Segundo dia

Mavi

O segundo dia de sessão de fisioterapia com Adam estava se iniciando.

Acordei cedo para ir ao hospital.

- Bom dia linda. Até que enfim nossos horários bateram.

Lizy acordou e estava indo tomar seu banho.

- Bom dia amiga. Vou preparar nosso café da manhã.

Enquanto estava preparando meu café recebi uma mensagem do meu pai. Ele é um palhaço e sempre manda algum vídeo de bobagens que ele vê e acha engraçado, ou até mesmo faz vídeos dos meus irmãos, ou dele e da mamãe e me manda.

- O que é tão divertido assim?

- Meu pai e suas palhaçadas. Começou cedo hoje kkk

Sentamos para tomar nosso café da manhã.

- Saudades de Lancaster. A gente bem que podia ir no final de semana né?

- Vamos ver se dá Lizy. Agora que comecei com a fisioterapia do Adam, acho que vou ter que fazer aos sábados também. Vou ter que ver como vai ser essa semana. Mas se ocorrer tudo bem, vamos na próxima semana.

- Perfeito. Agora me fala, como está sendo atender um cliente particular? Ele é tranquilo?

- Fiz só uma sessão, mas gostei amiga. E sim, Adam é tranquilo.

- Adam! É bonito?

Demorou mais começou. Se eu der corda, Lizy vai longe.

- É meu paciente Lizy. Não tem que ser feito nem bonito.

- Sei kkk

E assim tomamos nosso café da manhã e depois fomos para o hospital. Eu fui para parte da fisioterapia e Lizy da enfermagem.

No final do meu horário de atendimento no hospital, peguei um táxi e fui para casa do Adam.

Quando cheguei, ele e sua mãe já estavam me esperando. Adam já estava com uma bermuda e camiseta. E de banho tomado.

Cheiroso, hummmm, muito cheiroso.

- Oi Mavi, tudo bem querida?_Dona Júlia já veio me receber com um abraço.

Adam ficou me olhando desde o meu primeiro passo que dei para dentro do apartamento.

- Estou bem sim dona Júlia._ respondi ela e me dirigi ao Adam que estava me olhando.

- Boa tarde Adam.

- Bem vinda Mavi._ele só me respondeu isso com aquela voz grossa.

Não sei explicar, mas entre Adam e eu existe um constrangimento, algo que não nos deixa trocar palavras além do cumprimento.

- Aceita um café ou um suco querida?

- Não. Obrigada dona Júlia. Se você estiver pronto, podemos começar Adam.

Ele só fez sinal com a cabeça e foi para seu elevador. Eu e dona Júlia o seguimos e subimos juntos no elevador.

Iniciei a sessão de fisioterapia com uma massagem nos membros inferiores, e depois fiz alguns exercícios com Adam.

Ele fez tudo que eu pedia, mas vi que sentiu muitas dores.

- Está bom por hoje. Não vamos exagerar muito no início.

- Ok._ foi o máximo que ele falou.

- Sentiu muitas dores?

- Doeu, mas deu para suportar.

E assim foi a semana toda. Fizemos os exercícios. A cada dia ia aumentando o grau de dificuldade. E ele sentia muitas dores. Teve um dia que ele pediu para parar, que não aguentava a dor.

Quanto aos nossos diálogos eram sempre "oi Adam", "Bem vinda Mavi" , "Até amanhã", "Está doendo?", " sim", "não".

Na sexta-feira dona Júlia se despediu de mim, ia embora no sábado cedo.

- Mavi, eu vou te pedir uma coisa que eu sei que vai parecer um abuso da minha parte. Mas entenda querida, é desespero de mãe.

Havíamos terminado a fisioterapia e dona Júlia e eu descemos. Ela estava se despedindo de mim próximo a porta de saída do apartamento, e começou a falar, com a voz mais baixa, para que ninguém além de mim ouvisse

- Pode falar dona Júlia.

- Querida, eu preciso ficar um tempo maior no Brasil. Mas vou preocupada com Adam. Tem o primo dele que está sempre por aqui e cuida dele para mim, além da Carmem. Mas eu vou pedir a você também. Me desculpa a ousadia, mas filha, qualquer coisa de errado que você notar com Adam, por favor me avisa. Ele nunca vai pedir ajuda, mas sei que ele não está bem psicologicamente.

- Pode deixar dona Júlia. No que eu puder ajudar, tenha certeza que farei.

Dei um abraço apertado nela e fui embora. O motorista já estava me aguardando para levar para meu apartamento.

Estava em casa vendo um episódio da minha série favorita, quando Lizy chegou do hospital.

- Estou moída gata. Vou tomar banho e venho assistir com você.

Ficamos um tempinho assistindo e fomos dormir. Amanhã era sábado e eu não trabalhava, mas Lizy não conseguiu folgar.

Eu deixei combinado com Adam que passaria no sábado a tarde para a fisioterapia dele, e no domingo não íamos nos ver.

Estranho, só de pensar que ia ficar um dia sem o ver, senti um vazio por dentro.

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