Maria Eduarda caminhava lentamente pelas ruas do bairro, com os pensamentos girando sem parar. A bolsa pendurada no ombro parecia pesar toneladas, mesmo estando quase vazia. Cada passo que dava era como se a realidade do diagnóstico se tornasse mais concreta. Ela pensava no trabalho que teria que deixar, nas contas acumulando e, principalmente, em Luna. Como ela poderia sustentar sua filha, pagar as despesas da casa e ainda arcar com o tratamento que, certamente, seria caríssimo?
"Eu não tenho ninguém", pensou. "Nenhuma família para me ajudar. E agora isso..."
Ela sentiu os olhos marejarem, mas respirou fundo. Não podia chorar na rua. Precisava se manter forte, pelo menos até chegar em casa.
Quando finalmente alcançou a porta do pequeno apartamento, encontrou-a entreaberta. O coração acelerou. "Será que deixei destrancada?" pensou, alarmada. Mas antes que pudesse entrar, ouviu uma voz familiar vindo de dentro.
— Luna, você é a coisa mais fofa desse mundo! — disse Sara, sua melhor amiga, em um tom animado.
Maria Eduarda suspirou aliviada e empurrou a porta. Lá estava Sara, sentada no sofá, segurando Luna no colo. A bebê balbuciava animada enquanto a amiga fazia caretas engraçadas para ela.
— Duda! — Sara se levantou rapidamente ao vê-la entrar. — Eu mandei mensagem, mas você não respondeu. Então resolvi passar aqui pra ver como você tá.
Maria Eduarda tentou sorrir, mas o peso do dia estava estampado em seu rosto. Ela colocou a bolsa em um canto e se aproximou lentamente de Luna, que esticou os bracinhos para a mãe. Pegou a filha no colo, abraçando-a com força, como se o contato com a bebê pudesse afastar todos os seus medos.
— Obrigada por vir, Sara. Eu realmente não sei o que faria sem você.
Sara observava a amiga com preocupação. Maria Eduarda estava mais pálida do que o normal, com olheiras profundas e um cansaço evidente.
— Ontem você mandou aquela mensagem, disse que estava doente… Mas o que tá acontecendo, Duda? Você tá bem?
Maria Eduarda hesitou, sentando-se no sofá com Luna ainda nos braços. Ela olhou para Sara, que era praticamente uma irmã para ela, e sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Não podia mais segurar.
— Eu fui ao médico ontem… E... — a voz dela falhou. Ela respirou fundo antes de continuar. — Eles disseram que eu tô com câncer, Sara. E não é qualquer câncer. É terminal.
A amiga ficou em choque.
— Meu Deus, Duda... Eu... Eu nem sei o que dizer...
— Nem eu. — Maria Eduarda sorriu amargamente. — Eu só consigo pensar na Luna. Como vou cuidar dela? Como vou pagar as contas, o aluguel, a comida? E o tratamento? Isso vai custar uma fortuna!
— Duda, calma. Vamos resolver isso juntas, tá bom? Você não tá sozinha.
Mas Maria Eduarda balançou a cabeça.
— É fácil falar, Sara. Você sabe que eu já mal consigo pagar o básico com o que ganho. Agora, sem trabalhar, como vou sustentar minha filha? Como vou pagar o tratamento? E se... E se eu não conseguir?
As lágrimas finalmente rolaram pelo rosto dela. Sara se aproximou e a abraçou.
— Você não precisa enfrentar isso sozinha, Duda. Eu tô aqui, sempre estive. E a Luna também é minha responsabilidade, entendeu? Não vou deixar vocês passarem por isso sem ajuda.
— Eu não quero ser um peso pra você...
— E você acha que eu vou deixar minha melhor amiga enfrentar isso sozinha? Nem pense nisso!
Maria Eduarda apertou Luna contra o peito, sentindo um pequeno alívio por ter Sara ao seu lado. Ainda assim, o medo não desaparecia.
— Eu não sei como vai ser, Sara. Eu tô com tanto medo…
— É normal ter medo, Duda. Mas você é forte, mais forte do que imagina. E agora você tem um médico cuidando de você, certo?
Maria Eduarda assentiu.
— O Dr. Lucas. Ele parece… diferente. Acho que ele realmente se importa, sabe? Ele disse que vai refazer os exames antes de começar qualquer coisa.
— Isso é ótimo. Quem sabe... — Sara hesitou, sem querer alimentar falsas esperanças. — Quem sabe as coisas não sejam tão ruins assim.
Maria Eduarda não respondeu. A ideia de um erro no diagnóstico parecia boa demais para ser verdade. Mesmo assim, ela se agarrou a esse pensamento por um momento, buscando forças para enfrentar o que estava por vir.
Luna começou a balbuciar novamente, chamando a atenção de Maria Eduarda. Olhando para a filha, sentiu uma onda de determinação crescer dentro dela.
— Eu não posso desistir, Sara. Não por ela.
— E você não vai, Duda. Porque a gente vai dar um jeito, juntas.
As duas se abraçaram novamente, enquanto Luna, alheia a tudo, dava um sorriso inocente que parecia iluminar todo o ambiente.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Silvana Costa Carneiro
que bom que chegou uma amiga para não deixar a Duda tão desamparada
2025-02-19
1
Ana Parodi
cheguei a chorar com este capítulo
2025-03-13
0
Erlete Rodrigues
que bom que ela tem uma amiga
2025-04-08
0