Minutos depois...
Eu me olhei no espelho mais uma vez, ajustando a alça fina do vestido preto. Ele era simples, mas justo o suficiente para destacar minhas curvas sem exageros. Meu cabelo estava solto, caindo em ondas suaves sobre os ombros, e a maquiagem... Bem, a maquiagem era um escudo. Olhos delineados, batom vermelho vibrante. Não era meu estilo diário, mas hoje eu precisava me sentir... forte. Diferente.
Desci as escadas com cuidado, cada passo ecoando no silêncio da casa. Não queria chamar atenção. Evitei o olhar de qualquer um que pudesse estar por perto e entrei direto na garagem. Lá estava meu Audi A3, meu novo carro, discreto comparado ao luxo ostentado pela minha irmã, mas perfeito para mim.
Assim que liguei o motor, senti o peso no meu peito aliviar um pouco. Dirigir sempre foi minha fuga. As ruas estavam vivas, mas eu mantinha meu foco. O convite de Júlia para ir à boate parecia a desculpa perfeita para sair da bolha sufocante que minha vida tinha se tornado.
Cheguei à boate e o som das batidas já vibrava no ar. As luzes neon piscavam na fachada, e uma fila se estendia pela calçada. Mas eu não hesitei. Júlia estava lá dentro, acenando para mim com aquele sorriso contagiante.
Assim que entrei, fui recebida com um abraço apertado.
— Chloe! Você está deslumbrante! — Júlia praticamente gritou para ser ouvida acima da música.
— Obrigada. — Sorri, tentando parecer animada. Eu precisava disso.
A música era alta, pulsante, e o ambiente estava carregado daquela energia jovem, despreocupada. Era estranho estar aqui depois de tanto tempo me escondendo. Ainda assim, senti algo em mim relaxar enquanto me deixava ser levada pela atmosfera.
— Vem, vamos dançar! — Júlia puxou minha mão sem esperar resposta.
Estávamos com outros colegas da faculdade de administração. Alguns rostos familiares, outros que eu via mais de longe nas aulas. Eu ri de verdade quando um dos rapazes tentou me fazer dançar de um jeito exagerado, quase ridículo, mas divertido.
— Você está ótima! — Daniel, um dos colegas mais próximos, comentou, tentando me acompanhar na pista.
— Estou tentando, pelo menos. — Brinquei, tentando deixar para trás o peso do que me esperava em casa.
Não bebi nada além de água com gás. Álcool e eu... não combinávamos. Não desde aquela noite. A noite do meu aniversário. A lembrança tentou se infiltrar, mas eu a expulsei com força. Aqui não. Hoje, não.
Daniel me observou, talvez percebendo meu desconforto.
— Tudo bem? Quer sair um pouco para respirar?
— Não, estou bem. — Forcei um sorriso. — Vamos continuar. Quero esquecer o mundo lá fora.
Ele assentiu, sem insistir, e continuamos dançando. Eu não sabia quanto tempo mais conseguiria manter a fachada, mas por agora, isso era suficiente. A música. A dança. A liberdade momentânea.
A fumaça subia lenta e densa enquanto eu observava os papéis queimarem no meu escritório, cada página representando um segredo morto. Rastros são para os fracos, e eu não sou um deles. A única evidência que vale é aquela que jamais será encontrada.
Marc estava ao meu lado, calado, olhos atentos como sempre. Ele não precisava de ordens; sabia o que fazer. Desde que assumi o império, ele tem sido minha sombra, meu escudo.
— C’est fini(acabou), Marc. — Disse, jogando o último documento no fogo. O cheiro de papel queimado enchia a sala. — Vamos para o salão. Quero ver se estão fazendo tudo comme il faut(como deveria).
Descemos. A música ensurdecedora reverberava no peito, as luzes dançavam pelo teto, e a pista estava lotada. Tudo corria bem. Negócios fluindo, clientes satisfeitos... Até que eu a vi.
Chloe.
