Narração: Margot
Eu sou Margot Castelli. Não, Moreau. Nunca deixei de ser uma Moreau. O sobrenome do meu marido, poderoso como é, não apaga o sangue que corre nas minhas veias. Sou filha de Georges Moreau, um homem que construiu um império sólido como concreto, mas que alicerçou tudo nas sombras do submundo.
Meu casamento com Damián foi estratégico. Uma aliança entre duas forças que comandam mundos diferentes, mas igualmente perigosos. Não havia amor, apenas conveniência. Mas eu o quis. Sempre quis. Mesmo frio, mesmo distante. Ele nunca foi romântico, nunca foi fácil, mas havia uma intensidade nele que me fazia querer mais.
No entanto, nos últimos meses, ele tem estado cada vez mais ausente. Longas noites fora, sempre distante mesmo estando perto. E então, há ela. Sophie Duval. Jovem, inteligente, bonita... A nova arquiteta chefe. Desde que ela chegou, Damián tem olhado para ela de uma forma tão diferente, que nunca olhou para mim.
E isso? Isso eu não aceito.
Era madrugada, e mais uma vez ele não estava em casa. O relógio ao lado da cama marcava 2h37. Eu o esperei até o silêncio da noite se tornar insuportável. Peguei o telefone e disquei o número de Alain, o homem que resolvia as coisas para mim.
— Alain, preciso que comece a seguir meu marido. — Minha voz era firme, quase sem emoção.
— Algum detalhe específico? — ele perguntou, como sempre direto ao ponto.
— Quero saber onde ele vai, com quem se encontra. E, principalmente, — fiz uma pausa, deixando o veneno escorrer pelas palavras, — qualquer interação com Sophie Duval, a arquiteta chefe da empresa.
— Entendido, senhora.
— E, Alain?
— Sim?
— Se descobrir algo relevante... avise-me imediatamente.
— Sim, senhora.
Desliguei sem me despedir e, em seguida, procurei o contato de Damián no celular. O telefone chamou, uma, duas, três vezes. Nenhuma resposta. Meu maxilar apertou, a irritação queimando em meu peito como uma faísca pronta para virar incêndio.
Tentei novamente. Mais cinco toques e, então, a ligação foi encaminhada para a caixa postal.
Respirei fundo, o silêncio do quarto parecendo ainda mais opressivo. Eu sabia que ele não atenderia. Quando Damián não queria ser encontrado, ele desaparecia como uma sombra. Mas isso não significava que eu aceitaria.
Olhei para o telefone por um instante antes de discar novamente, dessa vez para seu braço direito.
— Marc, onde está Damián? — Perguntei sem rodeios.
— Ele não comentou nada comigo, madame.
Mentirosos. Todos eles.
— Se souber de algo, me avise. — Minha voz cortou como uma lâmina antes de desligar.
Deixei o telefone de lado e caminhei até a janela do quarto. A cidade estava calma, mas meu peito estava em ebulição. O que você está fazendo, Damián? E com quem?
Se fosse ela, a arquiteta, então seria o fim da garota. Eu já havia tirado outras mulheres do caminho antes. Cada uma achava que poderia roubar algo que nunca foi delas. Mas Sophie... Sophie seria diferente. Ela não fazia ideia de onde havia se metido.
E Damián? Ah, meu querido marido. Ele podia pensar que eu era apenas uma esposa conveniente, uma peça decorativa nesse tabuleiro. Mas ele havia se esquecido que eu era uma Moreau. E Moreaus nunca perdem.
Narração: Damián
O silêncio no carro era tão denso que parecia preencher cada espaço, sufocando o ambiente. Sophie mantinha as mãos firmes no volante, o olhar preso à estrada como se dirigir fosse sua única prioridade. Eu a observava de relance, tentando ignorar a dor no ombro que pulsava a cada movimento. Por mais que aquele momento fosse desconfortável, havia algo em tê-la ali, tão perto, que mexia comigo.
Ela finalmente quebrou o silêncio, sua voz afiada como uma lâmina:
— Para onde eu devo levá-lo? Você mal consegue se manter em pé.
Apesar da dor, um sorriso irônico surgiu nos meus lábios.
— Sempre tão mandona, ma fille. — Sua expressão endureceu ainda mais, e por um momento achei que ela fosse parar o carro e me largar na estrada. — Pegue a próxima estrada à direita. Eu vou guiá-la.
Ela bufou, mas obedeceu, mantendo o olhar fixo na estrada. Depois de alguns minutos de tensão, ela falou de novo, desta vez com um tom de sarcasmo.
— Esse lugar para onde estamos indo... sua esposa sabe que ele existe? Ou é mais um dos seus segredos?
Eu ri baixinho, inclinando a cabeça para observá-la melhor.
— Non. Margot não faz ideia. É onde eu vou para fugir de tudo... inclusive dela.
