Sara ajeitou a mala no compartimento do táxi, sentindo o peso das últimas horas se arrastando com ela. Estava indo para uma viagem de trabalho, mas sua mente estava em outro lugar. A conversa com Maria Eduarda ainda ecoava em seus pensamentos, a angustia pela amiga que agora enfrentava um câncer terminal, com uma filha pequena e o medo de não conseguir pagar o tratamento que tanto precisava. Mesmo distante, Sara sabia que a única coisa que podia fazer por ela era manter-se firme, e que, ao menos, seria um apoio moral para ajudar a amiga a atravessar essa tempestade.
Quando chegou ao hotel em Manhattan, Sara mandou uma mensagem rápida para Maria Eduarda, garantindo que estaria bem. Ela se preparava para uma reunião importante com clientes, mas a mente insistia em voltar para a situação difícil que Maria Eduarda enfrentava.
A tarde passou lentamente até que, enquanto Sara tomava um café no lobby, ouviu uma voz familiar chamá-la.
— Sara?
Virando-se, ela deu de cara com Leonardo, o homem do passado, o pai da filha de Maria Eduarda. Ele estava parado ali, com aquele olhar que ela já conhecia tão bem, e com um sorriso, embora tenso, que parecia mais uma tentativa de controle do que um gesto genuíno.
Sara não sabia o que dizer, mas, ao mesmo tempo, não queria ser rude.
— Leonardo? — ela o olhou por alguns segundos, o coração batendo mais rápido. — O que você está fazendo aqui?
Ele deu um passo à frente, visivelmente surpreso com o encontro.
— Só passei para a reunião de trabalho, mas parece que a vida tem suas próprias maneiras de nos surpreender, não é?
Sara sentiu um frio na barriga. A última vez que o viu foi anos atrás, logo antes de Maria Eduarda engravidar. Na época, ele estava distante e optou por seguir com a esposa, deixando-a de lado. E agora ele estava aqui, com uma expressão que parecia mais de remorso do que de qualquer outra coisa.
— Eu ouvi você falando no telefone... Era a Maria Eduarda, não era? Ela está bem? — perguntou ele, com um tom de preocupação que Sara imediatamente percebeu como falso.
Sara foi direta.
— Não é da sua conta.
Ele abaixou a cabeça, como se se sentisse desarmado. Por um momento, parecia que ele queria dizer algo, mas engoliu as palavras. Quando se aproximou, sua voz estava mais baixa, mais insistente.
— Eu sei o que fiz. Sei que a deixei... Sei que fui um completo idiota. Mas ela tem a minha filha. Eu preciso fazer parte da vida dela. Não posso continuar fugindo disso.
Sara o olhou com descrença.
— Agora que você descobriu que tem uma filha, quer "fazer a coisa certa"? E o que você fez, Leonardo? Abandonou ela quando mais precisou de você. Não foi justo com ela, e agora quer aparecer do nada?
Ele suspirou, o peso das palavras parecendo finalmente atingir seu coração.
— Eu sei que não posso apagar o passado, e nem esperar que ela me perdoe. Só que agora, sabendo que ela está passando por isso, não posso mais me afastar. Eu quero ser pai da Luna. Eu quero ajudá-la. Eu sei que não mereço, mas... não posso ignorar isso.
Sara sentiu uma raiva crescente, mas também um certo vazio. O tempo tinha passado, e ele ainda carregava os mesmos defeitos. No entanto, a situação que Maria Eduarda enfrentava agora a fez questionar tudo.
— E como você vai ajudar, Leonardo? Agora que você deixou tudo para trás? Ela está doente, com uma filha pequena. O que você vai fazer?
Ele a encarou com mais intensidade, e o tom de sua voz parecia mais determinado do que nunca.
— Eu quero tentar, Sara. Quero me aproximar da Luna. Quero ajudá-la no que for preciso. Estou disposto a fazer as coisas de forma certa agora, e dar a ela a oportunidade de conhecer quem eu realmente sou.
Sara não sabia o que pensar. Estava tão perdida em suas emoções e na dor de ver o quanto Leonardo havia falhado com a amiga, que não sabia se ele realmente merecia uma chance. Mas, ao mesmo tempo, ele tinha uma conexão direta com a pequena Luna, e isso a fez hesitar.
Após um silêncio pesado, ela lembrou da situação desesperadora em que Maria Eduarda se encontrava. O tratamento seria caro, e Sara não podia deixar de pensar que talvez ele, de alguma forma, pudesse ajudar.
— Eu... vou te dar o endereço dela — ela disse, com a voz firme, mas cheia de incerteza. — Mas entenda uma coisa, Leonardo: ela está passando por um momento muito difícil, e isso não vai ser fácil para ninguém. Se você quer mesmo ajudar, faça isso com respeito e humildade. E nunca mais magoe minha amiga.
Leonardo assentiu rapidamente, a expressão dele séria e comprometida.
— Eu não vou falhar dessa vez. Prometo.
Sara respirou fundo antes de pegar o celular e enviar o endereço para ele. Sabia que talvez estivesse tomando uma decisão arriscada, mas também sabia que, de alguma forma, Maria Eduarda poderia precisar de tudo o que fosse possível para atravessar a tempestade que estava por vir.
Quando Leonardo saiu, ela se sentou em uma cadeira do lobby, com os pensamentos confusos, o coração dividido. Ela não sabia como tudo isso iria se desenrolar, mas uma coisa era certa: Maria Eduarda não estava mais sozinha.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
MARIA RITA ARAUJO
ela deveria primeiro perguntar a amiga s poderia passar o endereço dela, e se ele quiser tomar a filha para dar fim a prova da infidelidade dele!? eu que não confiaria
2025-03-23
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Maria Andrade
caramba sara vc tinha que perguntar primeiro pra Duda se podia dar o se contato pra ele
2025-04-09
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Ana Parodi
por a amiga fez isso com ela,nem se quer perguntou pra Maria se podia dar, o endereço dela
2025-03-13
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