Amigos

...Wong Jiho...

Nossa, eu vou morar com o Toshion, não posso acreditar, até parece um sonho. Eu confesso que estava triste, afinal a expectativa era que a gente se afastasse assim que retornasse a Leung. Eu achei que voltaria ao meu laboratório e ele iria voltar para as suas missões e coisas do tipo, e isso seria o nosso fim. Mas não, ficaremos juntos até que o Namin seja capturado.

Bom, eu também estou assustado pelo desaparecimento do meu pai, nós não temos uma relação de carinho, mas nos gostamos mesmo assim. Só que algo me diz que ele não foi capturado pelo Namin, não sei porque mas tenho certeza de que meu pai não está em perigo, esse desaparecimento deve ter algo a ver com a nossa pesquisa e no momento certo ele vai fazer contato comigo. Então não estou pensando no meu pai e sim, na oportunidade que tenho agora que vou morar com o Toshion.

Estávamos no apartamento dele em Leung, arrumando suas malas, quando uma moça chegou.

— Cheyong! — O tenente Kwon abraçou a moça assim que ela passou pela porta.

— Que saudade de você, meu amor! — Ela falava abraçada a ele. — Tive tanto medo de te perder.

— Eu estou bem, minha vida! — O tenente Kwon falava emocionado.

Eles se soltaram do abraço e se beijaram bem à minha frente. Eu não queria observar, mas meus olhos não se moviam, aquele beijo tão apaixonado me lembrou do beijo que dei no Toshion enquanto estávamos na floresta. Será que um dia estarei assim com ele, livremente, à vista de quem quisermos?

— Ei! Minha casa virou motel? — Toshion apareceu na sala e chamou a atenção deles.

— Toshion! — A moça correu e deu um abraço no Toshion. — Rezei muito aos deuses pra que trouxessem você vivo!

— Obrigado Cheyong! — Ele sorria abraçado a ela.

— E esse é o doutor Wong Jiho? — Ela finalmente olhou para mim.

— Sim, em carne e osso. — Toshion respondeu.

— Muito prazer, doutor! — A moça falou sorridente. — Sou a tenente Cheyong Yukio. Noiva do tenente Kown e melhor amiga do capitão Lee.

— Muito prazer, tenente Yukio. — Sorri.

— Bom, como o doutor está disfarçado, acho melhor nos acostumarmos a falar informalmente. — Toshion falou. — Chamem ele de Wong.

— Verdade. — Tenente Kwon falou se aproximando de mim. — Então me chame de Lio e a minha noiva é apenas Cheyong. Aqui somos todos amigos.

— Certo, Cheyong e Lio. — Sorri empolgado. — Amigos! — Por mais que isso fosse apenas eles, cumprindo sua função, eu não podia deixar de ficar feliz em ter amigos.

— Tá legal! Já terminei com as malas, então vamos jantar! — Toshion falou indo até a cozinha, ele abriu a geladeira e voltou cabisbaixo. — Não tenho nada na dispensa.

— Também não podemos sair pra jantar com o Wong, não é mesmo? — Lio falou.

— Não, mas graças aos deuses existem aplicativos de comida. — Cheyong pegou seu celular empolgada. — Vamos pedir pizza, eu adoro! — Ela me olhou sorridente. — Gosta de pizza?

— Mas é claro! — Sorri de volta e me aproximei dela. — Rúcula e tomate seco é a minha preferida.

— A minha também! — Ela falou batendo palmas e sorri. Gostei muito da Cheyong e acho que ela gostou de mim. — Vamos pedir uma de atum também.

Ficamos acordados até tarde da noite comendo pizza e conversando sobre coisas corriqueiras como filmes, jogos, tecnologia, acho que nunca tive alguém para jogar conversa fora assim, foi divertido.

Já de madrugada fomos dormir, haviam três quartos na casa do Toshion aqui em Leung, então Cheyong e Lio dormiram juntos enquanto Toshion e eu fomos para quartos diferentes, era a primeira vez em várias noites que iria dormir sem ter ele por perto, e confesso que senti saudade do cheiro dele.

Na manhã seguinte nos organizamos para ir até Sonadang e eu não poderia estar mais animado.

— Você está mesmo feliz em conhecer Sonadang? — Cheyong me olhava sorridente. — Já vou avisando que é uma cidade bem sem graça.

— Para de falar besteira. — Toshion reclamou. — Sonadang é perfeita.

— Que nada, nem você aguentou ficar morando lá! — Cheyong sorria tirando sarro do Toshion e isso era divertido de ver.

— Bom, boa viagem para vocês. — Lio se despediu. — Assim que as coisas estiverem mais tranquilas iremos visitar vocês.

— Até mais. — Me despedi dos meus novos amigos e seguimos de carro até Sonadang.

— Me diz como você pode estar feliz e animado, mesmo sabendo que seu pai está correndo risco nas mãos do Namin? — Toshion me olhava desconfiado. — Você sabe de alguma coisa, não é?

— Não, eu não sei de nada! — Tentei falar com firmeza, mas não consegui.

— Então tá tudo bem que o seu pai morra? — Toshion falava com raiva. — Escuta aqui... Eu tô deixando a minha vida em Leung, tô arriscando a minha família pra te proteger e finalizar a pesquisa, então não vou admitir que esconda nada de mim, entendeu?

— Sim! — Falei cabisbaixo.

— Então fala logo, o que você sabe! — Ele ordenou.

— Eu não sei de nada, eu juro! — Falei e ele revirou os olhos. — Mas eu conheço o meu pai e acredito que sei como o Namin pensa. Então eu tenho certeza de que meu pai não foi pego pelo Namin e então não está em perigo. — Falei e Toshion me olhava com atenção. — O desaparecimento do meu pai, é intencional, e tem algo haver com a pesquisa, ele sabe que estou bem então está se dedicando a algo que ainda não sei, mas logo ele fará contato é só aguardar. O Namin deve estar desesperado atrás dele, assim como o exército.

— Entendi! — Toshion parou o carro e olhou para mim de forma intensa. — Você vai me prometer que vai me contar absolutamente tudo, em tempo real, sem mentiras, omissões ou meias verdades, entendeu?

— Entendi. E vou cumprir se você prometer fazer o mesmo. — Falei sério também.

— Eu prometo! — Ele falou sem desviar o olhar.

— Estamos de acordo então! — Sorri. — A partir de hoje somos uma dupla, sem segredos.

— Muito bem! — Ele ligou o carro e voltou a dirigir. — Pode descansar se quiser, em duas horas estaremos em Sonadang.

— Não vejo a hora. — Falei sorrindo e super animado.

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