Eu,Meu Filho,E O Homem De Vermelho
MARIA MENTÉNS. (PERSONAGEM PRINCIPAL)
Me chamo Maria Mertens. Sou casada com o Thomas e, recentemente, me tornei mãe. Nosso filho. Benjamim, acabou de completar cinco meses...
Sou modelo, mas dei uma pausa na carreira para me dedicar inteiramente ao meu filho. Quero estar presente em cada momento, aproveitar essa fase tão intensa e passageira. Mais adiante, pretendo retomar meu trabalho, mas agora, ele é minha prioridade.
O problema é que, enquanto me entrego totalmente à maternidade, meu casamento parece desmoronar. Eu e Thomas já não parecemos mais marido e mulher. Ele está tão distante… mal me beija, mal me toca. Não me procura, não me escuta. Chega do trabalho sempre tarde, janta calado e vai direto dormir. É como se eu não estivesse ali. Eu me sinto tão sozinha…
Ainda assim, tento acreditar que é só uma fase. Luto com todas as forças para que a gente reencontre o caminho, por Benjamim, que merece uma família feliz, unida, de verdade. E também porque eu o amo. Porque, apesar de tudo, ainda o amo. Mas estou cansada. No limite. E sei que não falta muito para eu explodir… e ir embora com meu filho nos braços.
MARIA: — Oi, meu pequeno… bom dia, meu amor.
Entro no quartinho do Benjamim e o pego no colo com cuidado. O trago comigo até o meu quarto e me sento na cama, ajeitando o travesseiro atrás das costas e o posicionando pra amamentar.
MARIA: — Tá com fome, meu amor? Vem mamar com a mamãe.
BENJAMIM.(FILHO DE MARIA E THOMAS)
São seis da manhã. Imagino que Thomas já esteja tomando café… ou talvez já tenha saído para o trabalho.
Após amamentar o Benjamim, troco sua fralda e sigo com ele no colo até a cozinha, para ver se ainda encontro Thomas.
Ele está na porta, prestes a sair.
MARIA: — Amor… bom dia! Você já tomou café?
THOMAS — Tomei.
MARIA: — Tá bem… bom trabalho, então.
THOMAS: — Obrigado! Já tô indo.
Ele se aproxima e me dá um selinho apressado. Em seguida, dá um beijo na bochecha do Benjamim.
THOMAS: — Tchau, meninão do papai!
MARIA: — Eu te amo…
THOMAS: — Eu também. Até mais tarde.
E ele se vai. Porta fechada. Silêncio.
"Eu também."
Ele nunca diz "Eu te amo." Nunca mais. Quando foi que isso aconteceu? Quando foi que ele mudou tanto?
THOMAS. (MARIDO DE MARIA)
MARIA: — Bom, meu amor… mais um dia só eu e você nessa casa, hein, meu pequeno. A mamãe tá cansada, sabia? Que tal irmos visitar a titia Janne mais tarde?
Janne é mais que minha melhor amiga. É uma irmã. Sempre esteve comigo, mesmo quando o mundo parecia desabar. Ela vive tentando me convencer a sair desse casamento… e confesso que, ultimamente, ela quase me convence. Talvez eu só não tenha pedido o divórcio ainda porque… ainda amo o Thomas. Ainda sonho, no fundo, que ele possa voltar a ser aquele homem do começo.
Aquela esperança boba de que as coisas vão melhorar. Só que a cada dia, ela parece mais frágil.
Como ainda é cedo, volto pro quarto com Benjamim e me deito na cama com ele, só por mais alguns minutos. Não quero dormir, só quero sentir o calor dele junto ao meu corpo. É o único aconchego que me resta.
HORAS DEPOIS...
Pego o carro e sigo pra casa da Janne.
Nos últimos dias, ando tendo uma sensação incômoda de estar sendo observada. Sempre que saio de casa, parece que tem alguém por perto. E, quase sempre, vejo um homem pelas ruas. Alto, forte, de cabelos negros, usando calça social escura e uma camisa social vermelha. Sempre a mesma cor. Sempre a mesma postura, sempre de costas. Nunca vi seu rosto. Nunca sei se é ele ou se são vários. Pode ser coincidência. Pode ser alguma empresa onde todos usam esse uniforme e eu tô exagerando…
Mas isso já acontece há duas semanas
JANNE: — Oi!! Oi, neném da titiaaa!
Antes mesmo que eu diga qualquer coisa, Janne já pega Benjamim do meu colo e o enche de beijos estalados, apertando as bochechas dele com um entusiasmo que só ela tem.
MARIA: — Tá bom, já chega! Para de encher o rosto do meu filho de baba!
JANNE: — Sua mãe é uma chata, Ben!
MARIA: Hum!
JANNE: — Vem, entra aí.
Janne é uma morena linda de pele naturalmente bronzeada. Tem trinta e dois anos, é solteira, e acima de tudo, é absurdamente sincera. Às vezes, essa sinceridade dela me incomoda, mesmo quando eu sei que ela só quer o meu bem. Mas é ela quem segura minha mão quando tudo desmorona. Somos amigas desde a adolescência. Ela é como uma irmã pra mim.
