Capítulo 04

...Thamara Mendes ...

Poxa Thamara!

Você não acerta uma!

Como foi quebrar o celular do homem?!

O celular dele é um daqueles de última geração, que eu acho que nem tem aqui no Brasil e se tiver custa um absurdo. Nunca que eu teria coragem de pagar 12.000 reais em um celular.

Com esse dinheiro eu daria entrada em um carro e ficaria pagando parcelado, Deus me livre de investir tudo isso em um celular. O meu custou 2.000 e eu já achei super caro.

Gente rica é estranha.

— Seu Gomes?! Seu Gomes! Pelo amor de Deus, abre essa sala. — digo ofegante, pois sai correndo quando vi que ele estava fechando a sala.

— Aqui seu notebook, Thamara! — ele me entrega sorrindo. — Dessa vez eu olhei pra ter certeza que ninguém tinha esquecido nada.

— Aí, graças a Deus! Obrigada seu Gomes, eu preciso muito dele, minha vida tá aqui.

— Eh, Thamara! Pois cuide da sua vida menina. — ele diz e começa a sorrir.

— Eu sou muito distraída seu Gomes, eu vivo esquecendo minhas coisas por aí, por isso tudo que preciso fazer eu anoto aqui. — digo levantando o notebook que ele me entregou.

— Você é uma graça Thamara. — ele diz sorrindo e negando com a cabeça. — Mande um abraço para o seu pai e diga que domingo vai ter bingo.

— Pode deixar que eu mando sim e dou seu recado. — digo e ele sai.

Seu Gomes é nosso vizinho, ele e a esposa moram há muitos anos em nosso bairro, antes mesmo dos meus pais mudarem para lá.

Volto para o auditório para terminar de assistir as palestras e tento me concentrar mesmo que minha cabeça esteja no advogado gostosão.

Após as palestras terminarem, Rafaela e eu saímos do auditório e vamos até o refeitório comer algo, tenho um cartão refeição que meu irmão faz questão de reabastecer todo mês, até isso eles querem me bancar e bancam e eu sou grata demais por todo o cuidado deles comigo.

Fazemos nossos pedidos no balcão e vamos nos sentar para esperar.

— Rafaela, olha. — digo entregando o cartão de Fabrício para ela.

— Quem te deu isso?

— O próprio! Olha atrás. — digo.

— É o número pessoal dele?

— É!

— Aqui meninas os pedidos de vocês. — Jam diz, ela é uma das moças que trabalham aqui.

— Obrigada Jam. — Rafa e eu dizemos juntas.

— Por nada, qualquer coisa é só chamar. — ela diz e nós assentimos e logo ela sai.

— O que você fez pra esse homem te dar o número dele? — Rafa pergunta incrédula.

— Nada, fui eu mesma.

Conto para ela tudo que aconteceu e ela sorri eufórica.

— Meu Deus do céu! O senhor tem mesmo os seus preferidos.

— Ele vai só me mandar o material para estudo sua doida! Ele não me convidou pra sair ou nada do tipo.

— Minha filha, você acha que esse homem te deu o número pessoal dele porquê? Porque ele quer que você ligue, se ele quisesse só te passar o material, teria te pedido seu email e não ter te dado o número dele e ter te pedido o seu, acorda mulher!

— Pois eu não vou ligar pra ele não!

— Senhor?! Por que tu olhaste pra ela e não pra mim? Minha filha uma coisa é certa, ele está querendo muito mais do que te ajudar com seus estudos, ele está querendo te ajudar sim com os estudos, mas o da anatomia do seu corpo.

— A minha anatomia não! Eu hein! Ele que não venha com esses papos para mim, eu não me guardei até agora pra entregar meu ouro a qualquer um.

— Mas não é qualquer um, é um Alencar! O mais bonito, misterioso e enigmático dos três, é o Fabrício Alencar! Ele não é conhecido por gostar de falar muito, no geral ele é bem calado, mas o homem quis falar com você, algum interesse você despertou nele, nessas horas eu não queria ser ruiva! Ele nem deve querer saber mais das ruivas.

— Só você mesmo, Rafa! — digo sorrindo.

— Se eu fosse você, eu aproveitaria essa oportunidade, uma oportunidade dessa não bate duas vezes na mesma porta.

— Eu sou virgem, Rafaela! Eu não vou ter minha primeira vez com alguém que eu não sinto nada, não esperei até agora pra ser com qualquer um, se eu quisesse que fosse qualquer um, eu já teria feito a muito tempo.

— Mas é o Fabrício...

— Pra mim só me interessa o advogado brilhante que ele é, me espelho muito neles, nos Alencar por serem muito bons no que fazem, mas é só isso.

