O Jogo dos Sentimentos
Era uma tarde tranquila, a casa estava silenciosa, exceto pelo som suave da chuva batendo nas janelas. O clima estava perfeito para um café quente e uma boa conversa. Você estava na cozinha com Laura, preparando um lanche enquanto conversavam sobre tudo e nada. Era uma dessas tardes em que as palavras fluíam sem pressa, e o tempo parecia desacelerar.
Você sempre foi mais próxima de Laura. Talvez fosse a forma como ela se abria com você, ou como seus risos se encaixavam perfeitamente quando estavam juntas. Enquanto isso, Paula e Natacha, apesar de também serem grandes amigas, tinham um tipo diferente de conexão. Elas eram mais reservadas em relação aos próprios sentimentos e sempre se apoiavam mutuamente, com conversas mais profundas e íntimas entre elas. Mas, quando o assunto era sobre o que estava acontecendo com Laura e Paula, era claro que algo novo estava surgindo.
Enquanto você mexia na panela, Laura pegou seu celular e, sem mais nem menos, soltou:
— Aline, você acha que eu deveria falar com a Paula sobre o que estou sentindo? — ela perguntou, com um tom de dúvida.
Você olhou para ela e riu baixinho. Sabia que a resposta era algo que ela já sabia, mas a insegurança de Laura sempre surgia quando se tratava de sentimentos.
— Eu acho que você já sabe a resposta, Laura. Você e a Paula têm algo especial, não precisa se esconder disso. Falar com ela pode aliviar o peso, mas é você quem precisa decidir quando será o momento certo.
Laura suspirou, balançando a cabeça.
— Eu sei... Mas e se ela não sentir o mesmo? A nossa amizade está tão confortável... e eu não quero perder isso.
Você deu um sorriso compreensivo, pegando uma xícara e oferecendo a ela.
— O que vocês têm não é só amizade, Laura. Não seja tão dura consigo mesma. Às vezes, o medo de algo dar errado é o que nos impede de dar o passo mais importante. Eu acredito que a Paula também tem sentimentos por você.
Laura olhou para você, seus olhos claros buscando alguma certeza. O modo como ela confiava em você era inegável, e você sentia que ela só precisava de um empurrãozinho para ir atrás do que sentia.
Enquanto isso, do outro lado da casa, Natacha e Paula estavam sentadas no sofá da sala, uma tigela de pipoca entre elas. Mas, ao contrário de Laura, Paula não tinha tanta dificuldade em admitir seus sentimentos. No entanto, algo ainda a impedia de dar o passo final. As conversas entre as duas estavam ficando mais profundas, e Paula começava a falar abertamente sobre o que sentia.
— Acho que a Laura me vê apenas como amiga, — Paula comentou, olhando para Natacha com um olhar pensativo. — Eu gosto dela, mas não sei se ela sente o mesmo.
Natacha, como sempre, era o pilar de Paula, a pessoa com quem ela podia ser mais vulnerável.
— Paula, você já percebeu que, cada vez que fala da Laura, seu sorriso é diferente? Não dá para negar o que está acontecendo. Às vezes, a gente tem medo de arriscar, mas você nunca vai saber se não tentar.
Paula suspirou, mordendo o lábio.
— Eu sei. Eu só... não quero arriscar nossa amizade, sabe? Eu sou impulsiva, e às vezes, o que eu sinto pode ser muito... intenso.
Natacha a olhou com um sorriso tranquilo.
— Você não está sozinha nisso. Todo mundo tem medo. O importante é ser honesta com seus sentimentos. Mas não se apresse. Às vezes, a vida se encarrega de colocar as coisas no lugar no tempo certo.
Enquanto a conversa entre Natacha e Paula acontecia, você e Laura estavam apenas alguns metros de distância, ainda refletindo sobre as palavras que você tinha dito. Era claro que, por mais que Paula e Laura tentassem esconder, havia uma tensão no ar, algo que ninguém podia negar. Mas ainda faltava um passo: a coragem de admitir, sem medo, o que estavam sentindo.
Naquela noite, o clima dentro de casa estava diferente. Todos estavam reunidos na sala, assistindo a um filme. As conversas estavam mais baixas, como se as palavras não fossem necessárias. Laura estava sentada ao lado de Paula, e as duas se olhavam em silêncio, como se o momento tivesse chegado.
Foi Paula quem quebrou o silêncio. Sua voz era suave, mas cheia de significado.
— Laura, eu... preciso te falar uma coisa, — Paula começou, olhando para ela com uma mistura de hesitação e certeza. — Eu sinto algo mais forte por você. E sei que isso pode mudar tudo, mas... não posso ignorar o que estou sentindo.
Laura ficou quieta por um momento, mas seus olhos brilharam, e um sorriso pequeno surgiu em seu rosto.
— Eu também sinto o mesmo. Eu só estava com medo de arriscar nossa amizade. — ela falou com um suspiro, finalmente admitindo o que estava em seu coração.
A tensão entre elas desapareceu com aquele simples, mas intenso, momento de honestidade. Elas se aproximaram, e o primeiro beijo veio sem mais palavras. Era um beijo tímido, mas cheio de significado, como se o mundo ao redor de vocês tivesse parado por um instante.
Natacha e você estavam observando a cena em silêncio, e, ao verem Paula e Laura finalmente se entregarem ao que sentiam, um sorriso apareceu em seus rostos.
— Eu sabia que isso ia acontecer. — Natacha disse, quebrando o silêncio, enquanto olhava para você.
Você concordou com a cabeça.
— Sim, eu também sabia. Agora, o que importa é que todas nós estamos aqui, não importa o que aconteça.
O futuro, com seus altos e baixos, parecia incerto, mas uma coisa era certa: o laço entre vocês quatro ficaria mais forte. Paula e Laura estavam dispostas a explorar o que o futuro reservava para elas, enquanto você e Natacha, com seus próprios relacionamentos, continuariam sendo o suporte uma para a outra. Afinal, o amor e a amizade não precisam ser perfeitos para serem reais.
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Atualizado até capítulo 63
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