Leonardo caminhava pelas ruas movimentadas de Manhattan, com passos firmes, mas a mente cheia de lembranças e decisões que, para ele, nunca poderiam ser desfeitas. Ele ajeitou o casaco elegante, um reflexo do status que construíra ao lado de Clara, sua esposa há mais de uma década.
Encostando-se a uma mureta próxima ao Central Park, respirou fundo, sentindo o frio cortar sua pele enquanto reorganizava os pensamentos.
— Leonardo Santiago, 36 anos. Casado com Clara há 12 anos. — Ele murmurou para si mesmo, como se precisasse reafirmar sua identidade antes de encarar a turbulência que se aproximava. — Clara é tudo o que qualquer homem poderia pedir. Linda, sofisticada, e, acima de tudo, rica.
Leonardo encarou o reflexo das árvores nos vidros de um prédio próximo.
— Foi ao lado dela que consegui chegar onde estou. Clara não era apenas minha esposa, era meu passaporte para uma vida que eu nunca poderia imaginar. Com ela, conquistei poder, status, tudo.
Mas, como sempre acontecia quando pensava na vida perfeita que havia construído, outra lembrança começou a invadir sua mente, mais intensa e dolorosa.
— Só que nem sempre fui perfeito. — Ele riu amargamente. — Há alguns anos, minha vida escapou do controle, e, por um tempo, encontrei algo diferente... algo que me fez questionar tudo.
Leonardo fechou os olhos, e as memórias vieram como um filme. Ele conheceu Maria Eduarda no trabalho. Ela era jovem, cheia de energia, uma força da natureza que o atraía de uma maneira que ele nunca havia sentido antes.
— Eu tive um caso com Maria Eduarda — admitiu, a voz baixa, quase inaudível, como se confessasse seus pecados a si mesmo. — Ela me levava para outro universo. Um lugar onde as responsabilidades e o peso da minha vida com Clara não existiam.
Ele deu um passo para trás, afastando-se da mureta, como se precisasse de espaço para processar o que estava prestes a dizer.
— Mas, no fundo, eu sempre soube que ela não era o meu mundo. Clara sempre foi. Clara é.
Lembranças específicas vieram à tona: o sorriso de Maria Eduarda, suas risadas espontâneas, o calor de estar com alguém que o fazia esquecer de tudo.
— Maria me fazia sentir vivo, mas eu sabia que não podia arriscar o que eu tinha por algo que, no fundo, era passageiro.
O rosto de Leonardo ficou sombrio quando ele se lembrou do dia em que Maria Eduarda lhe contou que estava grávida.
— Quando ela disse que estava esperando um filho meu, meu mundo parou. Eu me senti encurralado. Não podia perder Clara por causa de um caso. Não podia destruir tudo o que construímos.
A culpa e a vergonha ainda estavam lá, enterradas sob anos de racionalização e justificativas.
— Eu mandei Maria Eduarda embora. Disse que não poderia ficar com ela, que não largaria minha esposa por nada. Na época, achei que estava fazendo o certo. Mas agora...
Leonardo esfregou o rosto com as mãos, como se tentasse apagar as marcas que essas escolhas deixaram em sua consciência.
— Semana passada, Clara mencionou adoção. Disse que seria uma solução para nossa situação, já que, após o acidente, ela não pode mais engravidar.
A lembrança trouxe de volta o peso do desespero que ele sentiu ao ouvir aquelas palavras.
— Mas eu sei que adoção nunca será o suficiente para Clara. Ela quer um filho dela, algo de sangue, algo que carregue nosso nome. E foi nesse momento que me lembrei de Maria Eduarda.
Leonardo passou a mão pelos cabelos, respirando fundo enquanto olhava para o horizonte.
— Talvez Luna, a filha que Maria teve, fruto de um erro, de uma traição, seja minha última chance de dar a Clara o que ela quer.
Ele balançou a cabeça, tentando controlar os pensamentos conflitantes.
— Quando ouvi Sara falando ao telefone com Maria Eduarda no hotel, algo despertou dentro de mim. Uma esperança. Talvez essa seja minha chance de corrigir o que fiz. De dar a Clara o filho que ela merece.
Mas ele sabia que sua motivação não era tão nobre assim. Não era apenas sobre Clara. Era sobre ele. Sobre sua necessidade de controle, de salvar o que restava do casamento, e, talvez, de redimir suas falhas.
— Maria está doente. Passando por dificuldades financeiras. Ela é vulnerável. Isso pode facilitar as coisas para mim.
Leonardo sabia que precisaria ser calculista, cuidadoso. Ele não podia simplesmente aparecer exigindo algo. Precisava jogar com inteligência.
— Vou me aproximar. Oferecer ajuda. Mostrar que estou disposto a fazer o que for necessário. E, no momento certo, vou trazer Luna para mim.
Ele olhou para o telefone novamente, onde o endereço de Maria Eduarda estava gravado.
— Luna terá uma vida que Maria nunca poderá dar a ela, e Clara finalmente terá o filho que sempre quis.
Com essa decisão tomada, Leonardo começou a caminhar novamente, o coração dividido entre culpa e determinação, enquanto arquitetava o próximo passo para se infiltrar na vida de Maria Eduarda e reconquistar o controle que, anos atrás, ele achou ter perdido.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Marli Da Silva Gouvêa Castro Rosa
É um mau caráter mesmo, em vez de pensar em ajudar, quer apenas tirar a filha da Duda.
2025-03-10
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ilena sobrenome
nossa como esse Leonardo e um cafajeste, tomara que seja um engano e ela não esteja com câncer e ele não consiga a guarda da Luna. Pior que existe muitos Leonardos por ai
2025-03-27
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Zeca Natividade
Que homem crápula e egoísta. Não importando se vai atropelar alguém, o importante é alcançar seus objetivos para continuar sendo rico as custa da mulher.
2025-04-08
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