CAPÍTULO 4#

A noite estava silenciosa na mansão. Tranquei a porta do meu quarto e me sentei na cama, o diário aberto em meu colo. A caneta entre meus dedos tremia levemente, mas eu estava determinada a colocar meus pensamentos no papel.

Após terminar, suspirei e coloquei a caneta de lado por um momento, fechando os olhos. Escrever era minha maneira de sobreviver. De processar tudo o que estava acontecendo.

— Chloe! Posso entrar? — A voz de Gabriel soou do outro lado da porta, e um sorriso involuntário surgiu em meu rosto.

— Entra! — chamei, guardando rapidamente o diário embaixo do travesseiro.

Ele entrou, segurando uma bandeja com duas canecas de chocolate quente e um prato de biscoitos.

— Achei que você podia querer companhia.

— Você me conhece bem demais. — Sorri enquanto ele se sentava ao meu lado.

Gabriel era minha luz em meio à escuridão. Sempre sabia quando eu precisava de apoio, mesmo quando eu mesma não sabia.

— Eu trouxe reforços. — Ele levantou a bandeja. — Chocolate quente, o remédio universal para dias ruins.

Ri, pegando uma das canecas.

— Você devia patentear isso.

Ele deu de ombros, com aquele sorriso despreocupado.

— Talvez eu faça. Mas por enquanto, vou apenas garantir que minha irmã continue sorrindo.

— Obrigada, Gabriel. Por estar aqui.

— Sempre. — Ele bagunçou meu cabelo de forma brincalhona, e por um momento, o peso do mundo parecia mais leve.

Enquanto bebíamos o chocolate quente e conversávamos sobre coisas triviais, percebi que, apesar de tudo, ainda havia pequenas alegrias que me mantinham firme. E Gabriel era uma delas.

Dias depois...

 A mansão estava um caos. Criados apressavam-se pelos corredores, ajeitando os últimos detalhes, enquanto Valentina, minha mãe, dava ordens precisas. Não era qualquer noite, Olívia estava de volta da Alemanha e, para completar, teríamos um jantar com um “convidado especial”. A curiosidade era evidente, mas ninguém ousava perguntar.

Eu descia as escadas quando ouvi a porta principal se abrir. Olívia entrou, carregando sua mala de grife e usando óculos escuros, mesmo sendo noite. Ela estava impecável, como sempre, com aquele ar de superioridade e despreocupação que a fazia parecer intocável.

— Olívia! — Nossa mãe abriu os braços, sorrindo calorosamente.

— Mamãe! — Olívia tirou os óculos e sorriu, abraçando nossa mãe com um toque de exagero teatral.

Gabriel apareceu logo atrás da mamãe, seu sorriso sincero contrastando com o tom de voz mais leve:

— Bem-vinda de volta, senhorita!

Olívia riu, abraçando-o também.

— Ah, Gabriel, sempre tão doce. — Depois, seus olhos pousaram em mim. — Chloe...

— Olívia. — Caminhei até ela, e nos abraçamos brevemente. Não éramos íntimas, mas havia respeito. Sempre houve.

— Você está diferente... — Ela me avaliou rapidamente, como se pudesse ver além das minhas roupas e maquiagem.

— Coisas mudam, não é? — murmurei, desviando o olhar.

Antes que a conversa pudesse se aprofundar, nossa mãe interrompeu:

— Meninas, temos um jantar importante esta noite. Quero que se arrumem e estejam prontas às oito.

— Um jantar? — Olívia arqueou uma sobrancelha. — Que formalidade toda é essa?

— Apenas façam o que pedi. — A voz de mamãe não admitia discussão.

Subimos juntas para o andar de cima. No quarto, Olívia se jogou na cama enquanto eu buscava meu vestido.

— Soube... — Ela começou, observando-me. — Daquela noite.

Minha mão parou no meio do caminho.

— Quem te contou?

— Mamãe. Ela estava preocupada. — Olívia suspirou, tirando os sapatos. — Chloe, o que aconteceu?

Eu hesitei, minhas mãos tremendo levemente. Não sabia como responder.

— Não quero falar sobre isso.

— Eu sei que não somos próximas... — Ela se sentou, me observando com um olhar mais suave do que o usual. — Mas sou sua irmã. Se precisar, estou aqui.

Engoli em seco. Por mais que Olívia fosse distante, seu tom parecia sincero.

— Obrigada. — Foi tudo o que consegui dizer.

Ela sorriu levemente e se levantou.

— Vamos nos arrumar. Não quero irritar nossa mãe.

Enquanto nos preparávamos, a tensão diminuiu. Olívia falou sobre suas viagens, seus planos, e por um breve momento, tudo parecia normal. Mas, no fundo, eu sabia que a sombra daquela noite ainda pairava sobre nós.

...----------------...

Já sozinha no quarto, ajustava os últimos detalhes da maquiagem quando ouvi a porta se abrir sem bater. Meu coração congelou.

Matías.

Ele entrou silenciosamente, como sempre. Seus olhos frios, calculistas, analisando cada detalhe. Meu corpo ficou rígido, minhas mãos tremiam levemente enquanto segurava o pincel.

— Você está... linda esta noite, Chloe. — Sua voz era baixa, mas carregava aquela intensidade que me fazia querer desaparecer.

— Obrigada... — Minha voz saiu fraca.

Ele se aproximou lentamente, cada passo ecoando no quarto. Meu coração batia descontrolado.

— Sabe, você tem se mantido muito distante. Eu sinto sua falta... — Seus dedos roçaram meu ombro, e eu me encolhi.

