Narração: Sophie
Os lábios dele estavam nos meus, esmagando qualquer resistência que eu tentava desesperadamente manter. Era como ser puxada para o olho de um furacão, impossível escapar. Havia raiva naquele beijo, desejo, frustração. Tudo o que havíamos enterrado durante anos veio à tona naquele instante, selvagem e incontrolável.
Por um momento, cedi. Meu corpo traiu minha mente, e o calor dele me consumiu como fogo. Mas então, o som do telefone dele ecoou pela casa, um lembrete frio da realidade.
Damián hesitou, sua testa encostada na minha, enquanto respirávamos com dificuldade. O telefone continuava tocando, insistente, como se fosse um aviso.
— Atenda — eu disse, afastando-me o suficiente para recuperar o controle.
Os olhos dele estavam fixos nos meus, escuros e indecifráveis. Ele cerrou os dentes, claramente relutante, antes de pegar o telefone.
— Margot — ele murmurou, a voz dura como pedra.
Cruzei os braços, a raiva fervendo novamente.
— Sua esposa deve estar preocupada.
Ele franziu a testa, mas não respondeu. Atendeu o telefone, virando-se de costas para mim. Eu o observei, cada palavra em francês que ele murmurava parecendo carregada de tensão. Ele estava calmo, mas eu sabia que por dentro ele estava lutando contra algo.
Quando ele desligou, deixou o telefone sobre a mesa com um gesto brusco. Antes que pudesse dizer algo, anunciei:
— Vou chamar um Uber.
Peguei meu celular e comecei a digitar, mas ele se moveu rápido, sua mão segurando meu pulso.
— Sophie, non. — A voz dele era um rosnado baixo, intenso. — Não vou deixar você sair assim. Não depois disso.
Olhei para ele, o peito subindo e descendo com a raiva que eu tentava conter.
— Volte para sua esposa.
Ele me puxou para mais perto, os dedos quentes em minha pele, os olhos queimando de intensidade.
— Margot nunca foi nada para mim além de um acordo. Se você me disser agora, Sophie... se disser para deixá-la, eu faço isso. Aqui e agora.
Minha respiração parou por um momento, minhas mãos tremendo ligeiramente. Ele estava tão perto que eu podia sentir o calor de seu corpo, o perfume que sempre me deixava atordoada. Mas as palavras dele me atingiram como um golpe.
— Damián, você não sabe o que está dizendo...
Ele apertou meu queixo com delicadeza, mas com firmeza o suficiente para me obrigar a olhar para ele.
— Merde! Sei exatamente o que estou dizendo. Diga-me, ma fille. Diga, e Margot será passado.
Eu abri a boca, mas nenhuma palavra saiu. Meu coração estava uma bagunça, e minha mente era um turbilhão. Antes que pudesse responder, o som de uma buzina quebrou o momento.
O Uber.
Afastei-me dele, quebrando o contato.
— Esqueça. Não há nada entre nós. Nunca existiu.
— Sophie...
— Nunca. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, e antes que ele pudesse me impedir, saí pela porta.
Enquanto o carro me levava embora, olhei pela janela, os olhos ardendo. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto antes que eu conseguisse limpá-la. Era a última coisa que eu precisava: me envolver novamente com ele.
Quando cheguei ao meu apartamento, meu corpo parecia exausto. Eu me joguei na cama, a cabeça latejando com os pensamentos. Dormir parecia impossível, mas o cansaço venceu, e o mundo desapareceu ao meu redor.
Quando abri os olhos, o sol já estava alto. Peguei o celular para checar a hora: 10h03. Sábado. Pelo menos, não havia trabalho.
Estava me espreguiçando quando o telefone tocou. Era Liam.
— Bom dia, querida. — A voz dele era leve, mas carregada de preocupação. — Como você está?
— Bem, apenas cansada.
— Cansada? Esse trabalho está sendo exaustivo mesmo. O que o senhor Castelli queria com você ontem?
Fiquei surpresa com a pergunta, pensei rápido, tentando manter a voz neutra.
— Houve um pequeno problema com os detalhes do projeto. Ele queria que eu corrigisse. Nada demais.
— Isso não podia esperar até segunda?
— Você sabe como ele é. — Sorri levemente, tentando desviar. — Não gosta de esperar.
Liam ficou em silêncio por alguns segundos, mas então suspirou.
— Certo, se você diz. Mas espero que ele não esteja te pressionando demais.
— Não está. — Respondi com firmeza, querendo encerrar o assunto.
— Tudo bem. Que tal sairmos um pouco hoje? Você parece precisar disso.
Hesitei por um instante, mas acabei concordando.
— Acho que seria bom.
— Perfeito. Te encontro no saguão em uma hora?
— Combinado.
Quando desliguei, respirei fundo. Liam era bom para mim. Ele era gentil, atencioso, seguro. Tudo o que Damián nunca seria. Mas quando ele veio me cumprimentar no saguão, e tentou me beijar, virei o rosto instintivamente.
Ele franziu a testa, confuso.
— Algo errado?
— Nada. — Sorri, tentando parecer despreocupada. — Só não quero estragar meu batom antes de sairmos.
Ele riu, aceitando a desculpa, mas o desconforto em seus olhos permaneceu.
Eu Precisava seguir em frente. Precisava esquecer Damián. Mas por que isso parecia impossível?
