CAPÍTULO 16#

Caminhei pelo corredor ao lado do meu pai, o braço dele apoiado no meu como uma âncora que eu não queria carregar. A cada passo, o peso dessa cerimônia se tornava mais evidente.

O jardim estava iluminado por luzes cintilantes, tão luxuosas quanto o vestido que eu usava. Olhei ao redor, vendo rostos familiares e outros completamente estranhos. Ali estavam pessoas da Máfia e do Cartel, aliados de Louis e do meu pai, famílias influentes que só estavam aqui por interesse.

Alguns convidados pareciam inconformados, outros satisfeitos, mas haviam muitos que, claramente, não entendiam o peso dessa união para mim.

Meu pai estava satisfeito. Sua expressão era quase triunfante enquanto caminhávamos em direção a Louis, como se estivesse prestes a concluir o maior acordo de sua vida. Porque era isso que este casamento era para ele: uma negociação.

Quando finalmente chegamos ao altar, meu pai me entregou a Louis, beijando minha testa última vez antes de sair.

— Lembre-se de quem você é, Chloe. — Foram suas últimas palavras, antes de sair.

Louis estava lá, inabalável, com aquele olhar frio e calculado que parecia desafiador. Seus olhos encontraram os meus, e eu senti uma onda de algo inexplicável passar entre nós.

— Vous êtes radieuse, ma chérie. (Você está radiante, minha querida.) — Ele murmurou, a voz baixa e insuportavelmente sedutora.

Eu não respondi. Apenas assenti, mantendo minha expressão neutra enquanto o juiz de paz começava a cerimônia.

Quando eu cheguei a este maldito altar, estava certo de que tudo o que Damián havia me dito era bobagem sentimental. Para mim, Chloe era apenas uma peça no tabuleiro, uma aliança poderosa. Mas, então, ela entrou.

Maldição.

Ela estava deslumbrante. Perfeita. Cada detalhe dela parecia feito para me provocar. O jeito como ela carregava aquele vestido, a forma como seus olhos azulados encontraram os meus, desafiadores, e ao mesmo tempo, vulneráveis. Admito que algo em mim balançou, mas eu não podia deixar isso me dominar.

Eu sou Louis Castelli, não Damián.

Enquanto as palavras do juiz de paz preenchiam o ar, meus olhos permaneciam fixos nela. Chloe estava tão rígida quanto um soldado. Era evidente que isso era tão desconfortável para ela quanto seria para qualquer um que tivesse a alma vendida por um acordo.

Finalmente, chegou a hora das alianças. Peguei a dela, um anel de ouro branco incrustado com pequenos diamantes que refletiam a luz de forma quase hipnotizante.

— Avec ceci, je te possède. (Com isso, eu te possuo.) — Sussurrei baixo o suficiente para que apenas ela ouvisse enquanto deslizava o anel em seu dedo.

Seus olhos me fuzilaram por um instante, mas ela se manteve em silêncio, aceitando o gesto.

Quando ela colocou minha aliança, suas mãos tremiam ligeiramente. Eu senti o calor de seus dedos enquanto ela deslizava o anel em meu dedo, e algo primitivo em mim rugiu, querendo mais.

Então veio o momento.

— Pode beijar a noiva.

Sem hesitar, segurei seu rosto, sentindo a maciez de sua pele sob meus dedos. Inclinei-me devagar, como se estivesse estudando cada reação dela. Quando nossos lábios se encontraram, não foi apenas um beijo. Foi um desafio. A maldita boca dela era suave, quente, e, por mais que tentasse resistir, cedeu por um instante. Eu podia sentir seu gosto, o desejo reprimido misturado à raiva.

Quis aprofundar, queria mais. Mas ela se afastou levemente, os olhos fixos nos meus, e eu sabia que ela também sentia. Sorri de lado, ainda segurando seu rosto.

C'est fait (Está feito), ma belle(minha linda)

Depois da cerimônia, apresentei Chloe para minha família, ela foi bastante educada, Chloe e Sophie se deram tão bem que eu estava começando a me preocupar.

Os convidados nos cercaram, e Chloe manteve-se calada ao meu lado, como uma boa esposa recém-casada deveria. Mas havia uma tensão evidente em cada movimento dela.

Minha mão estava constantemente em sua cintura, um gesto calculado, mas também para lembrar a ela, e a todos ao redor, de quem ela era agora. Algumas vezes, ela tentava se afastar, mas eu sempre a puxava de volta, apertando levemente sua pele através do tecido do vestido.

— Onde você pensa que vai, ma douce? — Murmurei em seu ouvido.

Ela me lançou um olhar de descontentamento, mas não respondeu.

A noite continuou, e quando finalmente a puxei para a pista de dança, ela relutou, mas não teve escolha a não ser seguir meu movimento.

— Não vou morder... a menos que você peça, Chéri. — Falei, puxando-a contra mim, nossos corpos colados enquanto a música suave preenchia o ar.

Olhei de relance para Damián, que nos observava de longe com aquele sorriso maldito de quem sabia exatamente o que eu estava sentindo. Émile estava ao lado dele, claramente se divertindo. Fils de pute (Filhos da puta).

Concentrei-me em minha esposa novamente, minhas mãos deslizando lentamente pela curva de sua cintura até a base de suas costas.

— Você dança bem. — Murmurei, meu tom baixo, quase perigoso.

— Apenas dançando, Louis. Não se empolgue.

Ri baixinho, inclinando-me até que meus lábios estivessem próximos ao seu ouvido.

— Ma chère, podemos aproveitar esse acordo de uma maneira muito mais... prazerosa.

Minha mão subiu até a nuca dela, inclinando levemente seu rosto para mim enquanto meus lábios pairavam sobre os dela.

— Pare, Louis. — Ela murmurou, firme, desviando o rosto.

Minha paciência quase se esgotou naquele momento, mas recuei, um sorriso lento e perigoso se formando em meus lábios.

— Tudo bem. Temos a noite toda, Chéri.

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