Ela estava no centro da pista, girando, rindo. O vestido preto colava-se ao corpo dela, destacando cada curva. A maquiagem impecável. Mon Dieu, aquele batom vermelho… uma provocação. Uma lembrança do que eu nunca quis: distração. Eu não sou como Damián, que jogou tudo fora por sentimentalismo.
Mas então, um filho da puta se aproximou. Um sorriso idiota no rosto, as mãos pousando nela com intimidade. Eles estavam dançando colados, rindo, os rostos quase se tocando. Algo dentro de mim queimou como o fogo que eu apaguei minutos atrás.
— Merde. — O palavrão escapou dos meus lábios, baixo, mas carregado de raiva.
Sem perceber, já estava atravessando a multidão. Cada passo era impulsionado por uma fúria silenciosa, um desejo incontrolável de acabar com aquilo. Ela é insignificante. Um acordo, nada mais. Então por que diabos eu quero arrancar aquele imbecil dali?
Cheguei até ela. Chloe não notou minha presença, perdida na música, até que o sorriso dela morreu ao encontrar meus olhos.
— Louis?! — Sua voz saiu trêmula, surpresa. — O que está fazendo aqui?
Levantei o queixo, apontando para o letreiro que brilhava acima de nós: Castelli.
— Je suis chez moi(estou em casa). — Minha voz era fria, controlada, mas o francês deslizou carregado de gelo.
Ela piscou, claramente nervosa. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, a amiga dela, uma ruiva intrometida, se aproximou.
— Quem é ele, Chloe?
— O noivo dela. — Falei antes que Chloe tivesse a chance.
— Não somos noivos! — Chloe rebateu, a voz alta, cortante. — Eu não aceitei nada!
Soltei uma risada seca, sem humor. Me aproximei, reduzindo a distância entre nós até que ela pudesse sentir minha presença.
— Ah, mas vai aceitar, ma chère. E não vai demorar.
A amiga de Chloe ficou paralisada, o sorriso nervoso desaparecendo. Eu me virei para o grupo com um olhar cortante.
— Com licença. — Minha voz soava educada, mas havia ameaça em cada sílaba.
Agarrei o braço de Chloe, com firmeza, mas sem machucar.
— Louis, me solte! — Ela sibilou, a voz baixa, tentando parecer firme.
— calme(calada). — Murmurei ao ouvido dela, um tom de aviso.
Caminhamos pela multidão em silêncio, os olhos dela fervendo de raiva, mas ela não resistiu.
Fechei a porta do escritório atrás de nós, girando a chave com um clique firme. Chloe girou para me encarar, os olhos faiscando de raiva.
— Que diabos você pensa que está fazendo, Louis? — A voz dela saiu dura, quase cortante.
— O que eu estou fazendo? — Repeti, aproximando-me lentamente, cada passo diminuindo a distância entre nós. — Estou garantindo que você comece a entender o que significa ser minha noiva. E, mais importante, tu dois te comporter (como você deve se comportar).
Ela bufou, cruzando os braços, o que só fez o vestido apertar mais contra suas curvas. Não que ela tivesse ideia do efeito que causava. Ou talvez tivesse, e era pior assim.
— Noiva? Me poupe. Você sabe tão bem quanto eu que isso é um acordo, um contrato, nada mais.
— E contratos têm cláusulas, Chéri. — Me aproximei mais, até que ela ficasse prensada contra a porta. Minhas mãos apoiadas de cada lado do rosto dela. Eu podia sentir sua respiração rápida, quase ofegante. — A sua cláusula principal? Se comportar.
— Me comportar? — Ela riu, sarcástica, mas havia uma hesitação na voz dela. — Como uma boneca obediente, é isso?
— Como alguém que sabe a posição que ocupa. Você quer sair agora? Ne le fera pas (Não vai). — Deslizei minha mão para a tranca, como se quisesse reforçar minha decisão. — Quando eu acabar aqui, vamos embora. Até lá, você se senta e espera.
— Não vou sentar em lugar nenhum!
Soltei um suspiro curto, cínico, antes de agarrar suavemente o braço dela e guiá-la até o sofá. Ela resistiu, mas eu era mais forte.
— Ah, você vai, sim. Asseyez-vous et taisez-vous ( Sente-se e cale-se ).
