Maria Eduarda havia colocado Luna para dormir no pequeno berço improvisado na sala. A bebê parecia tranquila, com as bochechas rosadas e os pequenos punhos cerrados, completamente alheia às dores e preocupações da mãe. Sentada no sofá ao lado de Sara, com uma xícara de chá nas mãos, Maria sentia o peso das últimas horas, como se um muro invisível estivesse desabando sobre ela.
— Sabe, às vezes eu penso... — começou Maria, olhando para a xícara. — Como eu cheguei até aqui.
Sara franziu a testa, inclinando-se para frente.
— O que você quer dizer?
— Quero dizer… Como minha vida virou isso? — Ela fez um gesto vago com a mão, indicando o pequeno apartamento e a situação em que se encontrava. — Como fui cair na conversa dele?
Sara sabia exatamente de quem ela estava falando, mas deixou que Maria continuasse.
— O Leonardo. — O nome saiu com um peso, quase como uma ferida que ainda não havia cicatrizado.
Sara suspirou.
— Duda, isso já faz mais de um ano…
— Eu sei. Mas às vezes, parece que foi ontem.
Maria Eduarda soltou um riso amargo e balançou a cabeça, como se zombasse de si mesma.
— Lembra como eu era? Tão ingênua... Achava que tinha encontrado o amor da minha vida.
— Claro que lembro — respondeu Sara, com um tom de carinho. — Vocês se conheceram no trabalho, né?
Maria assentiu, os olhos perdidos em alguma memória distante.
— Ele era gerente na empresa onde eu trabalhava. Sempre tão simpático, tão... perfeito. Eu era só uma recepcionista, Sara. Nunca achei que ele fosse notar alguém como eu.
— E ele notou.
— Notou... e me iludiu. — Maria deixou escapar um suspiro pesado. — No começo, parecia um sonho. Ele era tão atencioso, tão carinhoso. Fazia eu me sentir especial, sabe?
Sara ficou em silêncio, respeitando o desabafo da amiga.
— Ficamos juntos por anos, Sara. ANOS. — Maria enfatizou, a voz carregada de mágoa. — Ele dizia que me amava, que eu era tudo para ele. E eu acreditava. Até o dia que contei sobre a gravidez...
— E foi aí que o verdadeiro Leonardo apareceu.
— É. — Maria soltou um riso seco. — Ele nem hesitou. Simplesmente disse que não podia ficar comigo porque era casado. CASADO, Sara! Todo aquele tempo, e eu nunca desconfiei.
Sara estendeu a mão e apertou a de Maria com força.
— Duda, você não teve culpa. Ele te enganou.
— Talvez, mas isso não muda o fato de que ele destruiu minha vida. — Ela fez uma pausa, respirando fundo para controlar as emoções. — Ele disse que nunca deixaria a esposa. Que tinha uma família perfeita e não podia arriscar isso por mim... ou pela Luna.
O silêncio pairou entre as duas por alguns instantes.
— Foi por isso que você quis se mudar, né? — perguntou Sara, embora já soubesse a resposta.
Maria assentiu.
— Eu não podia ficar naquela cidade, vendo ele todos os dias, sabendo que nunca seria suficiente. Precisava de um recomeço. Para mim e para a Luna.
— E eu fui com você. — Sara sorriu, tentando aliviar o clima pesado.
Maria olhou para a amiga, os olhos cheios de gratidão.
— Você foi a única pessoa que ficou do meu lado, Sara. Nunca vou esquecer isso.
— E nunca vou te abandonar, Duda. Você sabe disso.
Maria sentiu um nó na garganta.
— Às vezes, eu fico pensando… Será que a Luna vai me odiar por ter afastado ela do pai?
— Claro que não! — protestou Sara. — O Leonardo nunca foi um pai, Duda. Ele fez a escolha dele, e foi a pior escolha possível. Você tá fazendo o melhor que pode pela Luna.
— Mas será que é o suficiente? — A dúvida na voz de Maria era evidente.
— Duda, olha pra Luna. Ela é feliz, saudável e cercada de amor. Você tá fazendo mais do que o suficiente.
Maria deixou escapar um pequeno sorriso.
— Obrigada, Sara. De verdade. Eu não sei o que faria sem você.
— E você nunca vai precisar descobrir, porque eu sempre vou estar aqui.
As duas se abraçaram, um gesto de conforto em meio à tempestade que Maria enfrentava.
— Eu só queria que as coisas fossem diferentes, sabe? — murmurou Maria. — Queria dar à Luna uma família, uma vida melhor...
— Você tá fazendo o melhor que pode, Duda. E, quem sabe... — Sara hesitou. — Talvez o Dr. Lucas...
— Sara, não. — Maria cortou, balançando a cabeça.
— Por que não? Ele parece tão atencioso...
— Porque eu não tenho espaço para isso agora. Minha prioridade é a Luna.
— E ninguém tá dizendo que não seja. Mas talvez... só talvez... você mereça um pouco de felicidade também.
Maria não respondeu, mas as palavras de Sara ficaram ecoando em sua mente enquanto olhava para a pequena Luna, que dormia pacificamente. Ela sabia que precisava focar na filha e no tratamento, mas uma pequena voz dentro dela começou a se perguntar se realmente merecia uma segunda chance para ser feliz.
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Atualizado até capítulo 90
Comments
MARIA RITA ARAUJO
nascemos para sermos felizes, só que, existem inimigos invisíveis mais que nós fazem sofre e o nome dele é satanás
2025-03-23
2
Gensiane Santos
todos nós merecemos ser felizes.
2025-03-23
0
Erlete Rodrigues
todos merecem ser feliz ‼️
2025-04-08
0