O silêncio no carro era sufocante. Louis dirigia com aquela calma irritante, como se não tivesse acabado de arruinar minha vida com algumas palavras. Meu corpo estava tenso, o coração batendo rápido, mas mantive meu olhar fixo na estrada, recusando-me a dar a ele a satisfação de ver minha frustração.
Assim que ele parou em frente à minha casa, soltei o cinto de segurança com um movimento brusco.
— Chloe... — A voz dele era baixa, mas carregada de controle.
Não esperei para ouvir o resto. Saí do carro, batendo a porta com força, o som ecoando pelo ambiente silencioso. Senti o olhar dele em mim, mas não me virei. Minhas mãos tremiam de raiva enquanto subia os degraus da entrada, cada passo um lembrete do peso daquela situação
Entrei no escritório sem bater, empurrando a porta com força. Meu pai estava sentado atrás da enorme mesa de mogno, a expressão séria enquanto analisava documentos. Ele ergueu o olhar, mas não parecia surpreso com a minha entrada abrupta.
— Chloe, sente-se.
— Não. — Minha voz saiu fria, carregada de frustração. — Eu quero respostas. Agora.
Ele suspirou, colocando os papéis de lado, mas sua expressão permaneceu inabalável.
— Eu sei do acordo, pai. — Cruzei os braços, tentando manter minha voz firme apesar do nó que se formava na garganta. — Você prometeu minha mão em casamento para o senhor Castelli?
Ele se levantou, caminhando até a janela, como se precisasse daquele momento para escolher as palavras certas.
— É mais do que isso, Chloe. — Ele virou-se para mim, os olhos duros, mas sem perder a calma. — É uma aliança estratégica para a nossa família.
— Estratégica? — Minha voz subiu um tom. — Estamos falando da minha vida, não de um negócio qualquer!
— Exatamente por isso que é importante. — A firmeza em seu tom me atingiu. — Castelli é um homem poderoso. Essa aliança vai garantir nossa posição no futuro.
Eu me aproximei da mesa, apoiando as mãos nela, encarando-o.
— E o que isso significa para você? Mais poder? Controle absoluto?
— Não se trata apenas de mim. — Ele falou devagar, escolhendo cada palavra. — Trata-se da família. De proteção.
Eu ri, mas era um riso vazio, ácido.
— Então, você me usa como moeda de troca e está tudo bem? — Eu recuei, passando as mãos pelos cabelos, sentindo meu peito apertado. — Eu não sou uma peça no seu tabuleiro, pai.
— Está decidido, Chloe. — Sua voz cortou o ar como uma lâmina, dura, fria. — E você vai aceitar.
Eu o encarei, sentindo meu sangue ferver.
— Não. Eu não vou aceitar.
Sem esperar por uma resposta, virei-me e saí, batendo a porta com força. As lágrimas ardiam nos meus olhos, mas eu me recusei a deixá-las cair ali. Caminhei pelo corredor, minha mente girando, meu coração em pedaços.
Foi quando esbarrei em Gabriel. Ele segurou meus ombros, seus olhos preocupados.
— Chloe? O que aconteceu?
Eu não consegui segurar. As lágrimas finalmente caíram enquanto eu me jogava nos braços dele.
— Ele quer me obrigar a casar... o senhor Castelli. — Minha voz saiu quebrada, entre soluços.
Gabriel ficou em silêncio por um momento, sua respiração ficando mais pesada. Então, apertou-me contra ele.
— Isso é absurdo. Eu vou falar com ele.
Antes que ele pudesse dar um passo, ouvimos passos ecoando pelo corredor. Matías apareceu, seus olhos escuros e sombrios. Ele nos encarou, sua presença carregada de tensão.
— O que está acontecendo aqui? — Sua voz era baixa, mas o tom carregado de ameaça.
Meu corpo ficou rígido instantaneamente. Desviei o olhar, limpando as lágrimas apressadamente.
— Nada. — Murmurei, soltando-me dos braços de Gabriel. — Eu vou para o meu quarto.
