Conto II - Entre Amigos

..."Entre Amigos" - Parte IX...

A luz da manhã entrou pelas cortinas mal fechadas, iluminando o quarto onde os corpos de Clara, Lucas e Rafael permaneciam entrelaçados nos lençóis. Clara foi a primeira a acordar. Seus olhos demoraram alguns segundos para se ajustar à claridade, e seu corpo, ainda aquecido pelo contato dos dois homens ao seu lado, parecia relaxado e satisfeito como nunca antes.

Lucas estava deitado à sua esquerda, o braço jogado descuidadamente sobre sua cintura, enquanto Rafael ocupava o outro lado da cama, respirando profundamente, ainda imerso no sono. Clara observou os dois por um instante, sentindo um misto de incredulidade e felicidade. A noite anterior parecia um sonho distante, mas a sensação em sua pele e a lembrança de cada toque confirmavam que tudo tinha sido real.

Ela se mexeu devagar, tentando não acordá-los, mas Lucas era mais atento do que aparentava. Ele abriu os olhos lentamente, um sorriso preguiçoso surgindo em seus lábios.

— Bom dia, bela adormecida — murmurou ele, a voz rouca.

Clara sorriu de volta, os dedos traçando círculos suaves no peito dele. — Bom dia. Dormiu bem?

— Melhor do que eu poderia imaginar — respondeu Lucas, inclinando-se para beijar sua testa.

Do outro lado, Rafael resmungou alguma coisa incompreensível antes de abrir os olhos. Ele se espreguiçou preguiçosamente, o sorriso surgindo em seus lábios ao encontrar Clara olhando para ele.

— Então eu não sonhei? Vocês realmente estão aqui — disse Rafael, ainda meio sonolento.

Clara riu, sentindo-se incrivelmente confortável com a descontração dos dois. — Estamos aqui. E você ronca, sabia?

Rafael fingiu indignação, colocando a mão no peito. — Eu? Roncar? Impossível. Lucas, você acredita nisso?

Lucas deu de ombros, rindo. — Não posso defender você, cara. Eu ouvi também.

Rafael bufou, mas o sorriso nunca deixou seu rosto. Ele se aproximou de Clara, depositando um beijo suave em seu ombro. — Ainda bem que meus outros talentos compensam, então.

— Isso é verdade — disse Clara, o tom brincalhão, mas com uma sinceridade que fez os dois homens sorrirem ainda mais.

A atmosfera era leve, mas havia uma energia palpável entre eles, uma tensão que crescia a cada troca de olhares e toques aparentemente inocentes. Lucas foi o primeiro a quebrar o silêncio, suas mãos deslizando lentamente pela cintura de Clara.

— Você tem noção do que fez conosco, Clara? — murmurou ele, sua voz baixa e cheia de intenção.

Ela arqueou a sobrancelha, fingindo confusão. — O que eu fiz?

— Tornou impossível resistir a você — respondeu Rafael, completando a frase de Lucas. Ele se inclinou para beijá-la, seus lábios encontrando os dela com uma intensidade que fez seu corpo inteiro se acender novamente.

Clara suspirou contra o beijo, seus dedos se enroscando nos cabelos de Rafael enquanto Lucas traçava um caminho de beijos ao longo de sua clavícula. A sensação dos dois tão próximos, tão sintonizados, era avassaladora.

— Vocês são impossíveis — murmurou ela, a voz falhando enquanto as mãos dos dois exploravam seu corpo com uma familiaridade crescente.

— E você gosta disso — rebateu Lucas, os lábios roçando sua orelha, enfiando um dedo dentro dela

Clara riu, mas a risada logo se transformou em um gemido suave quando Rafael a puxou para mais perto, seus toques se tornando mais ousados. Eles se moviam com uma coordenação quase intuitiva, cada um entendendo perfeitamente o espaço e o ritmo do outro, como se estivessem sincronizados de forma natural.

— Quero você, Clara — disse Lucas, a voz rouca enquanto seus olhos encontravam os dela.

Ela mordeu o lábio inferior, sentindo o calor subir por seu corpo. — Então me tenham.

Foi o suficiente para que eles se entregassem novamente, mas desta vez com uma intensidade mais lenta e profunda, explorando cada sensação e cada emoção que surgia. Lucas tomou a iniciativa, suas mãos e lábios mapeando cada centímetro da pele de Clara, enquanto Rafael, com uma delicadeza que contrastava com sua aparência robusta, a mantinha segura entre eles.

O quarto foi preenchido por suspiros e murmúrios baixos, a luz daquele dia iluminando a cena como se fosse parte dela. Era uma entrega total, um momento onde o mundo lá fora simplesmente não existia.

Quando finalmente caíram de volta nos lençóis, o corpo de Clara estava relaxado, mas seu coração ainda batia rápido. Ela estava entre eles, as cabeças de Lucas e Rafael apoiadas em cada um de seus ombros.

— E agora? — perguntou ela, o tom leve, mas cheio de curiosidade genuína.

Lucas levantou a cabeça para olhar para ela, um sorriso tranquilo nos lábios. — Agora, continuamos. Sem pressa, sem pressão. Apenas o que faz sentido para nós.

Rafael assentiu, traçando um círculo lento com o dedo na cintura de Clara. — Estamos juntos nisso, Clara.

Ela sentiu uma onda de alívio e alegria ao ouvir aquelas palavras. O que começou como uma noite de curiosidade e desejo havia se transformado em algo mais, algo que ela ainda não sabia como definir, mas que sabia que queria explorar.

— Então continuamos — disse Clara, sorrindo para os dois.

Lucas a puxou para mais perto, beijando-a suavemente. — Continuamos.

E assim, naquele dia ensolarado, os três souberam que haviam cruzado uma linha que não tinha volta — e que, estranhamente, nenhum deles queria voltar.

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Comments

Sonia Helena

Sonia Helena

ótimo conto

2025-01-11

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