JANNE.(MELHOR AMIGA DE MARIA)
JANNE: — Tá legal. Qual a de hoje? Vamos reclamar do idiota do seu marido?
MARIA:— Não começa, Janne…
JANNE: — Eu tô tão cansada de te aconselhar! Juro, eu não sei mais o que dizer ou fazer.
MARIA: — Janne!
JANNE: — Amiga, poxa!
MARIA: — Ele vai mudar. Vai melhorar…
JANNE:— Ah é? E você vai esperar até quando por esse milagre?
MARIA:— Nós temos um filho juntos.
JANNE:— Ah, pelo amor de Deus, Maria! Filho não segura casamento. Não vem com essa desculpa, não.
MARIA: — Eu não me casei pra me separar, Janne. É normal ter dificuldades. Eu amo o Thomas, e não posso simplesmente desistir sem lutar… preciso tentar resolver, salvar o que a gente tem.
JANNE: — Maria… pelo amor de Deus. Você mesma me diz que ele não te dá carinho, não diz que te ama, não passa tempo com você. Vocês nem têm mais intimidade. Nunca pensou que, se ele não te procura, pode estar se satisfazendo com outra pessoa?
MARIA: — Ah não, Janne! Sério. Para, por favor!
JANNE: — Você que se recusa a enxergar.
MARIA: — Ele não faria isso!
JANNE: — Amiga… eu só tô tentando te ajudar. Eu vejo como ele te trata. Isso não é um casamento. Você quer que o Benjamim cresça achando que isso é normal? Que é assim que o amor funciona?
MARIA: — Janne, eu não vim aqui pra ouvir essas coisas!
JANNE: — Tá bom. Eu não vou dizer mais nada. Mas sinceramente, eu não entendo por que você ainda insiste nesse casamento. Parece até que você não se ama! Mas que saco…
De repente, ouço um apito agudo. Um som familiar.
Meu aparelho de taquicardia começa a apitar. Sinto o coração disparar...
JANNE: — Maria?! Ei, calma! Respira, tá me ouvindo?
MARIA: — Eu tô bem… só me dá um pouco d’água… por favor…
JANNE: — Tudo bem. Fica aqui, respira fundo. Vou buscar.
Tenho problema de taquicardia desde a adolescência. Em situações de estresse, susto ou ansiedade, meu coração dispara como se estivesse tentando escapar do peito. Acelera tanto que me falta o ar, sinto tontura, dores no peito, e às vezes, até perco os sentidos. Durante um tempo, consegui controlar com medicação e acompanhamento médico. Achei que tivesse superado. Mas, ultimamente, as crises voltaram com força. Por precaução, voltei a usar um monitor cardíaco no pulso, um aparelho semelhante a um relógio, um pouco maior, que emite um alerta sempre que meus batimentos saem do controle.
JANNE: — Aqui. Beba!
Pego o copo com as mãos trêmulas e bebo a água devagar, tentando controlar a respiração. Sinto meu peito aliviar aos poucos e o monitor para de apitar.
JANNE: — Meu Deus… mesmo depois de tantos anos, eu sempre fico desesperada quando isso acontece. E esse aparelho barulhento me assusta ainda mais. Ai, me perdoa, amiga. Juro que não foi minha intenção te estressar.
MARIA: — Tá tudo bem…
JANNE: — Prometo que não toco mais nesse assunto, ok? Não quero ser a causa de um infarto seu. Mas… por favor, pensa com carinho em tudo que eu disse. Tá bom?
MARIA: — Hum rum. Tá bem.
JANNE: — Você sabe que eu te amo, né? Eu só quero o seu melhor. Tudo o que falei… foi porque me importo. Com você e com o Benjamim.
MARIA: — Eu sei, Janne. E eu agradeço, de verdade. Prometo que vou pensar em tudo. Eu também amo você.
JANNE : — Bom… vamos mudar de assunto, né? Eu tenho uma coisa pra te mostrar. Comprei uma bota super fashion. Você precisa ver.
Ela diz, se levantando de repente com um brilho nos olhos.
MARIA: — Jura? Me deixa ver.
JANNE : — Você vai amar. É a minha cara.
Ela diz, colocando Benjamim em meu colo e indo em direção ao quarto.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Ana Paula Assis Pantoja
estou na mesma situação que ela......parece que sou irmã do meu marido 😞😞é muito triste isso 😔
2025-02-08
83
Ana Paula Gomes de Azevedo
Já passei por isso com meu marido foi tempos turbulentos quando nosso filho nasceu mais agora está tudo em paz.
É que eu depois de ter tido meu filho eu tive um AVC é ele teve que cuidar de 4 crianças um idoso (meu pai) é ele estava desempregado olha vcs não imagina como nós sofremos mais agora graças a Deus está tudo maravilhoso.
2025-02-13
2
Rosa Hosana Santos
você tem razão quando chega a esse ponto a tendência é só piorar ele concerteza tem outra e não tem coragem de se separar mais da um basta nessa relação pois você só sofre
2025-02-18
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