Ela me lançou um olhar rápido, cheio de desprezo.
— Fugir é algo que você parece fazer muito bem.
Eu não respondi de imediato, deixando que o silêncio voltasse. Mas suas palavras ficaram ali, pairando, provocando-me. Por mais que Sophie tentasse se afastar, a intensidade entre nós era inevitável. E pior, ela sabia disso.
Quando chegamos, a casa surgiu na escuridão, isolada, cercada apenas por árvores e silêncio. As luzes fracas da varanda iluminavam pouco, mas era suficiente para notar a simplicidade do lugar. Parei ao lado do carro e abri a porta com esforço, tentando ignorar a dor que disparava pelo meu corpo.
— É aqui — eu disse a ela, minha voz rouca. — Pode ir agora, se quiser. Não há táxis por aqui, mas imagino que você saiba caminhar no escuro, não? A provoquei, fazendo-a entrar.
Ela hesitou, seus olhos avaliando o entorno. Havia um misto de raiva e relutância em sua expressão, e, por fim, ela saiu do carro, cruzando os braços.
— Você acha que vou te deixar aqui, sangrando, no meio do nada? Por mais que eu devesse...
Eu a encarei, um sorriso lento surgindo no canto dos meus lábios.
— Então entre. Prometo que não vou morder, cherie.
Ela revirou os olhos, mas me seguiu para dentro da casa.
O interior era simples, mas funcional. Paredes de madeira escura, poucos móveis, e quase nenhuma decoração. Tudo ali exalava um ar de isolamento, um contraste gritante com minha vida pública. Sophie olhou ao redor, com os braços cruzados.
— Então, é aqui que você se esconde de tudo? Achei que teria mais... luxo.
— Gosto da simplicidade. — Caminhei até o sofá e me sentei com dificuldade, tentando aliviar a dor no ombro. — Você deveria experimentar. Talvez ajudasse a aliviar toda essa tensão.
Ela ignorou minha provocação, olhando para mim com impaciência.
— Você tem alguma comida aqui? Ou vive apenas de arrogância?
Eu ri, recostando-me no sofá.
— Segundo armário à esquerda. Deve haver algo que você consiga preparar.
Alguns minutos depois, ela voltou com um prato simples, mas quente, e colocou-o na mesa.
— Coma. E depois, eu vou embora.
Peguei o garfo, mas não tirei os olhos dela.
— Você diz isso, mas ainda está aqui, cuidando de mim. Por quê?
Ela cruzou os braços, desviando o olhar.
— Porque não consigo ignorar alguém ferido, mesmo que seja você.
— Sempre tão altruísta, má fille. Mas acho que é mais do que isso.
— Não comece, Damián.
Ela deu um passo para trás, mas eu me levantei, ignorando a dor no ombro.
— Você pode mentir para si mesma, mas não para mim. Há algo entre nós, Sophie. Sempre houve.
Ela recuou ainda mais, os olhos brilhando com algo entre raiva e dor.
— Não, Damián. Isso foi um erro. Cinco anos atrás, foi um erro. E eu não vou repeti-lo.
— Erro? — Dei mais um passo à frente, minha voz baixa e intensa. — É assim que você chama o único momento real que já tivemos? Porque para mim, aquilo foi tudo, menos um erro.
Antes que pudesse pensar, puxei-a para mais perto. Por um instante, ela resistiu, mas depois cedeu, e a distância entre nós evaporou. Eu olhei a boca dela me atraindo e não consegui controlar, inclinei-me e logo meus lábios encontraram os dela, esmagando sua resistência. O beijo foi intenso, uma mistura de desejo, frustração e tudo o que havíamos enterrado por anos.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Cleidilene Silva
Eu não cretico, atitude da mulher dele ,pois mesmo senso um casamento de fachada ela é a esposa dele! já vimos vários casamento de fachada dando certo! deixando bem claro não concordo com agressões. ele sabe muito bem com quem ele é casado está envolvendo essa idiota da Sofia, mulher burra, sabe o que ele fez com ela!
2024-12-06
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Sheyla Regina America
aiai um chefão e vai ser seguido e outra como o empregado não contou do atentado do tiro aiaiai e ela Sophie errou agora foi humilhada chamada de vadia por ele dar golpe da barriga e agora amoleceu e ele e CASADO não interessa ela não sabe da vida dos dois e está sendo uma vadia mesmo ele tinha razão ela não pensou nisso e outra ela poderia ter tido outros namorados depois dele e o filho e de um deles simples
2024-12-30
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Eliene Lopes
eu também não crítico a esposa dele não se derrepente ela desse uma bela surra em sophie isso é o mínimo porq margho nao é de bincadrira é morte,afinal de contas sophie sabe que ele é casado e cai nas tentações dele então a safada é ela se esse casamento é por conveniência,pelo que for mas é casado e essa idiota se pondo em perigo e mais o filho e a tia tambem
2025-01-10
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