Os dias seguintes trouxeram uma mistura de avanços e tensões para Clara e a sua equipe. O trabalho no projeto de revitalização estava em pleno andamento, mas os desafios eram implacáveis. Entre os recursos limitados, as diferenças de opinião entre os membros da equipe e a desconfiança inicial da comunidade local, Clara sentia o peso das suas responsabilidades crescendo a cada momento.
Na manhã de segunda-feira, Clara organizou uma reunião no centro comunitário improvisado. As paredes de concreto bruto eram enfeitadas com cartazes feitos por crianças locais, mostrando mensagens de esperança. Ela sabia precisar encontrar uma forma de unir a equipe, mas também era crucial engajar os moradores.
“Antes de falarmos sobre as metas desta semana, quero ouvir de vocês,” Clara começou a olhar para cada membro da equipe. “Quais são suas maiores preocupações? E como podemos trabalhar juntos para superá-las?”
Renata foi a primeira a falar. “ a minha maior preocupação é que estamos a subestimar o impacto das condições estruturais precárias aqui. Se não tratarmos disso, os nossos esforços não vão durar.”
Paulo rapidamente retrucou. “Entendo o seu ponto, mas se não ganharmos a confiança da comunidade primeiro, nenhuma solução estrutural vai funcionar a longo prazo.”
Ana, que normalmente era mais reservada, surpreendeu a todos ao intervir. “Ambos têm razão. E se dividíssemos as tarefas? Uma equipe foca nas melhorias imediatas e outra trabalha em criar relações mais fortes com os moradores".
Clara sorriu, sentindo que um progresso real estava a ser feito. “Isso é exatamente o tipo de solução colaborativa que precisamos. Renata, pode liderar a equipe estrutural. Paulo e Ana, trabalhem juntos no envolvimento comunitário. Vou acompanhar ambos os grupos e garantir que estamos alinhados.”
A reunião terminou com um clima de cooperação renovado, mas Clara sabia que os desafios estavam longe de acabar. Enquanto caminhava pelas ruas da comunidade, observou crianças brincando perto de áreas perigosas e adultos conversando em grupos pequenos, os rostos marcados pela desconfiança. Ela precisava encontrar uma forma de construir um elo mais forte com aquelas pessoas.
Mais tarde, Clara teve uma ideia. Convocou uma reunião aberta com os moradores, onde poderiam expressar suas necessidades e ideias. “Este projeto não é sobre o que queremos impor a vocês,” ela explicou. “É sobre o que podemos construir juntos.”
No dia marcado, a praça central ficou lotada. Alguns moradores estavam céticos, mas muitos aproveitaram a oportunidade para falar. Uma mulher idosa, dona Marta, levantou-se e disse: “O que precisamos é de algo que não se quebra com o tempo. Queremos educação para nossas crianças e segurança para nossas famílias.”
As palavras de dona Marta ecoaram na mente de Clara. Ela percebeu que, além de resolver os problemas imediatos, precisava oferecer soluções duradouras. Clara terminou a reunião com uma promessa: “Vamos trabalhar juntos para atender às necessidades de hoje e construir um futuro melhor para todos.”
Naquela noite, Clara sentou-se com Gabriel, que havia ligado para saber como ela estava. Ela compartilhou as dificuldades e as pequenas vitórias. “Tudo isso faz-me lembrar da vila,” disse ela, a voz cheia de emoção. “Mas é diferente. Aqui, eu sinto que o impacto pode ser ainda maior.”
Gabriel respondeu com ternura. “Você sempre teve o dom de transformar desafios em oportunidades, Clara. Não duvido que vai conseguir aqui também.”
E assim, com as sementes da confiança começando a brotar, Clara preparou-se para os próximos passos. Ela sabia que a verdadeira transformação exigiria paciência, empatia e uma liderança firme, mas também sabia estar pronta para o desafio.
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Atualizado até capítulo 75
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