Liam me levou ao museu, era encantador, uma mistura perfeita de história e design moderno. Cada ala tinha algo único, mas o que realmente me chamou atenção foi a exposição sobre arquitetura clássica europeia. Eu sempre adorei perder horas em lugares assim, e com Liam ao meu lado, era mais fácil manter a mente ocupada.
— Olha isso, Sophie. — Liam apontou para uma maquete de uma catedral gótica. — Cada detalhe é uma obra de arte. Isso aqui foi feito à mão. Séculos atrás!
Eu me inclinei para observar, encantada.
— Impressionante. É surreal pensar no trabalho que eles tinham. Sem tecnologia, apenas a força da mente e das mãos.
Ele sorriu para mim, aquele sorriso caloroso que me fazia sentir segura.
— Exatamente. Você sempre diz isso. Acho que é por isso que você é tão apaixonada pelo que faz.
Assenti, pegando o celular para tirar uma foto da maquete.
— Minha tia vai adorar isso. — Falei enquanto mandava a foto para ela.
Enquanto falávamos, meu celular vibrou com uma resposta da minha tia, junto com uma foto de Noah. Meu coração apertou ao ver o sorriso inocente dele.
— Olha só. — Mostrei a Liam. — Noah está cada dia maior.
Ele analisou a foto e sorriu.
— Está mesmo
Caminhamos juntos pelo museu, rindo e discutindo sobre estilos arquitetônicos e detalhes de algumas obras. Ele fazia de tudo para me animar, e por um momento, quase me convenci de que estava tudo bem.
Mas no fundo, eu sabia que estava mentindo para ele e para mim mesma, eu não o amava, não como eu gostaria, me odiava por isso.
Narração: Damián
Quando cheguei à mansão, Margot estava me esperando no saguão, os braços cruzados, a expressão carregada de preocupação. Seus olhos se estreitaram ao ver meu ombro, que já estava devidamente enfaixado e tratado.
— O que aconteceu, Damián?
Passei por ela, tirando o paletó com cuidado.
— Nada que precise de sua preocupação, Margot. Apenas um contratempo.
Ela me seguiu, seus saltos ecoando no chão de mármore.
— Um contratempo? Você levou um tiro, não é?
Eu parei, voltando meu olhar para ela.
— Quem lhe disse isso?
— Não precisa ser um gênio para perceber, Damián. — Seus olhos brilharam com uma mistura de alívio e desconfiança. — Está ferido, mas se recusa a dizer qualquer coisa. Como espera que eu reaja?
— Esperava que você confiasse em mim. — Minha voz saiu baixa, mas carregada de autoridade. — E não que ficasse me interrogando como se eu fosse um de seus empregados.
Ela ergueu o queixo, tentando se impor.
— Eu sou sua esposa. Tenho o direito de saber o que está acontecendo.
— Você tem o direito de saber o que eu decidir lhe contar. Nada mais.
Margot recuou ligeiramente, surpresa com meu tom. Eu continuei meu caminho, direto para o banheiro.
A água quente do chuveiro escorria pelo meu corpo, aliviando a tensão acumulada. Fechei os olhos, mas minha mente não me dava trégua.
Ma fille ( minha garota )
Pensei no calor do corpo dela contra o meu, no gosto inebriante de seus lábios, no jeito como seus olhos castanhos brilhavam de raiva e desejo ao mesmo tempo. Ela era como uma chama, impossível de ignorar. Cada detalhe dela estava gravado em minha memória: os cabelos ruivos, a pele macia, o corpo que parecia feito para me provocar.
Eu precisava dela. E, pior, sabia que isso era um problema que não conseguia resolver.
Após o banho, peguei meu telefone e liguei para Marc.
— Marc, preciso de um relatório.
— Está tudo sob controle, senhor. A polícia já recebeu o que precisava para encerrar o caso, e nossos inimigos... — Ele fez uma pausa, sua voz carregada de significado. — Não vão nos incomodar novamente.
— Bom. Não quero rastros, entendeu?
— Perfeitamente, senhor Castelli.
Desliguei, mas minha mente voltou para outra questão que eu vinha tentando ignorar: Aquela criança da ligação.
Havia algo no tom de Sophie quando falou sobre ele. Algo que não fazia sentido.
Se ela estava mentindo, havia um motivo. E eu descobriria, custe o que custar.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Kellyla Nunes
A Sophie é uma idiota por fazer pouco caso do amor do Liam, ele sempre foi muito bom com ela, e ela não está valorizando isso, sabe que não o ama e ainda sim aceitou namorar com ele, tomara que apareça uma pessoa bem legal para ama-lo de verdade.
2024-12-09
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Vilma Santos
Está história tá chatinha mais para entender os outros livros tem que ler este... começando o cara fez um procedimento para não ter filhos aí transa com a mocinha sem camisinha e engravida a garota bom pra isto vai ter que ter uma explicação.se ele transou com ela sem camisinha deve ter transado com outras também neste mundo deles não tem doenças sexualmente transmissíveis bom pra isto também vai ter que ter outra explicação depois disso tudo o cara casa vive com a mulher já a cinco anos e nós não sabemos se eles transam ou já transaram então outra explicação bom assim espero!!!!
2025-02-17
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Vania Lucia bessa da silava Jacques
A Sophie errou des do começo, ela que se atirou encima dele perdendo a virgindade com uma pessoa que nem conhecia por causa de uma traição, não quis saber se ele era comprometido ou não, e agora tá fazendo o namorado de bobo , ela não pensa nas consequências
2024-12-14
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