capítulo 4

Me chamo Lavínia Petrov. Filha do poderoso, Sérvio Petrov e Marieta Petrov. Em meu país, na Sibéria. Meu pai é um dos homens mais poderosos da cidade.

Faz quase três semanas que estou foragida na Inglaterra. O motivo? Meu pai quer me forçar a casar com um homem impiedoso. Vladimir Belyk. As histórias que ouvir sobre ele me assustam ainda mais. Não seria eu, a primeira esposa que ele iria ter. Em suas mãos já se passaram três, e todas foram mortas por ele. Fora outras muitas mulheres das quais ele abusava drasticamente. Mas, por ser poderoso, nunca foi condenado, e sempre se safava.

Ainda me pergunto. Como o homem que me deu a vida, teve a coragem de me entregar para um homem como Vladimir? E o pior. Minha mãe ainda consentiu com tudo isso. Mas o que se pode esperar de dois gananciosos?

Para conseguir fazer com que meu pai não me encontrasse, teve que mudar algumas coisas em mim. A começar, pintei meu cabelo, que antes era loiro, para um castanho escuro.

Fiz identidade falsa e mudei meu nome para Ana Vitória. Graças à minha boa habilidade em hacker.

Com estilos de roupas totalmente diferentes do meu país natal, sei que vai me ajudar muito a esconder a minha identidade. Caso ocorra de meu pai mandar alguém atrás de mim.

Estou hospedada em uma pensão, não trouxe tanto dinheiro comigo, e o que tenho já está acabando. Para me manter aqui, terei que procurar emprego.

Deixei currículo em algumas empresas, mas até o momento, ainda não fui chamada.

Estou em meu quarto, averiguando o site de empregos, e se existe algum lugar onde poderia me encaixar. Um me chama a atenção.

Estão precisando com urgência de uma secretária, a empresa em questão é de cosméticos.

Por que não tentar a sorte? Com esses pensamentos, envio meu currículo.

Já é hora do almoço, me levanto, tomo um banho e desço para a cozinha da pensão. As refeições aqui ficam mais em conta do que sair para comer em restaurantes fora. E o melhor. O sabor é sem igual.

Assim que termino, volto para o quarto. Um banho agora vai cair muito bem. E assim o faço.

Assim que termino o meu banho, escuto uma notificação no celular. Ainda de toalha enrolada no corpo, corro até o aparelho. Assim que vejo do que se trata, dou pulinhos de alegria. Uma entrevista de emprego. Essa foi a primeira que tive há dias.

Olho o horário e vejo que a entrevista ocorrerá às 14:30. Confiro as horas, são exatamente 12:55. O que indica que preciso ser rápida em me arrumar.

Me visto em um terninho feminino cor branca xadrez. Uma sandália de salto fino cor branca. Faço uma maquiagem leve, e meus cabelos os prendo em um rabo de cavalo alto.

Pronta! Agora é chamar um carro por aplicativo, e ir direto para a entrevista.

Saio do carro assim que chego ao meu destino, olho para o imenso prédio luxuoso à minha frente, enquanto respiro fundo e tomo coragem para entrar.

Sigo direto na recepção no primeiro andar. E uma moça muito gentil me indica para seguir para o último andar, pois o senhor Pedro já me aguarda!

Me sinto um pouco atônita. Pelo que me informei, em uma busca rápida no site de fofocas. Pedro é o CEO da empresa. Então, imaginem vocês o nervosismo em que me encontro agora.

Chamo pelo elevador, após segundos de espera, ele chega. Olho para a caixa metálica com as portas escancaradas à minha frente, e por um segundo, me pergunto se tenho mesmo coragem para estar à frente do CEO.

Esses pensamentos duraram poucos segundos, assim que lembro de minha situação financeira.

Não sou muito boa em estar de frente pra quem comanda logo de cara. Fugir da situação que me esperava no meu país, foi a coisa mais corajosa que fiz na vida.

Reúno toda a coragem de que sei que preciso, e entro no elevador. As portas se fecham, e nesse momento passa um filme imaginário na minha cabeça, de tudo que pode dar errado nessa entrevista. E nesse momento, sinto um pavor tomar conta do meu corpo.

Raios de ansiedade. Tinha que acontecer logo agora? Me apoio na parede do elevador e vou buscando o ar. Não sei o tempo que levou para o elevador chegar no andar indicado. Pra mim, pareceu que durou horas.

As portas do elevador se abrem, saio meio que cambaleando. Sinto uma mão segurar o meu corpo. Olho para cima e encontro uma bela mulher ao meu lado. Seu olhar para mim é de preocupação.

– Oi! Você não parece bem. Está pálida. O que está sentindo? — A mulher me pergunta, ainda me segurando. Fico um pouco sem jeito, mas respondo —

– Eu. Eu estou bem! Foi só uma crise passageira! Obrigada. — Tento me recompor, mas está difícil —

— Ei, calma! Não se esforce. Eu vou te ajudar a se sentar mais adiante! Está bem?

Consinto com a cabeça e sou guiada por ela até uma cadeira. Vejo ela se sentar ao meu lado e ficar aqui apenas em silêncio, segurando a minha mão. Não muito tempo depois, percebo a presença de outra pessoa à minha frente.

– Aqui, dona Kiara! Dê a ela essa água! Vai ajudar.

– Obrigada, Simone!

Escuto a voz da mulher que está ao meu lado, que agora sei que se chama Kiara. Ela me entrega água, a encaro agradecida. Bebo a água e, a todo o tempo, até que eu melhore, ela fica ao meu lado.

Com tudo que aconteceu. Passar mal logo aqui, na hora da minha entrevista de emprego. Acho que já perdi minha chance. Respiro fundo e agradeço às duas mulheres que ainda não saíram do meu lado.

– Você é a senhorita Ana Vitória? — A mulher que agora sei que se chama Simone, é quem pergunta. Mas quando vou responder sua pergunta. Escuto barulho de porta sendo aberto, e uma voz grossa invadindo todo o ambiente.

– Senhorita Simone. Não tem notícias da moça da entrevista? — Pedro, o CEO da empresa, é quem aparece aqui. Olho na direção dele, assustada. Ele olha na direção em que estou e — Mãe? O que está fazendo aqui ainda?

– Oi, meu filho! Essa moça passou mal, Simone e eu estávamos ajudando!

Vejo os olhos dele se voltarem na minha direção. Abaixo o meu olhar envergonhada. Respiro fundo e me levanto.

– Obrigada, senhora Kiara! Já me sinto muito bem! — Falo ainda de cabeça baixa, não me atrevendo a olhar na direção de ninguém. Me viro pronta para sair. Mas a voz do senhor Pedro chama por mim —

– Você é a senhorita, Ana Vitória? — ele pergunta, e nesse momento me viro na sua direção.

– Sim! Sou Ana Vitória!

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