Morar juntos

...Toshion Lee...

Isso só pode ser um pesadelo!

Eu jurei que iria chegar aqui, apresentar meu relatório, entregar o doutor para o coronel, entrar numa nova missão e nunca mais ver o Wong. E assim eu ia enterrar esse sentimento estranho que desenvolvi por ele. Mas agora eu tenho que levar ele para minha casa, cuidar dele por sei lá quanto tempo.

— A minha família mora em Sonadang, eu tenho um apartamento pequeno lá, e não posso levar o doutor pra casa da minha mãe ou do meu irmão. — Tentei argumentar. — Isso pode colocar eles em perigo.

— A sua família não vai estar em perigo, se ninguém souber quem é o doutor! — O coronel falou e percebi que não adiantava argumentar mais nada. — Vamos dar uma nova identidade ao doutor. Vamos chamá-lo de Wong Baek. Diga que é um amigo da Urba do Leste e que estava com problemas financeiros e pediu sua ajuda.

— Caramba! — Respirei fundo para acalmar meus nervos.

— Ele precisa continuar a pesquisa, então alugue um local em Sonadang, que não levante suspeitas e que ele possa realizar seu trabalho tranquilamente. — O coronel voltou até sua mesa. — Você terá um dinheiro extra para as despesas do doutor e o dinheiro da pesquisa será enviada para uma conta que apenas você poderá movimentar, e o dinheiro deve ser usado exclusivamente para a pesquisa e com o máximo de discrição possível.

— As pessoas vão estranhar minha volta a Sonadang. — Tentei o último argumento.

— Oras, você passou por um trauma, perdeu toda a sua equipe. — O coronel me olhou seriamente. — Então irá se afastar do exército por tempo indeterminado, fará terapia e vai voltar para perto da sua família, acho que isso é plausível o suficiente.

— É, eu acho que sim! — Merda! Não tinha mesmo o que fazer. — E quanto ao desaparecimento do doutor Jiho?

— Já tenho uma equipe cuidando disso. Sua missão agora é manter o doutor Wong em segurança.

— Farei isso senhor! — Me despedi do coronel e fui ver o doutor no refeitório.

— E então! — Lio veio até próximo de mim.

— Ninguém pode saber quem ele é! — Sussurrei. — Vou leva-lo comigo e partir de hoje, estou de licença por tempo indeterminado.

— Como é? — Lio falou abismado.

— Vamos para minha casa, lá eu explico melhor. — Saí andando em direção ao carro e eles vieram atrás de mim.

— De quem é esse apartamento? — Wong falou olhando ao redor.

— É meu. — Respondi. — É aqui que eu moro em Leung.

— E o que estamos fazendo aqui? — Ele me olhava confuso.

— Vou fazer minhas malas. — Olhei sério para ele. — O coronel me deixou responsável pela sua proteção. Então vamos morar juntos, em um outro apartamento que possuo, em Sonadang.

— Sonadang? É onde mora sua família? — Wong me olhava de um jeito estranho, parecia estar... Contente.

— Isso mesmo. — Respirei fundo. — Essa é sua nova identidade. — Entreguei os documentos para ele. — Vai se chamar Wong Baek, meu amigo da Urba do Leste, lá você irá dar continuidade a sua pesquisa de forma discreta, é claro.

— Caramba, isso é perfeito. — Ele sorria empolgado, o que foi bem estranho.

— Por que tá feliz com isso? — Lio falou o olhando confuso.

— Ahhh! É que... Bom... — Wong ficou nervoso com a pergunta e rezei pra ele não falar nada sobre o beijo na floresta. — O tradicional churrasco da família Lee.

— Convidou o doutor pro churrasco? — Lio me olhou confuso.

— É, eu... Ele tava triste dizendo que não tinha amigos. — Falei sem graça.

— Sim, eu fico feliz em saber que vou conhecer a família Lee. — Wong sorria de orelha a orelha. — Mas não imaginei que me levaria para lá de verdade, por que não me deixam num abrigo de proteção a testemunha?

— O seu pai está desaparecido, por isso não podemos arriscar que o Namin descubra onde você está. — Fiquei mal em estragar a alegria dele, mas eu tinha que ser direto e falar a verdade. — Então ninguém pode saber quem é você nem onde você está. — Olhei para o Lio. — Nem mesmo nossos companheiros do exército.

— Entendi, então a sua licença é falsa. — Lio me olhou.

— Exatamente! Eu apenas confio em você e na Cheyong. — Falei.

— Então, Namin está com meu pai! — Wong falou cabisbaixo.

— Tudo indica que sim! — Falei.

— Se Namin me achar, eu e meu pai morreremos. — Wong me olhou como se implorasse por ajuda. — Namin quer fazer da nossa morte um show, e de quebra acabar com a pesquisa.

— Por isso, estamos fazendo de tudo para achar o seu pai, e para te proteger. — Fui sincero. — E farei isso com a minha vida.

— Obrigado! — Wong sorriu.

Confesso que senti vontade de o abraçar, mas me segurei, eu tinha que aprender a conviver com ele, sem piorar a confusão em minha mente. E isso não vai ser nada fácil.

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