CAPÍTULO 7#

No silêncio do carro, o motor do Maserati ronronava suavemente enquanto nos afastávamos do campus. Chloe estava ao meu lado, o corpo rígido, o olhar fixo na estrada à frente. Ela não disfarçava o desconforto, e isso me divertia.

Por que essa garota mexe tanto comigo? A pergunta ecoava na minha mente, mas eu a afastava rapidamente. Isso não era sobre sentimentos. Nunca foi.

— Isso é estranho, senhor Castelli, — Chloe finalmente quebrou o silêncio, sua voz firme, mas ainda com aquela cautela. — Por que o senhor está me levando para conversar a sós?

Olhei para ela de relance, percebendo o jeito como ela mantinha a postura ereta, os dedos entrelaçados no colo como se estivesse tentando se manter no controle.

— Louis, — corrigi, minha voz baixa e controlada. — Não há necessidade de tanta formalidade, mademoiselle.

Ela franziu o cenho.

— Ainda não respondeu à minha pergunta.

Sorri levemente, mantendo meus olhos na estrada.

— Há conversas que não se têm em público. Esta é uma delas.

Ela soltou um suspiro curto, claramente insatisfeita com a minha resposta evasiva.

— Meu pai sabe disso?

— Il sait (Ele sabe). — Minha resposta foi seca, sem espaço para questionamentos.

Chloe ficou em silêncio, mas eu sentia sua mente trabalhando, tentando encaixar as peças. Sua desconfiança era quase palpável.

— Você está me levando para onde? — Sua voz saiu mais baixa, mas ainda firme.

— Um lugar tranquilo. Preciso que você escute sem distractions ( distrações ).

Ela soltou uma risada sem humor.

— Isso soa bem mais ameaçador do que tranquilizador.

Aquela resposta me arrancou um sorriso genuíno. Ela era inteligente, perspicaz.

— Não sou um homem que ameaça sem motivo, Chéri. — Virei o rosto brevemente para encará-la. — E hoje, não sou seu inimigo.

Ela manteve o olhar firme no meu, sem piscar. Havia algo nos olhos dela, uma mistura de medo e desafio, e eu sentia meu controle ser testado.

...----------------...

O lugar que escolhi era sereno, quase intocado, com uma beleza crua que contrastava com o peso das palavras que eu estava prestes a dizer. O som distante de um riacho e o farfalhar das árvores ao vento criavam uma atmosfera quase tranquila. Chloe estava ao meu lado, ainda tensa, mas havia algo nos seus olhos que indicava que, pelo menos por um momento, ela estava curiosa.

— Não parece o tipo de lugar que você frequentaria, Louis, — ela comentou, um sorriso leve e inesperado surgindo em seus lábios.

— Talvez eu tenha algumas surpresas, — respondi, o tom propositalmente enigmático. — Não sou apenas negócios, tu savais (sabia)?

Ela ergueu uma sobrancelha, mas o sorriso permaneceu.

— Difícil de acreditar.

— Vou considerar isso um desafio, — rebati, minha voz carregada de um tom brincalhão, mas com aquela firmeza inegável.

Ela riu baixinho, algo raro para mim. Seu riso era suave, mas marcante, e por um instante, eu fiquei perdido nisso. O vento soprou novamente, empurrando uma mecha de cabelo para seu rosto. Sem pensar, afastei o fio delicadamente com os dedos, o toque intencional, mas sutil.

Chloe ficou tensa de imediato, seus olhos arregalados, o sorriso desaparecendo.

— O que você está fazendo? — Sua voz era baixa, quase um sussurro.

— Apenas ajudando, Chéri, — murmurei, os dedos ainda roçando sua pele por um segundo a mais do que o necessário. — O vento está agité ( inquieto ).

Ela recuou ligeiramente, sua respiração acelerada. Eu sabia que a tinha deixado nervosa, mas também sabia que algo mais estava acontecendo. Algo que ela não admitiria.

Meus olhos caíram em seu pulso. O ferimento ali era quase discreto, mas para mim, impossível de ignorar. Lembranças daquela noite invadiram minha mente, o carro, a escuridão, o medo em seus olhos. Eu a tinha salvado, mas ela nunca soube disso.

— Chloe, — minha voz estava baixa, mas carregada de significado. — Esse machucado...

Ela congelou. Seus olhos, antes descontraídos, agora estavam cheios de alerta. Instintivamente, ela puxou o braço para trás, cobrindo o pulso.

— Não é nada, — respondeu rapidamente, seu tom defensivo.

— Não parece nada. — Inclinei-me um pouco mais, minha voz firme, mas suave. — Parece algo que deixou uma marca, não só na pele.

— Por que você se importa? — Ela desafiou, sua voz quebrando levemente.

Eu podia ver a dor nela, mas decidi recuar. Não agora.

— Você tem seus segredos. E eu tenho os meus. — Endireitei-me, deixando o assunto morrer. — Mas isso não significa que podemos ignorar o que está diante de nós.

Comecei a caminhar novamente, sentindo-a hesitar antes de me seguir. Precisava conduzi-la ao verdadeiro motivo daquela conversa.

— Seu pai e eu fizemos um acordo, — soltei, minha voz voltando ao tom frio e controlado.

Ela parou, os olhos fixos em mim.

— Que tipo de acordo?

Virei-me para encará-la.

— Un mariage (Um casamento), — declarei, sem rodeios. — Entre você e je (eu).

O impacto daquelas palavras foi imediato. Chloe piscou, surpresa, antes de dar um passo para trás.

— Isso é uma piada, certo?

— Non. É uma aliança.

— Aliança? — Ela riu, mas era um riso amargo. — Eu não sou um contrato para ser assinado, Senhor Castelli!

— Não é sobre contrato, é sobre poder, — respondi, minha voz firme. — Você sabe o que sua família representa. E o que a minha representa.

— Eu não vou concordar com isso! — Ela tentou se afastar, mas eu a alcancei, segurando seu braço com firmeza.

— Não se trata de concordar, Chloe. Está decidido.

— Me solte!

Puxei-a para mais perto, nossos rostos a poucos centímetros de distância.

— Você pode lutar contra isso o quanto quiser, mas não pode fugir. Essa união vai acontecer, e você sabe que não há escapatória.

Ela tentou se libertar, mas minha mão permanecia firme, sem machucá-la, mas também sem permitir que ela se afastasse. Seus olhos ardiam de raiva, mas havia algo mais ali. Um fogo que eu não podia ignorar.

— Você não pode decidir a minha vida por mim! — Ela sussurrou, desafiadora.

— Eu já decidi.

Ela parou de lutar por um segundo, respirando pesadamente. Eu a soltei, mas nossos olhares continuaram presos.

— Vou te levar para casa, — murmurei, meu tom mais suave, mas ainda implacável. — E você vai pensar nisso.

Ela não disse nada, apenas virou-se e entrou no carro. Eu sabia que ela estava furiosa, mas também sabia que a batalha estava longe de terminar. E eu estava disposto a lutar até o fim.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***