Leonardo
Eu entrei na casa, sentindo o ar pesado da tensão entre mim e Maria Eduarda. O espaço era aconchegante, mas a simplicidade deixava evidente que ela tinha enfrentado dificuldades. Meus olhos rapidamente foram para o homem sentado no sofá com Luna no colo. Ele parecia totalmente à vontade, embalando a menina enquanto ela apertava os dedos dele com a mãozinha pequena, soltando risinhos infantis.
Eu franzi a testa. Quem era esse cara?
Leonardo: E ele? Quem é?
Maria Eduarda me olhou com um misto de irritação e desafio, como se já esperasse minha pergunta.
Maria Eduarda: Esse é o Lucas.
Leonardo: Lucas quem?
Ela revirou os olhos, como se eu estivesse sendo inconveniente.
Maria Eduarda: Lucas é meu médico.
Aquilo me pegou de surpresa, e minhas sobrancelhas se levantaram involuntariamente.
Leonardo: Médico?
Maria Eduarda: Sim, Leonardo, médico. Ele é oncologista. Está cuidando do meu tratamento.
Eu fiquei em silêncio por um momento, digerindo aquela informação. Meu olhar voltou para ele, que parecia ignorar completamente minha presença enquanto continuava entretendo Luna no colo.
Leonardo: E o que ele tá fazendo aqui, exatamente?
Ela cruzou os braços, claramente se irritando com o rumo da conversa.
Maria Eduarda: Ele tá aqui porque é meu amigo também, além de médico. Ele tem me ajudado com Luna enquanto eu faço o tratamento.
Minha mandíbula travou. A ideia de outro homem tão próximo de Maria Eduarda e, mais ainda, da minha filha, me incomodava profundamente.
Leonardo: Amigo... Claro.
Maria Eduarda bufou e se virou para Lucas.
Maria Eduarda: Lucas, pode levar Luna lá pro quarto enquanto eu converso com ele?
Lucas finalmente levantou o olhar para mim, com uma expressão calma, mas avaliadora. Ele não disse nada, apenas assentiu, levantando-se com Luna nos braços.
Lucas: Claro.
Ele passou por nós, e eu não consegui evitar de acompanhar o movimento dele com os olhos, meu estômago revirando com a cena. Luna parecia completamente à vontade nos braços dele. Assim que ele desapareceu no corredor, eu me virei para Maria Eduarda, a expressão endurecida.
Leonardo: Então é assim agora? Você deixa um estranho ficar na sua casa, cuidando da nossa filha?
Ela me encarou, os olhos brilhando de raiva.
Maria Eduarda: Primeiro, ele não é um estranho. Ele é meu médico, o cara que tá me ajudando a lutar contra o câncer enquanto eu cuido da Luna sozinha. Segundo, você perdeu o direito de reclamar quando me mandou abortar.
O impacto das palavras dela foi como um soco no estômago. Eu abri a boca para responder, mas ela ergueu a mão, me cortando antes que eu dissesse qualquer coisa.
Maria Eduarda: Não começa, Leonardo. Você veio aqui pra quê, afinal? Porque eu sei que não foi por arrependimento.
Respirei fundo, tentando recuperar a compostura.
Leonardo: Eu vim porque quero resolver essa situação. Quero a guarda da Luna.
Ela riu, mas não havia nada de humor na risada.
Maria Eduarda: Guarda? Você mal sabe segurar uma criança, Leonardo. O que te faz pensar que tem condições de criar a Luna?
Leonardo: Eu posso dar tudo o que ela precisa! Uma casa, segurança, estabilidade...
Maria Eduarda: E amor? Vai dar isso também? Porque, até agora, você nunca demonstrou que tem espaço na sua vida pra ela.
Aquilo me atingiu em cheio, mas não deixei transparecer.
Leonardo: Não é justo. Eu não sabia que ela existia até agora. Você não me deu a chance de ser pai.
Maria Eduarda: Não dei a chance? Você pediu pra eu tirar a Luna antes mesmo dela nascer! Agora você quer bancar o pai preocupado?
A raiva começou a borbulhar dentro de mim, mas eu me forcei a manter o controle.
Leonardo: Eu errei, tá bom? Mas tô aqui agora, tentando corrigir isso.
Ela cruzou os braços, os olhos ainda cheios de desconfiança.
Maria Eduarda: E como você acha que vai corrigir? Tirando ela de mim enquanto eu tô lutando contra uma doença?
Leonardo: Eu não quero tirar nada de você. Eu só quero o melhor pra ela.
Maria Eduarda: O melhor pra ela é estar comigo, Leonardo. Eu sou a mãe dela. Eu tô aqui desde o dia em que ela nasceu, cuidando dela, amando ela. Você não pode simplesmente aparecer do nada e achar que tem mais direito do que eu.
Eu fiquei em silêncio, porque, no fundo, sabia que ela tinha razão. Mas isso não mudava o fato de que eu também queria fazer parte da vida da Luna.
Leonardo: Eu não tô aqui pra brigar com você, Maria Eduarda. Só quero que a gente encontre uma solução juntos.
Ela suspirou, parecendo cansada, e passou a mão pelo rosto.
Maria Eduarda: Leonardo, eu tô exausta. Não quero discutir isso agora.
Leonardo: Então me diz quando. Porque eu não vou embora sem resolver isso.
Ela me olhou por um longo momento, como se estivesse tentando decidir se podia confiar em mim ou não. Finalmente, ela assentiu.
Maria Eduarda: Tudo bem. A gente conversa mais tarde. Agora, me deixa descansar.
Eu assenti, sentindo que pelo menos tinha dado um passo na direção certa. Mas enquanto eu saía da sala, não conseguia tirar a imagem de Lucas com Luna no colo da cabeça. Algo sobre aquela cena me incomodava mais do que eu queria admitir.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Silvania Balbino
Além de tudo insensível.
2025-03-11
0
Erlete Rodrigues
c****** escroto
2025-04-15
0
Nilce Fernandes
Ciúmes.?? Á tá.kkkkk
2025-04-10
0