Ela caiu no sofá, emburrada, os braços cruzados com firmeza. Eu voltei para a mesa, abrindo um documento. O som da caneta riscando o papel preencheu o silêncio tenso.
Então, algo atingiu meu rosto. Parei. Olhei para o lado e vi... uma calcinha. No meu rosto.
Lentamente, abaixei o objeto, o olhar frio e direcionado a Chloe. Ela estava com o queixo erguido, um sorriso sarcástico se formando.
— Você quer que eu me comporte como uma noiva? Que piada. Enquanto isso, o noivo é um filho da puta mulherengo. — Sua voz gotejava veneno.
Peguei a calcinha com dois dedos, deixando-a cair na mesa. Mantive a calma, mas o silêncio que se seguiu estava carregado de tensão. Caminhei até ela, inclinando-me ligeiramente, meu rosto a centímetros do dela.
— Você está procurando um motivo para fugir? Lamento, ma chère. Não vai encontrar. — Minha voz era baixa, cortante. — Quer pensar que sou mulherengo? Pense o que quiser. Mas se acha que isso é suficiente para escapar deste casamento, vai precisar de algo melhor. Parce que tu es mon épouse (Porque você é minha noiva). E, no fim, vai ser minha esposa. E quanto a outras mulheres? Elas nunca serão você.
Ela piscou, surpresa, sem palavras pela primeira vez. O fogo nos olhos dela não se apagou, mas ficou mais controlado.
— Agora, sente-se. E tente não jogar mais nada em mim. — Finalizei, com um sorriso frio. — Ou pode ser que eu não seja tão educado da próxima vez.
Já sentado à mesa, olhei para a calcinha com um gesto desinteressado, mas por dentro, uma parte de mim quase riu da ironia. Aquela peça? Nem sei de quem era. Talvez de uma das últimas mulheres que passaram por aqui antes do acordo. Desde então, não toquei em mais ninguém. Não porque não tivesse oportunidade. Mas porque, desde o momento em que Chloe entrou na minha vida, o resto simplesmente... perdeu a graça.
Claro, eu nunca diria isso a ela. Deixá-la pensar que eu era um filho da puta era mais fácil. Mais conveniente. E se isso a irritava? Melhor ainda. Deixá-la com raiva mantinha as coisas interessantes. Chloe era uma mulher que brilhava no conflito, e eu? Bem, eu gostava de vê-la queimar.
Peguei a caneta, assinei um documento qualquer, sem pressa, como se ela não estivesse ali, me observando com fogo nos olhos. O som da caneta no papel era quase relaxante, uma tortura silenciosa para ela.
Olhei de soslaio. Ela continuava sentada, tensa, o pé batendo no chão impacientemente. Perfeito.
Parei por um instante, ajustando minha cadeira, como se estivesse me acomodando para uma longa noite de trabalho. Sabia que isso a estava deixando ainda mais furiosa. Cada segundo que eu demorava era uma pequena vitória.
— Espero que esteja confortável, Chéri.— Murmurei a provocando, sem levantar o olhar. Sabia que o silêncio dela estava carregado de vontade de me mandar para o inferno. E eu estava adorando cada segundo.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Anamaria Dos Santos
ela é submissa do Matias e arrogante com o noivo dela podia aceitar o casamento e se livrar dos Matias tá fazendo muito doce pra variar
2024-12-30
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Leidiane Lopes
Chloe porque vc não trata o Matias com a mesma cordialidade que vc trata o Louis, e olha que vc sabe que Louis é um homem perigoso, não me venha com essa história de que ele te ameaçou que vc também é da máfia sabe como funciona, basta vc falar pro seu irmão, porque a partir do momento que ele fez o que fez com vc ele já assinou a sentença de morte dele
2025-03-08
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Andréa Debossan
coitada ela tá ferrada o Matias já ameaçou ela se ela se casar o Louis já vimos que está apaixonado só não sabe ainda, por tanto não vai largar o osso, ela tá lascada, mais entre o Matias e o Louis é melhor o Louis
2025-02-08
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