Capítulo 6

Pedro Santoro

Ana ficou com o emprego. E eu nunca vi uma pessoa tão agradecida por conseguir um emprego, como a Ana ficou.

Após a entrevista, o restante do meu dia ocorreu normalmente.

Voltei para casa. E o primeiro lugar a ser explorado por mim, foi minha adega. Me servi de um drink, e segui na direção do sofá. Afrouxei minha gravata, e a retirei em seguida. Os primeiros botões da camisa, os desabotoei.

Me ajeitei no sofá, e levei a bebida na boca. Com os olhos vidrados na parede à minha frente, me permitir pensar no dia de hoje.

Ou melhor. Na bela mulher que apareceu na empresa hoje, a quem será a minha secretária.

Com os pensamentos absortos, me assustei ao ouvir batidas na porta do apartamento. Olhei as horas, e pelo horário, apenas duas pessoa subiria sem ser anunciado. Mas tirando a hipótese de ser Samanta, já sabendo do escândalo que seria feito, se fosse ela ali.

Me levantei do sofá, chegando na porta e conferindo pelo olho mágico da porta, vendo que minhas suspeitas estavam corretas.

Abro a porta, e dou passagem para que Diogo entre. Fecho a porta novamente, e vou até o sofá onde estava sentado antes. Diogo já está na adega se servindo de uma dose de drink.

– Tão calado mano! O que tá pegando? — Olho despreocupado na direção de Diogo, vendo ele guardando a garrafa de vodka no lugar, em seguida se vira na minha direção levando o copo a boca —

– Nada! O dia hoje, que foi meio tenso! — Meus olhos vagam para o copo na minha mão, olhando o líquido ali dentro, o remexendo com cuidado, e sem pressa —

– Tô vendo que foi. Mas nunca te vi assim antes. É até estranho... Deixa ver se adivinho... Brigou com alguém? Sua mãe, Samanta, talvez? — Diogo tenta de todas as maneiras adivinhar o que tenho. Mas na real, nem mesmo eu sei o motivo de estar assim. Então por hora, prefiro mudar o assunto —

– E a Emanuela?

– Emanuela? Quem é Emanuela?

– Não se faça de desentendido. Estou falando da Manu, a amiga da Samanta. Por quem você ficou com os quartos pneus arriados por ela. — Falo dando no fim um sorrisinho de lado. A cara do meu amigo agora está ilária. Ele tentou disfarçar, mas foi só falar na garota, e ele ficou todo sem jeito no sofá —

– Você só pode está ficando maluco. Não tem nada de Manu não. E não tente mudar de assunto. Sei que tem algo te incomodando. Me diz. É mulher?

A pergunta que ele fez, me obrigou a olhar pra ele na mesma hora. E cara. Não sei porque fiz isso, mas agora Diogo não para de me encher.

Foi até legal a noite na companhia dele. Tirando a parte em que Diogo ficou insistindo em saber quem era a mulher. Mas óbvio que não disse nada. Até porque pôde ser apenas loucura da minha cabeça. Coisa momentânea.

No outro dia, já às 7:10 da manhã. Chego no meu escritório um pouco mais cedo do que de costume. Entro na sala, vou direto para frente do notebook ligando o em sequência. Me sento, e busco pelo documento que tinha que ser revisado ontem.

A porta da minha sala se abre, e vejo minha secretária passar por ela, com a sua avantajada barriga de grávida.

– Bom dia senhor Pedro! Não sabia que chegaria cedo hoje!? — Claramente surpresa, Simone se comunica comigo—

– Bom dia! Simone. Precisei revisar um documento que faltou ontem. Então precisei vir mais cedo... A senhorita Ana virá hoje. Mostre a ela tudo que precisa fazer e aprender.

– Sim senhor!

– Mais uma coisa Simone! — Falo a vendo se vira para deixar a sala. Ela se vira e me encara— Não se esforça tanto. Minha mãe disse que nos últimos meses de gestação, é importante tomar bastante cuidado. Sendo assim, não se esforçe demais.

– Obrigada senhor Pedro.

Vejo Simone sair da sala agradecida. Simone é uma moça bem gentil. Casada há menos de um ano. Perdeu os pais bem nova. Então ela não sabe muito sobre esse momento novo que está vivenciando.

E claro, que dona Kiara iria ficar no meu pé, para cuidar bem da minha funcionária. Ainda mais por seu marido ser o Maicon, um grande amigo nosso da comunidade.

Entretido nos documentos à minha frente, não vi a hora passar. Escuto toques vindo de fora da porta, e sem olhar na direção da mesma, dou a permissão para entrar.

Sinto um perfume suave no ar, e uma voz doce soar aos meus ouvidos. Levando minha cabeça, dondo de cara com a linda mulher, à minha frente. A quem tomou conta de meus pensamentos a uma boa parte da noite de ontem. Ela está bem nervosa, e permanece olhando a agenda em sua mão. Até o momento não ousou olhar para mim.

– Bom dia, senhor Pedro! Simone me pediu para anunciar que o senhor terá uma reunião daqui a vinte minutos, com o sócio na empresa bela lastra. E após o almoço uma conferência com a empresa de são Paulo!

Não consigo parar de observar os lábios dessa mulher enquanto fala comigo. E agora com ela na minha frente, toda meiga e sem jeito. Me pergunto se foi mesmo uma boa ideia a contratar.

Me dou conta que estou a observando por tempo demais, assim que escuto ela me chamar, e me encarar curiosa.

– Tudo bem senhor Pedro? O senhor ouviu o que eu disse?

– Han? Há. Reunião, conferência. Claro! Ouvi sim, senhorita... Ana — As palavras saem com dificuldade. E com um arranhar de garganta, me esforço para me recompor. Noto a porta atrás dela ser aberta, e Diogo entrar na sala. Por um segundo ele fica me encarando, em seguida observa Ana. Não demora para um sorriso ladino aparecer na boca desse infeliz, e antes que ele fale de mais — Obrigado senhorita Ana. Peça a Simone para te orientar nos procedimentos da reunião. Nos vemos logo na sala de reunião!

– Sim senhor! — Ela fala com uma voz doce. Em seguida, se vira pra deixar a sala. Noto que ao ver Diogo ali, ela fica receosa. Diogo a comprimento eduardo, e ela o responde na mesma proporção, e sai da sala fechando a porta em seguida —

– Que moça adorável! Quem é?

– A nova secretária! Ela vai ocupar o lugar da Simone por um tempo... Não! — Falo percebendo o olhar dele pra mim—

– Qual é cara! Pra cima de mim? Como você disse ontem mesmo? — Diogo franze os olhos parecendo pensar, enquanto me encara. Sua expressão debochada me estressa — Há, sim. Você está com os quatros pneus arriados por ela!

O miserável fala, e depois cai na gargalhada. O vontade de matar! A mão até coça.

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