Leonardo
Eu entrei no quarto com o coração apertado, sabendo que a conversa com Clara não seria fácil. Ela estava organizando algumas roupas no armário, mas, assim que me viu, sua expressão mudou. Eu já sabia o que vinha a seguir.
Clara:
— O que foi agora, Leonardo? — perguntou, sem nem me dar tempo de falar. — Você está com essa cara de quem vai dizer alguma coisa que eu não vou gostar.
Leonardo:
Respirei fundo antes de começar.
— Amanhã eu vou viajar.
Clara:
Ela parou o que estava fazendo e me olhou fixamente, cruzando os braços.
— Viajar? Pra onde?
Leonardo:
— Pra cidade da Maria Eduarda.
O silêncio que veio depois foi quase insuportável. Clara continuava me olhando, a desconfiança e a preocupação estampadas no rosto dela. Eu sabia que não seria fácil explicar, mas precisava ser direto.
Clara:
— E por que você precisa ir até lá, Leonardo? Eu não estou entendendo. Depois de tudo o que aconteceu, por que ir até ela agora?
Leonardo:
Eu respirei fundo, tentando organizar as palavras.
— Porque eu preciso falar com ela pessoalmente. Eu quero resolver tudo o mais rápido possível, e sei que não dá pra esperar mais. A Luna não pode ficar naquela situação, Clara.
Clara:
Ela balançou a cabeça, claramente agitada.
— Resolver o quê? Já sabemos que ela está doente, e ela não tem condições de cuidar de uma criança. Por que você não entra com o pedido de guarda na justiça logo de uma vez? Isso já está mais do que claro!
Leonardo:
Eu sabia que Clara estava sendo racional, mas a situação não era simples.
— Não é tão simples assim, Clara. Mesmo com a doença dela, o juiz pode decidir que a Luna deve ficar com a mãe nos últimos meses ou anos de vida dela. O processo judicial pode se arrastar por meses, ou até anos. E eu não quero que a Luna passe mais tempo com a mãe do que o necessário. Quero evitar complicações.
Clara:
Ela me encarou com um olhar penetrante, como se tentasse entender o que eu estava pensando.
— Então você acha que, indo até lá pessoalmente, vai convencer a Maria Eduarda a entregar a menina?
Leonardo:
Eu balancei a cabeça, sentindo o peso das palavras que estava prestes a dizer.
— Não será fácil. Eu sei disso. Mas a única chance de evitar que a Luna passe mais tempo com ela é convencer a Maria Eduarda de que essa é a melhor decisão para a criança. Eu sei que Maria Eduarda é teimosa, e, mesmo estando doente, ela não vai abrir mão da filha assim tão facilmente. Mas a questão é: eu não posso esperar que a justiça decida por mim. Eu preciso tentar, Clara. Eu não consigo esperar mais.
Clara:
Ela deu um passo à frente, seu tom agora mais agressivo.
— E você acha que vai conseguir resolver isso sozinho? Eu vou com você.
Leonardo:
Balancei a cabeça rapidamente, tentando disfarçar a surpresa.
— Não, Clara. Isso é algo que eu preciso fazer sozinho. Eu preciso que ela me veja como um pai preocupado, não como alguém que tem alguém ao seu lado para pressioná-la. Se você for junto, isso pode complicar as coisas ainda mais.
Clara:
Ela cruzou os braços e soltou um suspiro frustrado.
— Sozinho? Ah, claro, assim você vai ficar sozinho com a sua ex-amante, não é? Isso vai ser uma viagem bem particular, pelo visto.
Leonardo:
Eu fechei os olhos por um momento, tentando me acalmar.
— Clara, não é sobre isso. Maria Eduarda é parte do passado. O que importa agora é a Luna. Eu quero garantir que ela venha para nós sem mais complicações. Não podemos correr o risco de algo dar errado.
Clara:
Ela riu, mas não foi uma risada genuína. Foi mais como um riso amargo, cheio de desconfiança.
— Eu não confio nisso. Você acha que eu vou ficar aqui, esperando enquanto você vai lá, encontrar com ela sozinho, sem saber o que vai acontecer? Eu não sei se posso confiar, Leonardo.
Leonardo:
Eu tentei manter a calma, mas sabia que a situação estava saindo do controle.
— Você precisa confiar em mim. Não estou indo lá por mim, estou indo pela Luna. Se você for junto, isso vai deixar Maria Eduarda desconfiada, e ela pode tentar esconder a Luna. Isso pode complicar ainda mais as coisas. Não posso arriscar.
Clara:
Ela parecia estar prestes a explodir de raiva, mas se controlou.
— Isso é injusto, Leonardo! Por que eu tenho que ficar de fora disso? Eu também quero a Luna, você sabe disso.
Leonardo:
Eu me aproximei dela e segurei seus ombros com firmeza, tentando fazer ela entender.
— Eu sei que você quer a Luna, e eu também quero. Mas o foco agora não é mais sobre nós, Clara. O foco é a Luna, é o futuro dela. Não é sobre o que você ou eu queremos. Ela precisa de estabilidade, e eu vou fazer o que for preciso para que ela tenha isso. E a última coisa que precisamos é que Maria Eduarda se sinta ameaçada e tome uma decisão precipitada.
Clara:
Ela respirou fundo, tentando se acalmar. Seu rosto ainda estava tenso, mas parecia estar ponderando minhas palavras.
— Tá bom, Leonardo. Mas me promete uma coisa.
Leonardo:
Eu olhei nos olhos dela, um pouco surpreso.
— O que?
Clara:
— Tira uma foto dela pra mim. Quero ver como ela é, como está, o que ela gosta. Eu preciso sentir que estou participando disso de alguma forma. Quero ver como a Luna é, já que não posso estar lá pessoalmente.
Leonardo:
Assenti, sentindo-me aliviado por ela finalmente ter aceitado.
— Tudo bem. Eu vou fazer isso.
Fui até o closet para começar a arrumar minhas malas. Cada peça de roupa que colocava na mala parecia mais pesada que a anterior. Clara ficou sentada na cama, em silêncio, mas sabia que ela estava remoendo tudo o que havíamos discutido.
Leonardo:
— "Será que ela confia em mim?", pensei. Mas, na verdade, nem eu sabia se estava pronto para encarar Maria Eduarda novamente. O passado ainda pesava, e a ideia de ir até lá para resolver tudo de uma vez me deixava tenso.
De repente, Clara falou, a voz quase um sussurro, mas cheia de cautela:
Clara:
— Não deixa ela te manipular, Leonardo.
Leonardo:
Me virei para encará-la, mas não respondi imediatamente. Apenas continuei arrumando minhas coisas, com a mente já projetando o encontro do dia seguinte. Eu sabia que seria difícil. Para Clara, para a Luna... e, principalmente, para não deixar o passado bagunçar o futuro que eu estava tentando construir. O que mais me preocupava, porém, era se essa viagem realmente valeria a pena.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Maria Andrade
Eu espero que Duda ponha esse escroto pra correr
2025-04-09
0
Ana Parodi
kkkk você vai se ferrar idiota
2025-03-14
0
Valdeci Hora
espero que eles não consiga tirar Luna da mãe, agora ele tem o médico e Sara
2025-03-23
1