Grace sentou-se na janela do quarto, observando o movimento tranquilo da cidade que ela conhecia bem, mas que agora parecia uma cena distante. O sol brilhava com intensidade, como se nada de ruim fosse acontecer. Como se a tragédia que ela já vivera nunca tivesse existido.
Mas, ao mesmo tempo, ela sabia que tudo estava prestes a mudar.
Ela sentia uma estranha sensação de ser observada, de estar em uma trama que ela não podia controlar. Cada passo que desse poderia ser crucial, e isso a aterrorizava. Seria possível reescrever a história sem criar mais dor?
A porta do quarto se abriu novamente. Era sua mãe, Dona Luciana, uma mulher de espírito generoso, mas com um olhar preocupado.
“Grace, meu bem, seu pai disse que você não estava se sentindo bem. O que está sentindo minha filha?” Ela perguntou, entrando no quarto com um sorriso suave.
“Estou bem, mãe... só... pensando,” Grace respondeu, tentando esconder a tensão que tomava conta de seu peito. A última coisa que queria era preocupar sua mãe.
Ela se levantou e abraçou Dona Luciana, buscando um pouco de conforto no calor familiar. A mãe de Grace sempre foi seu pilar, alguém que acreditava que a felicidade estava ao alcance de todos, se soubessem onde procurar.
Grace desejava poder acreditar nisso também, mas seu coração estava pesado demais.
“Vai sair hoje, filha? O Rafael vai passar aqui para te ver.” Dona Luciana falou, com um brilho no olhar. “É um bom rapaz, Grace. Você deveria dar uma chance para ele. Ele se mostrou tão educado e interessado melhor do que aquele Fagner, eu não fui com cara daquele rapaz.”
Rafael. O nome ecoou na mente de Grace, e ela se viu forçada a lembrar das palavras do pai, falando sobre ele com tanta empolgação. Ela ainda não o conhecia bem o suficiente para saber se poderia confiar nele, mas seu coração instintivamente se sentia mais à vontade com ele do que com Fagner.
“Eu… vou sair com ele, mãe, mas só porque você e o papai estão insistindo.” Grace respondeu, tentando dar um passo em direção a algo novo. Ela precisava fazer isso. Para testar se poderia confiar em alguém, se poderia se livrar de Fagner e começar uma nova história.
Dona Luciana sorriu, satisfeita. “Isso, minha filha. Você merece ser feliz. E eu sei que ele é um bom partido.”
Mais tarde, no jardim da casa dos Macedo...
Grace estava nervosa. Ela não sabia o que esperar daquele encontro, mas sabia que não poderia ser igual a todos os outros encontros que tivera com o homem da sua vida, "Fagner".
Não poderia ser um encontro movido pela falsa ilusão de amor que ela teve com Fagner. Isso não seria repetido. Não dessa vez.
Foi então que ela viu Rafael se aproximando. Ele era alto, com cabelo castanho escuro e olhos profundos, que pareciam carregar a sabedoria de alguém mais velho, mas com um brilho juvenil que denotava bondade.
Ele sorria com uma naturalidade que a fez relaxar um pouco. Ele não parecia estar ali apenas por obrigação. Não era como Fagner, que sempre tinha algo a ganhar.
“Oi, Grace. Como você está?” Ele disse, com uma voz calma, mas carregada de respeito.
Ela sorriu timidamente, mas o nervosismo estava evidente. “Estou bem, obrigada... e você?”
“Melhor agora que estou aqui com você,” ele respondeu, e Grace sentiu que a sinceridade dele poderia ser real. Ou pelo menos, ela esperava que fosse.
Eles se sentaram no banco do jardim, e a conversa fluiu naturalmente. Rafael falou sobre seus estudos, sobre seus planos de ajudar os pais com o comércio da família, e Grace sentia que ele realmente se preocupava com o futuro. Ele parecia ser alguém com os pés no chão, alguém que daria apoio sem esperar algo em troca.
“Eu sei que a vida nem sempre é fácil. Mas acredito que a gente pode fazer dela o melhor que conseguimos, se tivermos os outros ao nosso lado.” Ele disse, olhando para ela com um sorriso acolhedor.
Grace o observou, sentindo algo dentro de si se mexer. Ela não sabia exatamente o que era, mas a sensação de estar finalmente com alguém que a via como uma pessoa e não como uma oportunidade a tocava profundamente. Ela não queria se apegar, mas já começava a sentir uma conexão que ela nunca teve com Fagner.
“Eu não sou boa em confiar nas pessoas, Rafael,” Grace começou, quebrando o silêncio. “Eu... já me machuquei antes e não sei se estou pronta para me abrir de novo.”
Rafael olhou para ela com compreensão, não tentando apressar as coisas, mas mostrando que ele estava ali para ouvir, se ela quisesse falar. “Eu entendo, Grace. E não espero que você confie em mim logo de cara. Só quero que saiba que, se me der uma chance, estarei aqui para o que você precisar. Sem pressa, sem pressão.”
Ela ficou em silêncio por um momento, absorvendo aquelas palavras. Não era Fagner falando. Não era Tereza tentando manipulá-la. Era alguém genuíno. Alguém que realmente parecia querer algo bom para ela.
Enquanto isso, na cidade…
Fagner observava de longe, como uma sombra ameaçadora. Ele havia percebido o interesse de Grace por Rafael ou vice-versa, e isso o incomodava profundamente. Ele não queria perder Grace, mas mais do que isso, ele queria tê-la como sua propriedade, como sempre fez desde o momento em que se conheceram.
- Posso saber o que está acontecendo aqui? Grace quem é seu amigo?
Grace olhou para Fagner, como ela gostaria de falar umas verdades à ele, mas se ela começasse, iria passar por louca.
- Esse é Rafael.
- Olá Rafael!
- Olá.
- Grace, vem quero falar com você!
- Me dá só um minuto Rafael, já volto!
- Claro, se precisar tô aqui!
Fagner olhou para ele querendo confusão, como ele ousaria.
- O que quer Fagner?
- Por que está com outro cara, você é minha namorada.
- Isso, então, eu queria mesmo falar contigo sobre isso, não dá mais eu não quero ser sua namorada.
- Como? Pirou foi?
- Na verdade, acordei pra vida.
- Não, eu não aceito!
- É melhor aceita, adeus Fagner... E você não precisa de mim, você tem Tereza!
- Que? Não!
Ele ficou confuso, como ela saberia sobre Tereza? mas logo sua expressão mudou, um olhar de ódio tomou conta de seu rosto.
“Ela vai voltar para mim, mais cedo ou mais tarde,” Fagner murmurou, os olhos estreitados, com um sorriso frio.
Continua....
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Atualizado até capítulo 21
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