Subi as escadas rapidamente, sentindo o olhar intenso de Matías em mim.
Mais tarde, depois de um longo banho para tentar aliviar a tensão, desci para a sala de estar, onde minha mãe estava sentada no sofá, um copo de vinho elegante em sua mão. Ela usava um vestido de seda escarlate que realçava sua presença intimidadora e, ao mesmo tempo, sofisticada. Ela sempre foi uma mulher de extremos: perigosa, mas envolvente. Uma mãe distante, mas, de alguma forma, presente quando precisava ser.
— Venha, Chloe. — Ela indicou a poltrona ao lado dela. — Precisamos conversar.
Sentei-me, cruzando os braços, a mandíbula ainda tensa.
— Já sei o que você vai dizer. Que é para o bem da família, que é necessário...
— E não está errada. — Sua voz era firme, mas havia uma suavidade incomum. Ela suspirou, pousando o copo na mesa de centro. — Eu não vou fingir que concordo com tudo o que seu pai faz, mas há coisas que você ainda não entende.
— Então me faça entender. — Desafiei, meu olhar preso ao dela.
Mamãe inclinou-se levemente para frente, os olhos avaliando cada reação minha.
— Inicialmente, o acordo era para que Olívia se casasse com Louis. Foi o que seu pai e eu decidimos. Ele aceitou... até conhecê-la.
Meu coração deu um salto desconfortável.
— O quê? — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro.
— Louis se interessou por você, Chloe. — Ela falou com calma, mas seus olhos revelavam uma seriedade quase dolorosa. — Ele foi claro. Não queria Olívia. Queria você.
— Isso não faz sentido. — Balancei a cabeça, tentando processar. — Eu não sou... eu não sou como Olívia.
— Talvez seja exatamente isso que o atraiu. — Valentina sorriu de leve, mas havia um toque de amargura. — Homens como Louis Castelli não procuram o óbvio.
Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu, e Olívia entrou na sala. Seus olhos passaram de mim para nossa mãe, o rosto calmo, mas havia algo diferente nela.
— Isso é verdade? — Olívia parou no meio da sala, os braços cruzados. — Louis ia se casar comigo, mas mudou de ideia?
Eu engoli em seco. Não sabia como responder, mas mamãe, como sempre, manteve sua compostura.
— Escutou demais, Olívia?
— Escutei o suficiente. — Ela deu um passo à frente, o olhar fixo em mim. — Estava prometida a Louis Castelli e nem ao menos sabia, e agora descubro que fui trocada.
— Olívia... — Eu tentei falar, mas ela me cortou.
— Não, Chloe, você está certa. — Sua voz era calma, mas havia uma ponta de algo que eu não conseguia identificar. — Se você não quer esse casamento, então deve lutar. Não deixe que eles decidam por você.
Eu pisquei, surpresa. Esperava ressentimento, até raiva, mas não isso.
— Você está dizendo para eu não aceitar? — Minha voz estava hesitante.
Ela me encarou por um longo momento antes de responder.
— Estou dizendo para você fazer o que acha certo. Se não quer isso, lute. — Sua voz saiu mais baixa, mas firme. — Eu faria isso.
...----------------...
Contém gatilho❗
Horas depois...
Eu estava no banheiro, tentando acalmar minha mente caótica. O som da água correndo era a única coisa que me mantinha ancorada no presente. Fechei os olhos por um momento, respirando fundo, mas aquela sensação de estar sendo observada era sufocante.
Quando me virei, meu coração quase parou.
Matías estava lá, escorado na parede, os braços cruzados, os olhos me queimando com aquele olhar que eu temia e odiava. O ar no banheiro parecia mais pesado, e o silêncio, mortal.
— Matías... — Dei um passo para trás, meu corpo rígido. — Saia.
Ele se aproximou, os olhos fixos nos meus, cheios daquele controle sombrio que sempre me deixava à beira do pânico. Antes que eu pudesse gritar, sua mão cobriu minha boca.
— Shhh... — sussurrou, inclinando-se até nossos rostos ficarem próximos. Sua respiração era calma, mas sua voz tinha um peso perigoso. — Não faça isso pior para você.
