Personagens

Aos vinte e cinco anos, Isadora Valentini já era uma lenda nas corridas ilegais. Não por ser mulher em um mundo de homens, mas porque ninguém ousava desafiá-la. Sua coleção de carros esportivos e motos exóticas não era apenas um capricho. Era sua válvula de escape.

A verdade é que, desde muito cedo, Isadora aprendera a endurecer o coração. Filha única de um dos maiores empresários do setor imobiliário e hoteleiro da Itália, ela assumira parte da liderança da holding da família aos vinte e um anos, pouco depois de se formar em Administração e Comércio Internacional em Milão, com especialização em Gestão de Grandes Corporações em Nova York.

Brilhante, implacável e com uma mente afiada para números e estratégias, Isadora conquistara respeito em um mundo dominado por homens muito mais velhos. Mas, por trás da postura firme, havia um segredo que ela guardava com unhas e dentes: sua mãe.

A mulher desaparecera da vida de Isadora quando ela tinha apenas dez anos. Uma figura enigmática, instável e envolta em segredos que o pai jamais revelara. E Isadora… nunca perguntava. A ausência da mãe era como uma ferida mal cicatrizada. Sempre que alguém ousava tocar no assunto, ela gelava. Seu silêncio era sua defesa.

Apenas uma pessoa sabia da história inteira: Lara Bianchi, sua melhor amiga desde o colégio interno em Florença. Lara era o oposto de Isadora: falante, espontânea e com uma risada contagiante. Mas, acima de tudo, leal. Fora Lara quem acompanhara Isadora nas noites em que ela se escondia do mundo, sufocada pelo peso de ser “a herdeira impecável” que todos esperavam.

No presente, no entanto, não havia espaço para fragilidade. Isadora arrancou com a moto, cortando o vento como se quisesse deixar para trás os fantasmas que a assombravam. Quando cruzou a linha de chegada, venceu novamente. Era a campeã absoluta da noite.

Theo

Theo Monteverdi Um sobrenome que carregava tanto respeito quanto temor nos corredores empresariais da Itália. O jovem herdeiro tinha apenas trinta anos, mas já ostentava um legado que muitos jamais alcançariam em toda a vida. Filho único de Elena Monteverdi, uma das mulheres mais influentes do setor financeiro europeu, Theo cresceu cercado de luxo, mas também de disciplina férrea.

A ausência do pai, que abandonou a família quando ele ainda era criança, moldou o caráter de Theo. Ele aprendeu cedo que afeto era fraqueza e que a confiança era um luxo perigoso. Com a mãe, herdou não apenas a fortuna, mas a mente afiada para os negócios e a frieza que assustava até seus próprios aliados.

Desde muito novo, Theo sempre foi exigente, competitivo e calculista. Aos dezessete anos já fazia parte de reuniões importantes; aos vinte e três, se formou com louvor em Economia Internacional em Oxford; e aos vinte e seis assumiu o comando oficial da holding da família, expandindo-a para áreas que poucos ousariam entrar. Sob sua liderança, os Monteverdi dobraram os lucros em menos de quatro anos.

Mas Theo não era apenas um empresário brilhante. Ele era temido pela maneira direta, sarcástica e impiedosa com que tratava os adversários. Não aceitava desaforos. Se alguém ousava desafiá-lo, a resposta vinha rápida e sem rodeios, muitas vezes cruel.

E então havia sua vida pessoal, tão enigmática quanto sua carreira. Theo estava noivo de Valentina Moretti, filha de um magnata do setor de tecnologia. Linda, refinada e ambiciosa, Valentina era a noiva perfeita aos olhos da sociedade. Mas quem conhecia de perto o relacionamento sabia que não havia amor ali. Havia conveniência. Poder somado a poder. Para Theo, Valentina era uma parceira adequada para os eventos sociais, alguém que compreendia sua vida sem fazer perguntas demais.

Ele nunca se deixou envolver emocionalmente. Nunca cedeu espaço para fragilidades. E, ainda assim, de alguma forma, parecia sempre carregar um vazio interno que preenchia com trabalho, conquistas e uma rotina impecavelmente controlada.

Seus dias eram divididos entre a empresa, treinos intensos de boxe e corridas noturnas de carro, onde

se permitia extravasar a raiva e a adrenalina contida.

Nas pistas clandestinas, ele não era o CEO. Era apenas Theo, o homem que acelerava até quase perder o controle, como se buscasse no risco algum sentido para sua existência.

Agora, com o casamento arranjado batendo à porta, Theo sentia o peso de algo inaceitável: não ter o controle. Ele sabia que Isadora Valentini era tão difícil quanto ele. Fria, calculista, implacável. Duas forças opostas, forçadas a dividir a mesma vida por dois anos.

E por mais que odiasse admitir, parte dele estava curioso para descobrir até onde Isadora suportaria suas provocações. Porque, no fundo, Theo Monteverdi nunca teve medo de inimigos. Ele apenas esperava que, dessa vez, não fosse ele quem acabasse perdendo o jogo.

Continua…

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Maria Auxlidora

Maria Auxlidora

adorando a história

2025-08-17

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