Capítulo 4: Ecos do Passado

A luz pálida do amanhecer começava a penetrar suas peles através das árvores, enquanto Adrian e Clarice caminhavam silenciosamente pela floresta. O confronto com Darius e os outros vampiros ainda estava muito fresco em suas mentes, mas ambos sabiam que aquele confronto era apenas o início de uma perseguição, uma guerra sem fim.

Clarice para tentar quebrar o silêncio, começou a fazer várias perguntas, para Adrian responder, mas sem ficar julgando ele por suas escolhas.

Clarice —  Adrian você já conseguiu descobrir algum sobre o por que a irmandade me quer?

Adrian olhou para ela, já imaginando as várias perguntas que ela iria fazer, mas ele sabia que todo esse peso que ele parecia carregar de muitos séculos teria que vir à tona a qualquer hora, ele só não imaginava que seria tão sedo.

Adrian — A Irmandade Sombria é uma antiga ordem de vampiros como eu já tinha comentado com você. Eles acreditam que o equilíbrio entre humanos e vampiros deve ser rompido, por que os humanos não são dignos de estarem vivos e entre os vampiros, eles acreditam que nós somos os verdadeiros governantes deste mundo, você tem alguma coisa que eles precisam e nós temos que descobrir o que é.

Clarice — E você fazia parte deles, né? por quê? — Clarice perguntou, mas sem julgamento, mas sim por curiosidade.

Adrian assentiu com a cabeça e depois respirou fundo antes de responder.

Adrian — Há muito tempo eu fiz sim parte da irmandade, não por que eu queria, mas depois que eu vi todo o que eles faziam, como sacrificam vidas inocentes, toda a destruição que eles fazem em nome desse poder. Por isso eu os deixei, mas sair da Irmandade tem um preço muito alto. Viktor, o líder deles, nunca perdoa uma deserção e principalmente a minha.

Clarice franziu a testa ao ouvir o nome.

Clarice — Viktor? Você nunca tinha me falado dele antes. Ele é...

Ela percebeu pela expressão dele que era um assunto muito delicado, mas não podia fazer mais nada a pergunta já havia sido feita.

Adrian — Meu pai infelizmente sim — Adrian completou, com a voz firme.

Clarice parou e focou nele com um olhar de surpresa e de preocupação também.

Clarice — Seu pai é o líder da Irmandade?

Adrian assentiu novamente, os olhos fixos no horizonte.

Adrian — Ele sempre foi muito obcecado por poder. Transformar-me em vampiro foi apenas mais uma de suas ambições, eu não fui o que ele queria e acabei frustrando uma parte dos planos dele, eu não queria fazer daquela maldade.

Eles retomaram a caminhada, e Clarice ponderou sobre o que havia ouvido, mas ela queria fazer mais uma pergunta.

Clarice — E quem é Selene?

Só em ouvir esse nome, Adrian sentia como se uma faca estivesse o perfurando, ele não sabia como a Clarice soube da Selene, mas sem nenhuma hesitar ele respondeu.

Adrian — Selene foi a pessoa que me transformou. Ela é uma das aliadas principais de Viktor, tão cruel e calculista quanto ele.

Clarice percebeu a dor na voz de Adrian, e não fez mais perguntas. Ela sabia que algumas feridas precisavam de tempo para serem compreendidas.

Pouco tempo depois, eles chegaram a uma cabana escondida no coração da floresta. Era pequena, mas parecia bem resistente, com o telhado coberto por musgos e janelas protegidas por tábuas.

Adrian — Vamos ficar aqui por um tempo, temos que descansar e se alimentar. Disse, abrindo a porta e entrando.

Clarice o seguiu, observando o interior da cabana simples, mas bem acolhedor. Livros antigos cobriam uma mesa, e uma lareira apagada dominava o canto da sala.

Enquanto Adrian verificava se o local estava seguro, Clarice pegou um dos livros na mesa. Era um diário. Ela hesitou por um momento, mas sua curiosidade venceu. Quando o abriu, encontrou páginas repletas de anotações em uma caligrafia firme e detalhada.

Clarice — Esse diário é seu? — perguntou ela, olhando para Adrian surpresa.

Ele se aproximou e pegou o diário de suas mãos gentilmente, fechando-o.

Adrian — É parte do meu passado. Nada que valha a pena você reviver agora.

Clarice sentiu a resistência de Adrian, mas não insistiu. Em vez disso, ela decidiu mudar de assunto.

Clarice — O que faremos a seguir? você já tem um plano? como vamos encontrar aliados?

Adrian cruzou os braços com um sorriso no rosto, encarando ela com o olhar penetrante, que Clarice ficou vermelha, quando ele percebeu, desviou o olhar e respondeu.

Adrian —  Existe alguém que pode nos ajudar, ele é um vampiro, chamado Elias. Ele é um antigo membro da Irmandade que também os abandonou, assim como eu. Se alguém souber como combater Viktor, esse alguém é ele, também podemos contar com outros vampiros.

Clarice — E onde ele está agora, você sabe? — perguntou Clarice.

Adrian hesitou antes de responder, pois o lugar é bastante perigoso para a Clarice, mas ele sabia que ela não ia deixar ele ir sozinho.

Adrian — Elias vive em um lugar muito perigoso, é uma cidade nas montanhas, conhecida como o Refúgio das Sombras, é um reduto só com vampiros renegados, criaturas que nem mesmo a Irmandade podem controlá-los.

Clarice sentiu um frio na espinha, mas ela não recuou.

Clarice — Então, quando vamos até lá.

Adrian sorriu levemente diante da determinação e à coragem dela.

Adrian — Você é mais corajosa do que eu imaginava, Clarice.

Enquanto preparavam-se para a viagem, Clarice não pôde deixar de pensar no que estava por vir. Ela sabia que a jornada seria muito perigosa, principalmente pra ela, mas também sentia que estava cada vez mais próxima de descobrir seu papel naquele mundo sombrio e ao mesmo tempo fascinante.

Adrian, por outro lado, estava dividido entre proteger Clarice e enfrentar seus próprios demônios, pior ele vai ter que enfrentar seu próprio pai também. Ele sabia que o encontro com Elias poderia lhe trazer muitas respostas, mas também iria reabrir muitas feridas antigas que ele preferia deixar enterradas.

Ao primeiro sinal do cair da noite, os dois partiram, deixando a cabana para trás. A floresta parecia sussurrar segredos ao vento, como se os observasse partir em direção ao desconhecido.

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