CAPÍTULO 20#

Ainda não acredito que Chloe teve a audácia de se casar com aquele maldito Castelli. Louis. Apenas o nome dele já me dá vontade de esmagar algo com as mãos. Ele pode ser poderoso, mas não é intocável. Não para mim. Se ele acha que vai arrancá-la da minha influência, está muito enganado.

Ela parece ter esquecido tudo o que eu disse. Esquecido o medo. É quase cômico como ela acredita que pode escapar de mim, como se aquele casamento fosse sua salvação. Chloe não percebe que nada, nem ninguém, pode protegê-la de mim.

Mas farei ela lembrar. Oh, ela vai lembrar.

Vou trazer de volta cada memória sombria, cada pedaço do controle que eu construí sobre ela. Ela precisa entender, mais uma vez, que eu não sou um homem a ser desafiado. Chloe deve saber que posso destruir a sua vida completamente com um único movimento.

Ela vai aprender rápido. A obediência dela não é negociável. E não importa o que seja necessário, eu vou trazê-la de volta para o lugar dela.

No jantar

O restaurante escolhido era o ápice da sofisticação. Localizado no último andar de um dos hotéis mais luxuosos da cidade, sua decoração misturava mármore negro, lustres de cristal que pendiam como joias, e um panorama de janelas que ofereciam uma vista cintilante da metrópole abaixo. Tudo era cuidadosamente projetado para exalar poder e exclusividade, exatamente o ambiente digno dos Castelli.

Chloe estava ao meu lado, usando um vestido vermelho que, embora revelasse sua raiva, também a fazia parecer perigosa. Eu a observei enquanto descíamos do carro, a maneira como ela erguia o queixo, tentando mascarar qualquer vulnerabilidade, como se pudesse escapar da intensidade desse mundo. Admirei isso nela. Sua resistência. Sua teimosia. Mas, ao mesmo tempo, era exatamente isso que me fazia querer lembrá-la de onde ela estava.

Coloquei a mão na sua cintura, guiando-a em direção à entrada. Ela olhou para mim, com os olhos brilhando em reprovação, como se quisesse me fulminar ali mesmo.

— Pare de me tratar como se eu fosse um acessório. — Murmurou, a voz baixa e irritada.

Apertei sua cintura contra mim, apenas para provocá-la.

— Não estou tratando você como um acessório, ma femme. Estou mostrando ao mundo que você é minha esposa. — Respondi com um sorriso de canto, observando o rubor se formar em suas bochechas.

Ela resmungou algo inaudível, mas seguiu ao meu lado, mantendo-se firme.

Dentro do restaurante, minha família já estava reunida. Geneviève, minha mãe, estava impecável como sempre, com um vestido elegante e aquele olhar calculista que podia desarmar qualquer um. Ao seu lado, Charlotte sorriu calorosamente ao nos ver. Meu irmão Émile, tão frio e reservado quanto eu, estava sentado ao lado dela, o olhar avaliando Chloe em silêncio.

Damián estava com Sophie e os filhos. Noah, como sempre, parecia alheio à formalidade, enquanto o pequeno Tomás dormia tranquilamente nos braços do pai. Assim que nos aproximamos, maman levantou-se e cumprimentou Chloe com um sorriso suave.

— Querida, você está deslumbrante. Esse vestido combina perfeitamente com você.

Chloe agradeceu, educada, mas pude sentir a tensão em seu corpo. Ela ainda não estava confortável com essa dinâmica familiar, e, para ser justo, eu não a culpava.

Sentamos à mesa, e o jantar começou. Noah, impaciente, correu até mim assim que percebeu que Sophie estava distraída tentando controlar o bebê.

— Tio Louis — Ele exclamou, agarrando minha perna com um sorriso de orelha a orelha.

— Noah, volte para o seu lugar, ma petit. — Falei em um tom firme, mas ele apenas riu.

— Você sempre fala sério demais. Pode brincar comigo depois?

Olhei para Sophie, que revirava os olhos, exasperada, mas sorrindo.