Antes que ele pudesse dizer ou fazer mais alguma coisa, a voz autoritária de meu pai ecoou pelo corredor:

— Matías! Venha aqui. Agora!

Matías parou, seu rosto se endurecendo. Ele me lançou um último olhar, cheio de algo sombrio e não dito, antes de sair do quarto sem uma palavra.

Soltei o ar que não sabia estar prendendo, minhas pernas enfraquecendo. Por um breve momento, senti alívio, mas a sensação de perigo ainda pairava no ar.

A noite estava densa, envolta em uma escuridão que parecia se estender além do céu. Eu estava sentado no banco traseiro do meu carro, um copo de whisky na mão, o líquido âmbar refletindo a luz suave do painel. O cheiro de couro italiano misturava-se ao aroma sutil do meu perfume. Meu terno azul-marinho, de corte impecável, abraçava meu corpo como uma segunda pele. Cada detalhe era meticulosamente calculado. Nada em mim era acidental.

— Estamos quase lá, senhor Castelli. — A voz de Marc rompeu o silêncio. Ele dirigia com precisão, seus olhos fixos na estrada.

Dei um gole lento no whisky, deixando o líquido queimar na garganta antes de responder.

— Bon. Quero que tudo seja... impecável.

Marc assentiu, seu olhar refletindo a compreensão silenciosa de um homem que sabia o que estava em jogo.

Ao chegarmos à mansão dos Salazar, observei a construção imponente. Havia algo de teatral naquela apresentação: os criados correndo, as luzes reluzindo na entrada. Era como se cada elemento estivesse no lugar apenas para impressionar. Mas eu não me deixava impressionar facilmente.

A porta principal se abriu antes que eu pudesse tocá-la. Uma empregada, com postura rígida, fez uma leve reverência.

— Senhor, seja bem-vindo.

Eu desci do carro, ajustando meu paletó. Meu olhar frio varreu a entrada antes de seguir a mulher pelo corredor. O som de meus sapatos ecoava, impondo respeito em cada passo.

Na sala, Paulo Salazar me aguardava. Ele se levantou ao me ver, estendendo a mão com firmeza.

— Castelli. Uma honra recebê-lo em minha casa.

Apertei sua mão, mantendo o contato visual.

— A honra é minha, monsieur Salazar.

Ao meu lado, a companheira dele surgiu, elegantemente vestida, com um sorriso controlado.

— Minha esposa, Valentina.

Inclinei levemente a cabeça, levando sua mão até meus lábios, mas sem desviar o olhar dela.

— Madame Salazar, encantado.

Ela sorriu, mas havia algo de cauteloso em seu olhar. Respeitava o poder, mas temia o desconhecido.

— Estes são meus filhos, Matías e Gabriel.

Matías se aproximou primeiro, seu olhar frio e calculista refletindo algo sombrio, consigo sentir cheiro de problema de longe. Apertei sua mão com a mesma firmeza, avaliando-o. Era o tipo de homem que escondia muito mais do que mostrava.

— Matías.

— Senhor Castelli. — Sua voz era baixa, quase desafiadora, mas eu sentia o controle que ele tentava exercer.

Gabriel veio em seguida, o oposto. Seu sorriso era mais leve, mas ainda assim, atento.

— É um prazer conhecê-lo.

— Igualmente, Gabriel.

A apresentação era formal, mas havia uma tensão silenciosa no ar, algo que pulsava sob a superfície. Eu sabia que essa família não era apenas uma fachada.

— Vamos para a mesa? — sugeriu Paulo, quebrando o silêncio.

Assenti, seguindo-os até a sala de jantar. A mesa era longa, cuidadosamente decorada. Sentamos, e a conversa inicial girou em torno de trivialidades. Mas meu foco estava disperso.

— Chame as meninas. Agora. — Disse Valentina à empregada.

A mulher saiu apressada, e o ambiente ficou suspenso, como se todos aguardassem algo inevitável.

Então uma mulher desceu. Seus passos eram leves, e o sorriso, ensaiado. Usava um vestido caríssimo, projetado para impressionar. Paulo se levantou, sorrindo com orgulho.

— Louis, esta é a minha filha Olívia.

Levantei-me, estendendo a mão.

— Mademoiselle. — O sorriso era cordial, mas vazio. Ela era exatamente o que eu esperava. Perfeita demais.

— Senhor Castelli. — Sua voz era suave, mas não me impressionava.

Voltamos a nos sentar, e Paulo tentou retomar a conversa. Mas Valentina não conseguia disfarçar sua irritação.

— E Chloe? Por que está demorando tanto?

Antes que alguém pudesse responder, passos ecoaram pelas escadas.

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Comments

Iara Ruara

Iara Ruara

que nojo ele abusou dela, ao que tudo indica, que meio irmão fdp😡😡😡😡merece sofrer até depois do fim😡😡😡

2024-12-15

62

Lourdesmar Luz Neves

Lourdesmar Luz Neves

😒ah, leva mal não!! porra!! a garota e filha de gangster ou mafioso, sei lá!! e fica calada com um encosto vivo no pescoço dela? fala sério, né? e se realmente ela foi abusada, q bostas de médicos foram aqueles que não suspeitaram de nada? pronto, começaram as esquisitices das histórias...😮‍💨

2025-01-28

1

MRSLinsprincesadoReiJesus

MRSLinsprincesadoReiJesus

Ele merece a morte sem dó e sem piedade esse monstro bandido asquerosooooo do inferno lixooooooooo podreeeeeeeeee cheirando a carniça afffffffff 🤮😡😠🤨😤 Afffffffffffffffff

2025-03-04

1

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