— Acho que vou te levar ao médico, você só pode ser assexuada, só pode ter algum problema para não se sentir no mínimo atraída por aquele homem.

— Ele é bonito Rafa, óbvio que eu acho ele bonito, mas é bonito demais pra o meu gosto, eu gosto de pessoas com uma beleza mais comum, ele parece um deus grego.

— Pois vá ser a Afrodite dele! — ela diz e eu caio na gargalhada.

— Você não tem um pingo de juízo Rafaela!

— Quem não tem juízo aqui é você! Qual mulher que dispensa um homem daquele? Só você mesmo. Deus, porque Deus?!

— Deixa de ser dramática.

— Vou ficar morena amanhã mesmo! — ela diz e eu sorrio.

— Deixa de ser doida, eu acho que as pessoas não gostam de outra pela cor do cabelo.

— A ex dele é ruiva, óbvio que ele não vai olhar para mim, não é à toa que ele olhou para você e não para mim.

— Até parece que ele quer algo comigo, Rafa! Eu sou uma pessoa comum, de uma beleza comum, não vejo nada de mais em mim.

— Você pode ser qualquer coisa Thammy menos comum, você é linda demais, sua beleza não tem nada de comum, você tem capacidade de conquistar o homem que quiser, até aquele Alencar bonitão. — ela diz e eu nego com a cabeça.

— E eu lá quero conquistar ninguém e com certeza aquele homem não quer ser conquistado e eu não vou ser marmita dele.

— Ah, pois se ele quiser eu posso ser a marmita dele sim, ele pode me fazer de marmita quando ele quiser.

— Pois a mim não!

— Boba! Da onde que se eu tivesse a oportunidade de ter minha primeira vez com um homem daqueles se eu não ia querer.

— Pois eu lhe digo que não quero! Não quero de jeito nenhum, se ele quiser me mandar o material, eu aceito, mas outras coisas, eu estou fora.

— Acho que sua mãe te deixou cair quando era bebê e você bateu a cabeça, só isso explica a sua aversão ao sexo oposto. Tem certeza que não gosta de mulher?

— Não gosto e acredito que se eu gostasse, meu pensamento seria o mesmo.

— Ao menos mande mensagem para ele pedindo o material, pelo menos pra mostrar que está grata pela gentileza dele.

— Relaxa! Eu vou pedir. — digo só para ela parar de encher meu saco.

Me despeço de Rafa e entro no ônibus que pego todos os dias para ir para casa, meus irmãos não podem me buscar e ir de táxi fica muito caro e eles já me ajudam com muitos dos meus gastos e como estudante eu só pago meia e eu não me incomodo de andar de ônibus.

Não sei de onde Rafa tirou que aquele homem está interessado em mim. Ele com certeza está acostumado a mulheres finas e elegantes e não a alguém como eu.

Mais ou menos uma hora e meia depois chego em casa, dou um beijo nos meus pais e vou direto para o meu quarto tomar um banho.

Após o banho visto uma roupa confortável e me jogo na minha cama pra descansar um pouco antes do almoço, já que estudo na parte da manhã.

Meu celular vibra dentro da bolsa e há uma mensagem de um número desconhecido.

Desconhecido: Como prometido, segue o arquivo da minha palestra e o outro arquivo é sobre a área criminal. Espero que ajude nos seus estudos e qualquer dúvida pode falar comigo, esse é meu número pessoal, o mesmo que está no cartão que te dei.

Eu: Eu agradeço muito, doutor Fabrício, pode ter certeza que vai me ajudar muito.

Fabrício: Que bom, qualquer coisa é só chamar, vai ser um prazer tirar todas as suas dúvidas.

Eu: Eu agradeço demais.

Fabrício: Já pensou em entrar no programa de estágios do escritório?

Eu: Já! Quem estuda direito que já não pensou nisso? Mas eu ainda não estou no último ano.

Fabrício: No próximo ano as portas estarão abertas pra você.

Eu: Obrigada doutor Fabrício.

Fabrício: Só Fabrício!

Eu: Questão de respeito.

Fabrício: Nos tribunais sim, mas fora deles, sou apenas Fabrício, ok?

Eu: Ok.

Fabrício: Bom… tenha uma boa tarde e faça bom proveito do material.

Eu: Obrigada mais uma vez, boa tarde.

Abro os arquivos que ele mandou para mim e pelas próximas horas eu mergulho nisso, tanto que só lembrei que não almocei porque minha barriga começou a roncar.

Rafaela vai surtar quando souber que ele falou comigo antes de eu precisar falar com ele.

Nada de se iludir com esse homem, Thamara!

Ele só quer uma coisa e essa coisa você não pode dar.

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