— Só se você comer tudo e se comportar. — Respondi, finalmente, e ele acenou vigorosamente antes de voltar para sua cadeira, sob o olhar atento de Sophie.

Enquanto a noite avançava, Damián inclinou-se na minha direção, certificando-se de que minha esposa estava ocupada conversando com Charlotte.

— Então, primo, como está essa sua frieza lendária agora que está casado? — Perguntou em um tom baixo, mas carregado de sarcasmo.

— Não confunda compromisso com fraqueza, Damián. Você sabe disso melhor do que ninguém. — Respondi, sem desviar os olhos da taça de vinho em minha mão.

Émile, que estava ao lado, entrou na conversa, seu tom carregado daquele humor típico dos Castelli.

— Louis, você pode enganar a Tous (todos), mas nós sabemos. Você está amarrado agora, frère (irmão). Littéralement (Literalmente). — Ele disse, apontando para a aliança no meu dedo.

Revirei os olhos, mas um sorriso quase imperceptível ameaçou escapar.

— Vocês dois deveriam lembrar que minha paciência tem limites. — Respondi, seco.

Damián riu suavemente, tomando um gole de vinho.

— Só estou dizendo que reconheço os sinais. Eu era exatamente assim, se souvenir (lembra)? Antes de Sophie, eu era tão frio quanto você. E agora, veja só... — Ele fez um gesto em direção à esposa, que embalava Tomás com uma expressão tranquila.

— Je ne suis pas toi, Damian (Eu não sou você, Damián). — Murmurei, mas ele apenas deu de ombros.

— Bien sûr. Mais la glace se brise toujours, cousin. (Claro que não. Mas o gelo sempre quebra, primo). Só estou avisando.

O olhar que lancei para ele deixou claro que eu não estava interessado em continuar aquela conversa. Ainda assim, ele apenas sorriu, como se soubesse algo que eu não sabia.

Por incrível que pareça, o jantar estava sendo... agradável. Sophie era incrível, com uma doçura quase desconcertante, e Charlotte, apesar da típica frieza dos Castelli, tinha um sorriso caloroso, fazia tudo parecer menos formal. Até Geneviève, com sua postura impecável e aquele olhar calculista, conseguia ser impressionante. Por um momento, achei que talvez pudesse me acostumar com a dinâmica da família Castelli.

Mas então havia Louis, Damián e Émile. Eles conversavam de uma forma perigosa e, ao mesmo tempo, humorada. Faziam ameaças veladas, riam disso e, de repente, voltavam ao tom sério antes de explodirem em risadas outra vez. Era impossível não perceber o quanto eles eram parecidos. Três predadores afiados em suas próprias formas. E Louis, no centro disso tudo, parecia comandar a interação como se fosse natural.

Foi então que ele se inclinou para mim e deslizou uma taça de vinho em minha direção.

— Experimente, ma femme. Celui-ci est spécial (Este é especial).

Por um momento, meu coração parou. A visão do vinho vermelho trouxe de volta uma lembrança que eu evitava a todo custo. Aquele cheiro... Tudo me transportava para aquela maldita noite.

Minha reação foi rápida e impulsiva, mas tentei manter a compostura.

— Por favor, tire isso de perto de mim. — Minha voz saiu firme, mas educada o suficiente para que ninguém na mesa notasse algo errado.

Louis franziu o cenho, claramente confuso, mas sem criar alarde. Ele retirou a taça, colocando-a longe de mim, e voltou sua atenção à conversa com Damián e Émile.

Tentei focar novamente no jantar, em Sophie, em Charlotte, em qualquer coisa que me distraísse daquela sensação sufocante.

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Depois que nos despedimos da família de Louis, que retornaria à França no dia seguinte, entrei no carro me sentindo emocionalmente exausta. Louis assumiu o volante, e o silêncio tomou conta do ambiente. Ele estava sério, o maxilar tenso enquanto dirigia pelas ruas da cidade iluminada.

Eu sabia que ele iria perguntar. Só não esperava que fosse tão rápido.

— Você não gosta de vinho, Chloe?

Travei imediatamente com a pergunta

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