Antes que eu pudesse reagir, sua mão subiu até meu pescoço, pressionando firme, o suficiente para me manter no lugar.
— Não vou sair, Chloe. — Sua voz era um sussurro rouco, carregado de algo sombrio e possessivo. Seus olhos percorriam meu rosto, intensos, perigosos. — Nós temos algo para resolver.
Minha respiração ficou presa, minhas mãos instintivamente foram para a dele, tentando afastá-lo.
— Você está me machucando... — sussurrei, sentindo o desespero crescer.
Ele inclinou o rosto, os lábios perigosamente próximos aos meus. O calor dele era sufocante, sua presença, avassaladora.
— Machucando? — Sua voz era quase debochada, mas havia uma raiva controlada por trás dela. — Eu nunca quis te machucar, Chloe. Você sabe disso. Mas você... você me força.
— Eu não forcei nada! — Tentei mover meu rosto para longe, mas ele segurou meu queixo com a outra mão, obrigando-me a encará-lo.
— Não minta para mim. — Seus olhos queimavam de obsessão, sua respiração quente roçando minha pele. — Você lembra da noite do seu aniversário, não lembra? Daquela noite maravilhosa, quando você se tornou minha.
Meu corpo inteiro gelou. Aquela noite. Eu tentava apagar da minha mente, mas ele nunca deixava. O olhar dele, as palavras sussurradas no meu ouvido, o peso dele sobre mim...
— Eu nunca fui sua, Matías. — Minha voz saiu mais firme, mas meu corpo tremia. — Você me obrigou.
Ele riu, um som baixo e cruel, aproximando-se ainda mais, os lábios quase tocando os meus.
— Obrigada ou não... você é minha. E ninguém vai tirar isso de mim. Nem Louis Castelli, nem ninguém.
Meu coração martelava no peito, minha mente em completo caos. Ele me pressionou mais contra a parede, seus olhos fixos nos meus, o toque em meu pescoço se tornando uma mistura de controle e obsessão.
— Você vai recusar esse casamento. — Sua voz era suave, mas cada palavra era um comando. — Vai olhar nos olhos daquele maldito Castelli e dizer que não.
— E se eu não fizer isso? — Minha pergunta saiu como um desafio.
Ele apertou um pouco mais meu pescoço, os olhos brilhando de fúria e obsessão.
— Então eu destruo tudo. Tudo o que você ama. Tudo o que te protege. E então, Chloe, você só terá a mim.
As palavras dele eram como veneno, cada sílaba corroendo minha coragem. Eu queria lutar, queria gritar, mas ele sabia como me quebrar. Como sempre soube.
Quando finalmente me soltou, eu ofegava, tentando recuperar o fôlego. Ele passou a mão pelo meu rosto, com ternura fingida, mas eu sabia que aquilo era apenas mais um jogo.
— Pense nisso. — Ele deu um passo para trás, destrancando a porta. — Mas não demore.
E saiu, me deixando ali, tremendo, sufocada pelo medo e pela raiva. Eu sabia que essa luta não seria apenas contra Louis, mas contra Matías.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 79
Comments
Enaicaj.
vc tem q contar pra sua família saber o monstro que tem dentro de casa
2024-12-30
40
Valcinete Barbosa
aff, eu tenho raiva dessas coisas, ela está sendo chantageada por ele e até mesmo sofrendo abuso e ameaças e não fala nada p ninguém da família, agora tem como se livrar disso tudo, fica dando uma de Cú doce então está gostando de tudo que está acontecendo, é melhor um estranho do quê um escroto desse afff, me perdoe mas é o que eu acho
2025-02-07
0
Giorgia
Folhinha, vc estava disposta a morrer por ser abusada por seu meio irmão, pensa que casando, sai das garras dele, ganha um aliado, e ainda pode se proteger e se quiser, se vingar, pois is planos de Matias, deve incluir exterminar sua família para tomar o poder.... Ele é sujo e louco!!!
2025-01-17
0