente, mas e se fosse mais do que isso? Se ele realmente estivesse envolvido com Maria Eduarda, isso podia mudar tudo. E eu não podia me dar ao luxo de ignorar essa possibilidade.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***