Oferta de trabalho

Mavi

- Já vai amiga?

Estava saindo do hospital, tinha terminado meu horário de trabalho, quando me encontrei com Lizy.

- Sim amiga. Você ainda vai longe né?!

- Se vou. Peguei o turno da noite essa semana. Bom, nos vemos amanhã amiga.

Me despedi da Lizy e fui para o café onde tinha marcado de me encontrar com dona Júlia.

Confesso que não entendi porque ela me ligou.

Havíamos nos encontrado de manhã no hospital, ela estava acompanhando seu filho numa consulta.

Adam. Eu sei que o conheci quando criança, mas não me lembro dele direito. Depois de adulto nunca vi.

Cheguei ao café e ela já estava lá me esperando. Quando me viu acenou com a mão para que pudesse ir até ela.

- Demorei dona Júlia?

- Nada querida. Acabei de chegar também. Vamos pedir um café ou um suco?

- Prefiro suco.

Ela fez nosso pedido, e enquanto aguardávamos começamos a conversar.

- Bem querida, obrigada primeiro por ter vindo me encontrar. Sabe que meu filho Adam sofreu um acidente e ficou numa cadeira de rodas né? Apesar de conseguir mover suas pernas, graças a uma cirurgia que fez logo após o acidente.

-Minha mãe comentou algo comigo. Eu sinto muito por ele dona Júlia.

- Obrigada. Então Mavi, Adam precisa fazer fisioterapia e se recusa ir a uma clínica ou hospital para fazer as sessões.

- Entendo.

- Depois do nosso encontro hoje de manhã, tive a ideia de perguntar se você não aceita ser a fisioterapeuta do Adam? Mas teria que ir até o apartamento dele ou no escritório. Adam vive trabalhando, quase não fica em casa.

Juro que fui pega de surpresa. Jamais pensei que nosso encontro era para uma oferta de trabalho assim.

- Dona Júlia vou ser sincera com a senhora, eu não faço atendimento domiciliar. Só no hospital mesmo.

- Entendi querida. Mas não seria possível fazer no horário que você sai do hospital?

- Eu saio sempre esse horário dona Júlia. Entro às 08:00 e saio as 16:00 horas.

- Seria possível então. Depois das 16 horas você ia fazer o atendimento ao Adam.

- Dona Júlia preciso pensar. Eu saio sempre muito cansada. Não sei se iria fazer um bom trabalho de fisioterapia com seu filho.

-Pode pensar querida. Mas não tenho muito tempo. Me desculpa, é que Adam parou de fazer fisioterapia a algum tempo e está sentindo muitas dores.

- Claro dona Júlia. Amanhã prometo que dou uma resposta já cedinho para a senhora.

Ficamos mais um tempo ali conversando sobre Adam. Ela me disse que ele se encontra em depressão por não aceitar sua situação. Não sai mais de casa que não seja para ir para empresa. Não quer mais ver os amigos e evita até a família.

Dona Júlia me passou o valor que vou receber caso aceite ser fisioterapeuta particular do Adam. Quase caí da cadeira quando vi o valor. Meu salário do ano inteiro em um único mês. Fiquei em choque.

Mas mesmo assim não posso aceitar só pelo dinheiro. Preciso ter certeza que vou conseguir fazer um trabalho de qualidade com ele. E cansada acho isso difícil.

Tomei meu suco enquanto conversamos sobre meus pais e outros assuntos. Dona Júlia é uma mulher dessas que a gente fica horas conversando e não vê o horário passar.

Depois fui para casa. Liguei para meus pais. Precisava da opinião deles.

Dona Carolina e seu Anthony são meu refúgio, pra onde eu sempre corro quando preciso.

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